Atillla
V

| Fevereiro 9, 2015 9:19 pm



V// Bisnaga Records // Fevereiro de 2015

9.1/10


Quando Atillla disponibilizou “Homem” como o primeiro avanço do álbum de estreia – quinto na sua discografia – Portugal preparava-se para assistir a um dos artistas a marcar o meio da década de 10 na componente dark da música electrónica. Um single colaborativo com António Costa dos Ermo que, acima de uma lírica que retrata a mente de cada vez mais jovens portugueses, traz uma das melhores colaborações a que a imprensa nacional precisava de assistir. A abertura estava feita e não havia muitos panos para a poder esconder: Atillla é definitivamente um jovem promissor no futuro da música electrónica. 


Depois da passagem pela primeira edição do Cosmic Mess, a fechar a noite em grande e onde foi já possível ouvir “Carne” e “Acreção”, os dois primeiros singles de V, Miguel Béco de Almeida abria ali o início de uma espera muito aguardada pelo sucessor dos seus primeiros quatro trabalhos. A “Alma” do produtor transpirava a solidão, aquele isolamento a que se submetia constantemente a fim de repensar em todo o simbolismo por trás da vida. Essa alma é aqui reflectida, musicalmente, na quarta canção do álbum até que, quando tenta recordar as memórias mais profundas do ser, é apanhada pelas confusões dos problemas mal respondidos nos anteriores singles. Estamos no minuto cinco, e as soluções estão erradas. Afinal qual é o verdadeiro sentido de estar aqui? Talvez os nossos pais nos saibam responder a isso. Talvez a figura materna seja mais existencialista a fim de a confrontar com as questões de existir. Talvez em todo o “Homem” se encontre essa resposta.


A “Disseminação”, anteriormente sofrida, mostra agora afinal que, uma viagem nas memórias dos nossos episódios passados, em pleno estado de solidão e auto-consciência, nos conduz a pensamentos obscuros cuja solução é dificilmente encontrada. É por isso que a maioria dos seres humanos se limita a seguir o círculo da vida, onde estes pensamentos são fugazes. É isso que torna V não só um dos melhores álbuns de 2015, mas um dos álbuns da década de 10. V é essa resposta pela qual todos temos vindo a procurar nos últimos anos e que nunca ninguém achou. Atillla descreve a sua descoberta tão bem em “Ritos Fúnebres”, o seu desenvolvimento em “Marcha da Cinza” e a conclusão de todo o processo em “Colapso”. O sétimo chakra está activado.

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