Bruno Pernadas em entrevista: “O novo álbum deve sair no final de 2016”

Bruno Pernadas em entrevista: “O novo álbum deve sair no final de 2016”

| Setembro 16, 2015 10:20 pm

Bruno Pernadas em entrevista: “O novo álbum deve sair no final de 2016”

| Setembro 16, 2015 10:20 pm

Durante a nossa passagem pela edição de 2015 do festival Bons Sons, tivemos a sorte de poder estar à conversa com o responsável pelo melhor álbum nacional de 2014 para a Threshold Magazine. Estamos pois a falar de Bruno Pernadas e da sua obra How Can We Be Joyful In a World Full of Knowledge?. 

Threshold Magazine (TM) – O que é que
achas do Bons Sons?

Bruno Pernadas (BP) – Eu já toquei
cá em 2006 com outro grupo e o festival cresceu imenso. Acho que é um
festival importante porque só programa grupos portugueses, que eu conheça.

TM – Como foi para
ti o concerto de hoje?

BP – Acho que
correu bem. Havia pessoas que conheciam a música, havia outras pessoas que não
conheciam e ficaram curiosas a assistir ao concerto até ao fim.

TM – Então achaste
que teve um grande impacto no público?

BP – Um grande
impacto não sei, mas não se foram embora (risos).

TM – Já agora
tens o Indie Music Fest, festival de música portuguesa no Porto. E eles estão a pensar levar-te lá para o próximo ano!

BP – Está bem.

TM – Que concertos
é que tens curiosidade em ver aqui no Bons Sons?

BP – Queria ter
visto os meus colegas, o Luis Nunes com o seu projecto Benjamin, a Francisca com a banda dela,
os Minta and the Brook Trout. Adorava ter visto o Camané, os Clã e agora quero
ir ver a Ana Moura.

TM – Agora falando
do álbum que editaste no ano passado How Can We Be Joyful in a World Full of Knowledge, o que é que te influenciou na sua criação?

BP – Toda a música
que eu ouço desde criança. Não tenho nenhuma referência específica que tivesse
tido base como inspiração. No fundo é toda a música que eu ouço, que é muito
variada. Ouvi sempre muita música antiga, anos 60, 70 e 80. Quando era criança
ouvia muita música dessa época por causa da minha irmã mais velha, e eu ouvia
as músicas que ela ouvia, no fundo. Eram grupos como Genesis, David Bowie, Tina
Turner
, Creedence Clearwater Revival, Queen, Wham, Gal Costa, Rita Lee,
Marillion. Na adolescência comecei a ouvir jazz, música dos anos 90 da minha
altura e música clássica. É um bocadinho de todas as coisas que depois vêm à
tona.

TM – Alguma banda
mais recente?

BP – Como
referência não.

TM -Qual foi a
maior dificuldade que tiveste na criação do álbum?

BP– Foi a
organização do estúdio das sessões de gravação. Por exemplo houve uma altura em
que eu fiquei 3 meses sem gravar porque o estúdio estava inacessível, o que
quebrou um bocado o processo. O disco foi gravado pelo Tiago Sousa, que esteve
aqui hoje a fazer o som, pelo Afonso Cabral dos You Can’t Win Charlie Brown e
também pelo João Paulo Feliciano, o responsável da editora Pataca Discos. O
disco foi quase todo gravado em 2012 e as últimas gravações acabaram em Março
de 2013, ou seja, um ano depois. Para mim é um disco antigo, que foi gravado em
2012.

TM – Com tanto
tempo de diferença entre o álbum e a sua publicação, já tens alguma coisa
preparada para o futuro?

BP – Sim, o novo
álbum deve sair no final de 2016. E vai começar a ser gravado segunda-feira (17
de Agosto).

TM – Como é que
caracterizas a tua sonoridade? Nós achamos que se trata algo de inédito e
refrescante na nossa música, pois junta vários géneros e influências.

BP – Eu não
consigo dar um estilo, é um bocado difícil. Tem a ver com aquelas músicas todas
que eu ouvi e com o processo de composição. No fundo, funde-se com a
improvisação e criação em tempo real. O que a música pede é aquilo que eu vou
atrás. Ou seja, para quem está a ouvir é tão surpreendente para como para mim,
porque não sei o que vai acontecer a seguir.

