Beach House
Depression Cherry

| Agosto 25, 2015 3:46 pm

Depression Cherry // Sub-Pop // agosto de 2015
8.0/10

Três anos depois de Bloom, os “americanos” Beach House regressam aos trabalhos de estúdio com Depression Cherry, álbum bastante aguardado após o primeiro avanço com o single “Sparks”, e essencialmente por suceder um promissor e excelente quarto álbum de estúdio, tecido de uma dream pop incomparável e melódica. No entanto, Depression Cherry não funciona como uma evolução propriamente previsível de Bloom e assimila em si, na sua maioria, influências dos primeiros registos que deram a conhecer ao mundo a música dos Beach House. Gravado entre novembro de 2014 e janeiro do presente ano, Depression Cherry é o álbum que chegou mais tarde, após pausas consecutivas de dois anos entre lançamentos, no entanto, o seu aspeto estético vem ao encontro do apresentado em 2010 com Teen Dream, e igualmente no formato simplista do seu antecessor fugindo às capas mais ostentosas dos dois primeiros discos. Curiosamente, é dos cinco, o único a receber um nome menos feliz. A música? Essa continua melancólica, profunda, com texturas sónicas e o seu toque shoegazy.


Anunciado em maio, a francesa Victoria Legrand e o norte-americano Alex Scally, afirmaram que pretendiam um “regresso à simplicidade” dos primeiros discos. A verdade é que Depression Cherry, embora imprevisível, acabaria por ser expectável, e aproximadamente onze anos depois da sua formação, os Beach House lançam mais um álbum preparado para figurar os tops dos melhores do ano. Os ritmos lentos característicos continuam presentes e a dupla apresenta em “Space Song”, a terceira música de nove, um dos momentos mais marcantes de todo o álbum. A bateria é desvanecida e os sintetizadores voltam a receber o protagonismo na marcação do ritmo. Há músicas que foram escritas para um amor de verão, no entanto os Beach House, compuseram “Space Song” com mais do que um fim. Talvez por isso “Beyond Love” seja o single que o sucede. Depression Cherry é, em suma, um álbum de inverno lançado no verão. A nostalgia é-lhe intrínseca, e pelo período em que foi gravado, nota-se que a chuva de dezembro teve um impacto peculiar. Afinal, quando as desilusões amorosas tocam, as lágrimas raramente se contêm. Não ficam sempre, mas vêm de quando em quando. Os sintetizadores dos Beach House também apresentam melodias que variam, mas que no entanto se repetem no desenrolar das canções.


 A percussão volta a ser fundamental, em contrapartida, na abertura e desenvolvimento de “10:37”, no entanto, esta é maioritariamente imutável, no ritmo, e mais uma vez os holofotes voltam-se para o teclado, que desta vez ganha a afinação de órgão. Há pouco a acrescentar e os Beach House de Bloom só se tornam mais relevantes em “PPP”. A beleza é isto, o que se ouve aos três minutos e trinta e oito segundos de avanço do referido single, há pura magia. Afinal, o contexto comercial não afetou em nada o trabalho da dupla e Depression Cherry, às constantes reproduções, faz a banda afirmar-se como uma das mais fiéis à sua sonoridade, e acima de tudo aos fãs, os verdadeiros. E os aspetos positivos não se ficam só por aqui, as composições deste quinto trabalho de estúdio mostram-se mais elaboradas e de uma maior duração que as dos seus antecessores, e há a impossibilidade de apontar uma música que seja desadequada ou fora do contexto, fazendo de Depression Cherry um álbum de uma canção só. E nenhum final poderia resultar tão bem como a solução “Days Of Candy”; a lágrima ao cantinho do olho está a formar-se e esta é emotiva. Belo.

FacebookTwitter