Death Index
Death Index

| Março 16, 2016 6:13 pm
Death Index // Deathwish Inc // fevereiro de 2016
8.5/10

Os Death Index formaram-se o ano passado quando Carson Cox – o vocalista dos Merchandise se juntou a Marco Rapisarda, ex-baterista dos Crocodiles e o responsável pelas editoras Hell, Yes! e No Good (editoras de bandas Fresh & Onlys, Hurula, Dum Dum Girls, Love Inks, entre outras). Portanto da conjugação de dois nomes importantes e ativos na cena musical só poderia surgir boa coisa e os Death Index são uma das grandes surpresas de 2016, tudo devido ao disco de estreia homónimo. A base é o art punk e, através de guitarras noisy eletrizantes e uma percussão intensa, o duo traz à tona um álbum curtinho mas carregado de músicas enormes.

Death Index foi concebido e gravado entre Berlim, Tampa Bay e Itália (daí os títulos das canções serem escritos em línguas diferentes) e apresenta um álbum onde o tema principal incide sobre a morte – morte social, computacional e a violência animal. A cover-art é tremenda e diz muito sobre o álbum, especialmente por se apresentar a preto e branco. Passando à música, Death Index mostra dois músicos com influências musicais baseadas entre o experimentalismo dos Suicide e a fase post-hardcore dos Iceage, tendo como ponto forte a voz de Carson Cox, já bastante marcante e excelentemente bem inserida na sonoridade. Como primeiros avanços ficam marcados os singles “Dream Machine” – fuzz acelerado de dois minutos -, “Little ‘N’ Pretty” – música punk abrasiva – e mais recentemente “Fup”, que se enquadra nos argumentos anteriormente expressos.


“Fast Money Kill” é o single de abertura de Death Index e apesar dos seus curtos cinquenta e quatro segundos de duração, trata-se de uma introdução estrategicamente bem conseguida na medida em que prende logo o ouvinte (num nicho específico do mercado musical) e o impulsiona a continuar a explorar o restante disco. As músicas têm todas uma identidade peculiar e torna-se interessante e motivador  tentar desvendar cada característica ao longo das constantes reproduções. Sobre o facto de ser um disco que explora o conceito da morte, é importante referir a música “JFK”, uma alusão ou não a John F. Kennedy, poderia retratar facilmente o cenário de um holocausto nuclear. 


“Patto Con Dio” encerra o álbum e trata-se da música com maior duração, a mais experimental e a única que apresenta duas fases neste primeiro disco. Falando em músicas com desenvolvimentos interessantes, “Lost Bodies” é a única música que sai dentro das linhas de ritmo que os Death Index já nos estavam a habituar. Há linhas de sintetizadores simples e, com mais uns minutos de avanço, a voz secundária, juntamente à voz principal, faz relembrar Bahaus, em “Bela Lugosi’s Dead”. Portanto o que é diferente aqui não é mau e “Lost Bodies” é um single que musicalmente se enquadra no cenário que o seu título descreve.


Em suma, temos aqui um dos álbuns a ingressar a lista dos melhores de 2016. Há fluidez musical, uma banda pronta a arrasar palcos ao vivo e o resultado é um disco que se quer ouvir. Apesar dos seus vinte e quatro minutos de duração – que por serem breves quebram qualquer monotonia expectável – Death Index mostra uma banda que sabe o que quer e fá-lo bem, O disco está todo disponível ali em baixo, para audição na íntegra.





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