Unknown Mortal Orchestra
Multi

| Maio 20, 2015 1:29 pm
Multi-Love // Jagjaguwar // Maio de 2015
2.2/10
 
Não são precisas muitas palavras para descrever Multi-Love, o terceiro álbum de longa duração dos Unknown Mortal Orchestra. Depois de um segundo álbum, II, a garantir-lhes um nome na cena musical, e ainda a mencionar, a produção do primeiro álbum dos Wampire pelo baixista Jacob Portrait – que em 2013 ainda teve algum impacto na imprensa – era esperado que ao terceiro álbum, a banda dividida entre a Nova Zelândia e a América, voltasse a apostar na guitarra característica das grandes malhas como “No Need For A Leader” e “Swim and Sleep (Like A Shark)”. 
 
Mentira. 
 
Ao que parece os efeitos pirosos da electrónica, a níveis vocais, e com uma aura pop intragável, conseguiram subir à cabeça dos Unknown Mortal Orchestra, o que se reflecte neste terceiro longa duração.  
 
Em Fevereiro, quando os Unknown Mortal Orchestra tornaram oficial o lançamento de Multi-Love, através do single homónimo, já se adivinhava um futuro pouco promissor. Notavam-se influências dos Hot Chip com uns “rodriguinhos” que se ouvem quando se passa nas montras da Bershka e afins, e o single tornava-se cada vez mais insuportável ao passar do tempo. O melhor era ignorar tudo e ouvir posteriormente o álbum na íntegra. O álbum saiu, e o resultado seria mais que previsível: Multi-Shit


Não querendo, no entanto, induzir no ouvinte uma opinião errada, é importante que se passe à exploração mais detalhada deste terceiro trabalho de estúdio, tendo como já adquirida a habitual sonoridade dos Unknown Mortal Orchestra. “Like Acid Rain” à semelhança do já comentado “Multi-Love” vem trazer uma sonoridade electro-pop que, como single, poderá eventualmente funcionar como um hit de verão, mas, no entanto é mais uma peça de lixo musical produzido. Se em II, os UMO apostavam numa sonoridade mais psicadélica, típica nos inícios dos anos 10 do presente século, em Multi-Love apostam em baterias digitais, modificações vocais que se aproximam ao mais mau que a pop pode ter, e produzem-nos com samples que conferem aos tracks uma certa impossibilidade de prolongar a sua audição. 


Em “Can’t Keep Checking My Phone”, curiosamente, começa-se a ouvir qualquer coisa. Na referida track há uma aposta numa introdução bastante semelhante aos trabalhos de Django Django, no entanto, ao longo dos segundos volta-se ao que os anteriores três singles haviam mostrado. “Extreme Wealth And Casual Cruelty” é dos poucos singles minimamente aproveitáveis deste novo trabalho do trio, e possivelmente o único single que é possível de ouvir nas primeiras audições do início até ao fim. O saxofone, que funciona aqui, como um elemento novo na sonoridade dos Unknow Mortal Orchestra, acaba por resultar bem. No entanto, para já, e possuindo uma curta discografia, é uma aposta demasiado arriscada, e, inserida neste mau álbum, não resulta consequentemente como algo positivo. “The World Is Crowded”, “Stage Or Screen” e “Necessary Evil” são alguns bons exemplos do quão mau uma banda deve estar para editar um disco assim. 


Em nove singles não há um que se consiga sequer apontar como muito bom, todos parecem apresentar erros, essencialmente a níveis de coerência sonora. Há muita produção, mas pouca entrega como artistas. Quanto à inovação, é visível um lado mais clássico, mas a voz de Ruban Nielson torna-se demasiado garrida e pouco harmónica. Multi-Love é, em suma, um álbum completamente dispensável de ouvir. Se ainda não o fizeram, não o façam.



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