Cinco Discos, Cinco Críticas #2

| Março 1, 2015 11:06 pm

The Air-Conditioned Nightmare // Sub Pop // Abril de 2015

2.0/10


The Air-Conditioned Nightmare surge como segundo trabalho de estúdio na discografia de Airick Woodhead, aka Doldrums, e mostra a quebra de um produtor que poderia ser bem sucedido se não quisesse de tal forma ceder à cultura da massas. O sucessor do razoável Lesser Evil é apresentado através de um single promissor “Hotfoot”, que mostra que é previsível esperar-se um álbum bom na carreira de Woodhead. Uma batida interessante, comutada a um inteligente uso de sintetizadores era a base de um single promissor. O leitor que se engane. As influências de Animal Collective foram abandonadas e The Air-Conditioned Nightmare resume um álbum amador, onde o compositor quer ser omnipresente na sonoridade. Não ouvia. 

Sónia Felizardo


Summer Nights // Zigur Artists // Janeiro de 2015
8.5/10

Summer Nights é o novo trabalho de
Twisted Freak , projecto de José Silva,
que no ano passado editou um dos melhores registados nacionais para a nossa
redação. Mais uma vez são notórias as parecenças com Oneohtrix Point Never, o
que não representa algo de necessariamente mau. Pelo contrário, é de louvar que
no nosso país haja produtores no campo da electrónica mais virada para o drone,
electrónica progreissva e vaporwave. Os destaques deste novo EP vão para “Summer Nights”, uma boa malha de drone
que finaliza com uma batida mais virada para o jazz devido à presença do
saxofone e para “U Have Stolen My Mind Completely”, que traz à baila
influências da Brainfeeder, editora criada por Flying Lotus. A faixa com quase 8
minutos “Fly Fly” é o ponto forte do EP, com a percussão mais uma vez um bom
plano. Em suma, nota-se um amadurecimento nos arranjos musicais patentes neste
novo trabalho de Twisted Freak e esperam-se mais novidades ainda este ano.
Rui Gameiro

In Black & Gold // Rocket Recordings // Fevereiro de 2015
7.7/10

Os londrinos Hey Colossus marcam o seu regresso às edições com o longa-duração In Black & Gold (Qual é a cor do vestido mesmo?) . Ainda este ano o colectivo visita o nosso país, por ocasião do Milhões de Festa, marcando a sua estreia por terras nacionais. Esta banda tem uma sonoridade de caracterização difícil — dada a sua versatilidade e complexidade — e são, obviamente, indivíduos que se aborrecem muito facilmente — mais de 8 álbuns editados em menos de 11 anos de carreira, sem contar com splits e EPs. Apesar da sua difícil caracterização, os Hey Colossus são um colectivo dedicado primariamente ao rock. Parece simplista esta característica, mas a verdade é que, a cada faixa deste In Black & Gold, os Hey Colossus exploram uma maneira diferente de interpretar o género. Desde a dream pop de “Hold On”, o industrial de “Lagos Atom” o stoner em “Hey, Dead Eyes, Up!” e o doom presente no brilhante final de “In Black & Gold” com a faixa “Sinking, Feeling” (a minha predilecta). Continua a haver uma recorrência mais ou menos regular do colectivo às suas ferramentas de noise rock — mais patente em trabalhos anteriores — mas a verdade é que este é um álbum dedicado à experimentação sonora e, acima de tudo, à escrita de boas canções. Se antes não prestavam muita atenção aos Hey Colossus, está aqui um bom ponto de partida. E aproveitem e vão vê-los ao Milhões.

Edu Silva

Super Fat Bitch //Janeiro de 2015 
6.4/10


Os The Ramble Riders são um quinteto do Porto que se auto-intitula de “A bluesy-kick-ass-funky-rock-bastards band”. No final de Janeiro editaram o seu novo longa-duração Super Fat Bitch. Trata-se de um álbum que assenta sobretudo no blues e no hard rock, sendo notórias as influências de Wolfmother e claro, Led Zeppelin. Após ouvir as 9 canções, fica-se com a sensação que nada de novo nasce neste novo trabalho. É difícil fugir às influências e trazer algo de original para este género, contudo representa um bom esforço da banda, mantendo a coerência ao longo do álbum. O grande destaque de Super Fat Bitch vai para “Feel Alive” e para a faixa título.

Rui Gameiro


Shadow Of The Sun // Sacred Bones // Março de 2015

8.0/10 

Três anos depois de lançarem Circles, os Moon Duo voltaram finalmente com Shadow Of The Sun. Neste trabalho, o duo californiano continuou no seu registo habitual: linhas de baixo repetitivas, guitarras cheias de fuzz e reverb e sintetizadores a acompanhar. Apesar de não mostrarem nada de novo neste álbum, os fãs da banda de certeza que não vão ficar desiludidos. O álbum é bastante coeso e não tem nenhum tema propriamente mau, bem pelo contrário. O single “Animal”, “Free The Skull” e “Zero”, por exemplo, são das melhores músicas lançadas este ano.
Helder Lemos
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