Entrevista: Peixe:Avião

Entrevista: Peixe:Avião

| Outubro 5, 2015 8:01 pm

Entrevista: Peixe:Avião

| Outubro 5, 2015 8:01 pm



Durante o Bons Sons tivemos a oportunidade de conversar com José Figueiredo, baixista, e Luís Fernandes, guitarrista, dos Peixe:Avião que, neste momento, estão a preparar o seu quarto álbum de estúdio.

Threshold Magazine (TM) – O que é que acham do Bons Sons?


José Figueiredo (JF) – Eu estive cá o ano passado mas como público. Acho que é evidente que é uma ideia interessante e diferente. É um festival numa aldeia portanto torna logo o cenário diferente, tudo é diferente: interações com o espaço, com as outras pessoas…de uma maneira geral acho espectacular. Mesmo o tipo de música que se ouve cá, ouve-se muita música diferente sem ser um festival de música alternativa ou de música étnica, por exemplo.

TM – Que bandas já viram ou vão ver?

Luís Fernandes (LF) – Ainda não vimos nada porque chegamos há dez minutos (risos). Mas aquilo que gostávamos de ver: hoje, os nossos amigos Long Way To Alaska que já são companheiros de longa data, o Tó Trips, o cartaz é bastante apelativo, o próprio Camané, Eduardo Raon. Eu gostava, pessoalmente, de ter visto o Bruno Pernadas.

TM – Aqui vai uma pergunta cliché: Qual é a origem do vosso nome?

LF – Acho que não tem nenhuma explicação lógica. Na altura em que andávamos à procura de um nome surgiram várias hipóteses, nenhuma das quais nos agradava e já havia uma letra feita para um tema que tinha esse “peixe:avião” lá para o meio e achamos que era estranho o suficiente para causar alguma estranheza.

JF – Esta pergunta é o vocalista que responde, ele dá exactamente a mesma resposta mas de uma maneira mais interessante.

TM – O que se pode esperar do vosso concerto? Vão mostrar alguns temas do próximo álbum?

JF – Vamos. Vamos mostrar alguns temas do próximo álbum mas o concerto será essencialmente temas do álbum homónimo. 

TM – Neste quarto álbum de estúdio, vão continuar a apostar numa vertente mais experimental e electrónica, semelhante àquela que nos mostraram no vosso terceiro álbum homónimo em 2013? O vosso single “Quebra” parece apontar nesse sentido.
JF – Sim, este ultimo álbum, o homónimo, já foi uma quebra (risos)…já tinha sido um pouco um corte em relação aos nossos trabalhos anteriores por isso acho que este será mais uma continuação.

LF – Em todo o caso acho que chamar “electrónica e experimental” é um bocado abusador, não é experimental nem nada que se pareça, pode é ser um pouco mais arriscado dentro da música pop também pela forma e instrumentação um pouco, também tem muita electrónica, é verdade. Mas procuramos essa estranheza, de facto. 

TM – Podem adiantar-nos detalhes sobre o proximo album?

LF – Neste momento não há muito a dizer sobre o álbum. É certo que não irá sair este ano, ainda não gravamos na totalidade, gravamos parte dele da qual tiramos um single. Como iríamos ter vários concertos este verão queríamos assinalar o regresso ao estúdio. E agora estamos a finalizar o que falta para o disco que vai ser gravado este ano e que sairá no próximo ano.

TM – O que vos inspira para a criação das músicas?


JF – Eu acho que é mais ou menos como as outras pessoas, são coisas da tua vida, coisas da vida de pessoas que conheces, coisas do mundo. Nada de mais.


LF – A forma de compor tem mudado ao longo do tempo, principalmente no ultimo disco, de facto, houve um corte com os anteriores em que compúnhamos não em banda mas a partir de trechos de música, já feitos, que montávamos em estúdio. Basicamente gravávamos antes de tocar as músicas em banda. Agora não, agora compomos os cinco na sala de ensaio. 

TM – Com estes trabalhos mais recentes acham que chegaram à sonoridade que sempre pretenderam?


JF – O objectivo e o prazer da coisa é sempre experimentar coisas novas é claro que quanto mais tempo passa mais apurada será a nossa sonoridade, desejavelmente, pelo menos, senão é porque estamos a fazer alguma coisa mal. Mas não, não estávamos à procura desta sonoridade quando começamos, cada álbum que vai passando procuramos uma nova sonoridade. Há alturas de maior corte, como houve entre o homónimo e os anteriores, mas não faz sentido pensar que um dia vamos fazer um álbum e dizer “é este”. Aí acabaria a banda

TM – Quais são vossas influências?


JF – Como banda acho que não, cada um de nós tem influencias diferentes


LF – Ter um modelo a seguir nunca tivemos mas nós todos consumimos muita música e isso influencia-nos, naturalmente. Ninguém está isento de influências. Talvez será por isso que a nossa música vai mudando, vamos ouvindo coisas diferente. Mas nunca tivemos uma banda que disséssemos “esta banda é a nossa banda favorita e vamos fazer como eles”, isso nem é um bom caminho.

TM – Daqui a uns dias vão abrir o palco princiapl de Paredes de Coura para nomes como Legendary Tigerman, Father John Misty e Tame Impala. Estão nervosos com a responsabilidade?


JF – É um privilégio mas acho que não estamos nervosos, pois não? (risos)


LF – A primeira vez que fui a Paredes de Coura foi em ’99 e na altura nem tocava, se calhar, e sempre pensei que gostava de tocar naquele palco, era um sonho de adolescente mas também nunca me preocupei muito com isso, na verdade, e vai ser espectacular mas nenhum de nós está nervoso.


TM – Gostavam de fazer uma tour europeia para promover o próximo album?

JF – Teoricamente acho que sim mas essa questão nem se põe. Mas escrito no papel ou em palavras soa bem.


LF – Se fosse curtinha.


TM – Onde é que o público é mais forte em Portugal? 


JF – Não faço ideia. Tem mais a ver com o contexto de cada concerto.


LF – Isso não é uma coisa muito fácil de responder


TM – Onde gostavam mais de tocar?


JF – Em Portugal não sei mas o Olympia de Paris…(risos)


LF – Não sei, em Portugal já tocamos em vários sítios.


JF – Hoje é Bons Sons, quinta-feira é Paredes de Coura.


TM – O que têm ouvido nas ultimas semanas?


JF – Tenho ouvido muito Beach Boys mas isso não é novidade. Não tenho ouvido assim nada de especial. Mas o Luís aposto que sim.


LF – Tenho ouvido o disco de uma norte americana chamada Jessica Pratt, o disco é muito bom. O novo dos Wilco também é um disco fixe assim no contexto “indie” salvo melhor designação. Tenho ouvido bastante Jim O’Rourke.


TM – É tudo, muito obrigado!

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