TM – A reacção
extremamente positiva e até aclamação por parte da crítica surpreendeu-te ou
era exactamente o que esperavas? Por exemplo até foi considerado por nós como o
melhor álbum nacional do ano passado.

BP – Não tinha
expectativas criadas em relação à reacção do público, sinceramente. Mas depois à
medida que as pessoas foram ouvindo o disco, fui percebendo que haviam muitas
pessoas a gostar da música e a ficarem surpresas com o resultado final.

TM -Tu já participaste em muitos projectos como os When We Left Paris, Julie
& The Carkjackers, Real Combo Lisbonense, Suzie’s Velvet, Walter Benjamin,
entre outros. O que te levou a querer trabalhar a solo?

BP – Eu sempre
fiz músicas originais, a única diferença agora foi que eu decidi editar um
conjunto de músicas que estavam guardadas. A maior parte eram músicas recentes,
tirando a “L.A.” que escrevi em 2008. Além disso em 2008 gravei também um disco
de originais de jazz, só que depois não editei por razões estilísticas. Eu vou
usar algumas destas músicas no próximo disco em nome próprio.

TM – Achas que a
abertura do NOS Primavera Sound deste ano foi como um prémio pelo excelente
trabalho que tens feito até agora?

BP – Não sei se o
concerto do Primavera teve assim grande impacto, sinceramente, porque foi a
primeira banda do festival, foi às 5 da tarde, a entrada atrasou-se e as
pessoas chegaram tarde. Eu acho que foi bom para mostrar a música às pessoas
que não conheciam, mas se tivéssemos tocado à noite teria tido um maior
impacto.


TM – Sim, mas a
abertura do festival também tem algum impacto, é como se fosse uma introdução
ao que se vai passar.


BP – Eu achei que
estava pouca gente mas o som estava muito bom no palco. Estávamos a tocar com
side fills e o som estava muito bem equalizado. A equipa de Barcelona é muito
profissional e é muito bom estar assim a tocar com essa segurança em palco.


TM – Sentiste
isso de certa forma como um prémio ou um concerto normalíssimo?


BP – Senti como
uma sessão de acontecimentos. Eu já sabia que o programador do Primavera Sound
gostava do disco e que gostava de nos programar no festival. Eu já tinha tocado
no festival com Julie & the Carjackers, sabia que ele gostava muito da
música. Eu já sabia que o concerto ia acontecer muito tempo antes de ser
divulgado publicamente.


TM – Já nos
adiantaste que vais começar a gravar o novo álbum na próxima segunda-feira, mas
há algo mais que nos possas adiantar em primeira mão para os fãs?


BP – A primeira parte
será mais acústica, orgânica, relacionada com a música jazz e improvisação.
A segunda parte vai ser uma espécie de continuidade da sonoridade e do ambiente
do How Can We Be Joyful in a World Full of Knowledge?.


TM – O que tens
ouvido nas últimas semanas?


BP – Na última semana
estive a ouvir vários discos do Frank Zappa, a ouvir em loop o “King Kunta” do
Kendrick Lamar, David Gimour, discos dos Cake, Smoking Popes, uma banda
norte-americana do tempo dos skates, o disco ao vivo no S. Luís do Camané,
“Jewels of the Sea” dos Les Baxter e o “Windows” do Lee Konitz.


TM – Qual é o
festival que mais gostavas de tocar em Portugal?


O Primavera Sound
é para mim dos festivais que têm as melhores programações.


TM – Foi o melhor
concerto que já deste?


Não sei, penso
que estejam todos ao mesmo nível. Sei que gostava de tocar no OutFest no
Barreiro, no festival de Barcelos, gostava de tocar em certos sítios que ainda
não toquei com este projecto mas que já toquei com outros. Um deles é o Theatro
Circo com acústica fantástica, onde eu vou tocar dia 18 de Setembro, no
Festival para Gente Sentada. Gostava de tocar no Teatro Lethes, em Faro, que
também tem uma acústica fantástica e na Casa da Música. Nestes sítios em já
toquei, mas não com este projecto. Festivais, talvez o Jazz em Agosto.

TM – É tudo,
muito obrigado!
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