The Body
No One Deserves Happiness

| Abril 21, 2016 7:10 pm


No One Deserves Happiness  // Thrill Jockey // 18 Março 2016
8.0/10

Quando
os The Body anunciaram No One Deserves Happiness como o “álbum pop mais
nojento”, obviamente não significava que a banda ia entrar realmente pelos
caminhos da música pop. Por outro lado, No One Deserves Happiness é, de facto,
um álbum extremamente grosseiro e doentio até, fundindo a sua sonoridade pesada
e agressiva a novos elementos menos comuns na sua discografia, com a utilização
de drum machine e beats a fazer relembrar as novas tendências da música pop,
com linhas de baixo muito pronunciadas. Numa entrevista à Fact Magazine, Buford
Lee fez mesmo referência a artistas como Beyoncé como influência para o seu
novo trabalho. Mas não se assustem, os The Body não perderam de todo a sua
identidade e som que tão bem os carateriza. “No One Deserves Happiness” é mesmo
um álbum doentio e que leva o metal para além dos seus parâmetros mais
convencionais.

A
carreira dos The Body já caminha para as duas décadas de existência onde se
contam cinco álbuns de originais e inúmeros EPs e álbuns colaborativos com artistas
como Thou e Full of Hell, os quais acompanharão na próxima passagem pelo nosso
país. Ao longo dos anos, a banda americana tem nos vindo a surpreender com a
sua consistência e constante quebra de barreiras, transcendendo o metal de tal
modo a tornar-se difícil enquadrá-los num género musical tão vasto. O próprio
Lee Buford assume este novo trabalho como uma tentativa de fuga ao estilo,
assumindo o metal atual como algo obsoleto e pouco interessante, pelo que a
busca e a experimentação de novos estilos e abordagens está mais do que
presente neste novo registo. “Two Snakes”, um dos singles de avanço do disco,
apresenta um dos beats mais doentios do disco, com baixos muito densos e
claustrofóbicos a fazer relembrar os instrumentais industriais dos Death Grips,
fazendo sobressaltar a agonia e o desespero de uma banda que parece não
encontrar a paz.


Num
álbum quase niilista e que se debate sobre a depressão e o desespero, onde a
felicidade parece não existir (o nome do álbum que o diga), destacam-se mais
uma vez os vocals agoniantes de Chip King, que contribuem para esta ideia de
sofrimento e desespero. 
No
entanto, não é só de escuridão que se trata este álbum. A epicidade de temas
como “Wanderings” e “Shelter Is Illusory”, que contam mais uma vez com a forte
presença de voz feminina, sempre firme e confiante, assim como os coros
presentes em “Hollow/ Hallow”, resultam nalguns dos temas mais interessantes
deste disco.

Depois
de um grande álbum colaborativo com os Thou, os The Body regressaram então em
força com mais um excelente novo trabalho que eleva a banda aos patamares do
melhor metal alternativo que se faz de momento, num disco cheio de força e
agressividade que poderá ser comprovado ao vivo nos próximos dias 25 e 26 de
Abril, em Lisboa e no Porto, respetivamente.
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