Nadine Shah
Fast Food

| Abril 15, 2015 8:01 pm
Fast Food // Apollo / R&S Records // Abril de 2015
6.9/10

A britânica Nadine Shah já tem na sua discografia dois EP’s: Aching Bones (2012) e Dreary Town (2013), e dois álbuns: Love Your Dum and Mad (2013) e Fast Food, editado no passado dia 6 de Abril. Aqui, a voz de Nadine é um dos elementos chave, o seu toque de soul com características vocais semelhantes a PJ Harvey é explorado de forma extremamente artística. Acima de um álbum estético, Fast Food é um álbum bastante pessoal e que deve ser obrigatoriamente ouvido pelo facto de se apresentar adptável a uma escala de público bastante abrangente. Mantendo o seu registo folk, neste novo disco, Nadine Shah mostra um processo de produção extremamente bem conseguido, com assinatura de Ben Hillier, num álbum que se apresenta, de forma sintética, muito coeso e profissional. Sobre o nome deste novo trabalho, Fast Food advém do facto das dez canções deste, terem sido feitas num intervalo de tempo intenso, mas estabelecido. 

“Fast Food”, single homónimo de abertura, traz uma guitarra tão típica, num riff minimalista, uma boa abertura para quem estiver a contactar pela primeira vez com o trabalho de Nadine Shah. Aliás este segundo trabalho de estúdio mostra que, mais que um álbum bem conseguido e abrangente, Fast Food é uma obra contemporânea e acessível, resultado de uma artista que além de si, pretende igualmente contemplar o público. Sobre as letras deste novo trabalho, Shah avançou (in Clash Magazine): 

“My favourite love stories are the unconventional ones. The ones that aren’t like rom-coms because those aren’t the real stories, that’s not how it actually happens. For years I had this romanticised ideal of what love would be. I thought it would be perfect and that I would always be someone’s first love but as you get older, people have been in love before. That’s a large part of what Fast Food is about, the sudden realisation that you’re never going to be anybody’s first love ever again.”
“Stealing Cars” foi assim o ponto de partida da britânica na apresentação deste novo trabalho, e é certamente o single que nos últimos meses tem despertado algumas críticas positivas por entre o público português mais jovem. A guitarra base desta faixa traz similaridades a trabalhos de Laura Gibson e uma voz, muito típica, e potencialmente inspiradora.


Este segundo disco é, no entanto, um álbum que não provoca uma curiosidade expandida, nas suas audições em loop. Há singles muito belos, mas de uma beleza que tem o carácter de ser apreciada uma só vez  e num momento específico. “Nothing Else To Do” e “Divided” são dois bons exemplos. Apesar de bem produzidas, trazem uma atmosfera intrínseca que não está predisposta a ser ouvida em qualquer ocasião. No entanto há igualmente singles que merecem ser repetidos pelo excelente trabalho na guitarra, “Fool” é um excelente exemplo. Em “The Gin One”, por volta do primeiro minuto e vinte segundos, ouve-se um riff de guitarra a soar a Unknown Mortal Orchesta, um toque único e unicamente presente aqui. Em “Matador” a magia também se encontra no pormenor do xilofone, no entanto, são elementos inseridos de forma intensa mas extremamente curta sob uma voz massiva, e isso de certo ponto não funciona bem. Aliás um dos pontos em destaque do presente disco é a guitarra, e o resultado de um uso inteligente.


Fast Food é no geral um álbum ideal para se ouvir aquando de um final de dia de trabalho intenso, servido de chá quente. Apesar de cair bem, são possíveis as indigestões por aqueles que se perdem de amores pela guitarra inteligente de muitos singles, o problema é que a sobremesa nem sempre é boa e, apesar deste segundo trabalho de estúdio de Nadine Shah ser um álbum bem conseguido, acaba por se perder por entre outros tantos que vão saindo ao longo do ano. É guardar na playlist para épocas especiais.



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