Cinco Discos, Cinco Críticas #16

| Junho 7, 2016 10:04 pm
Air // Blood Music // junho de 2016
5.0/10



Os Astronoid são um quinteto oriundo de Boston com influências que vão de Devin Townsend e Mew a Alcest e Cynic. Composto por nove canções, o disco de estreia – Air – apresenta no seu geral uma sonoridade que roça entre o dream thrash e o shoegaze metal. O álbum sucede os dois EP’s Stargazer e November lançados entre o período de 2012-2013. O primeiro single de avanço, o homónimo “Air” apresentava já densas camadas de riffs cantados numa voz angelical. Em “Up and Atom” há uma sonoridade mais math rock, com construções rítmicas com algum potencial, mas que não chegam para convecer qualquer ouvinte. O mais interessante em Air são mesmo os trabalhos audiovisuais que serviram de promoção a estes primeiros singles. Como músicas mais interessantes retêm-se “Incandescent” e “Resin”, apesar da sua composição banal e tendencialmente monótona. A voz também não convence.



Sónia Felizardo

Kaspar Hauser EP // Soft Power Records // maio de 2016
7.5/10



Kaspar Hauser é o EP que marca a estreia dos londrinos Kaspar Hauser em registos de estúdio apresentando, logo através da capa, que se trata de música dark, essencialmente pelo sufoco sentido na estátua angelical. A preto e branco, o disco de curta duração abre com “Pencil Doings”, a trazer um post-punk característicamente londrino. Em “Tannoy” repete-se o mesmo só que com um finalizar de canção mais marcante. Um dos singles mais interessantes deste EP é “Enigma” que, para além das influências da world music, com Goat a surgir em similaridade, ressuscita o post-punk que marcou os primeiros anos da década de 80. “Dole Inside” fecha o EP de forma estrondosa e memorável, com uma guitarra estridente e a voz de Josh Longton a ganhar uma identidade muito semelhante à de Johnny Rotten, dos Sex Pistols. Kaspar Hauser é um EP que vale muito a pena ouvir e que aumenta muito as probabilidades de surgir um regresso muito positivo no álbum de estreia. Oiça-se então.

Sónia Felizardo

Future Present Past // Cult Records // junho de 2016
7.0/10



Três anos após Comedown Machine, com o qual cumpriram o seu contracto com a RCA, os Strokes estão de volta, lançando um EP pela primeira vez desde 2001. Future Past Present abre com “Drag Queen”, na qual o baixo e os teclados do verso criam uma sonoridade mais “dark” do que o habitual, sendo complementados por algumas boas frases de guitarra. A voz também tem o seu momento de destaque, a um minuto do fim da canção. “OBLIVIUS” começa bem, com riffs típicos de Albert Hammond, Jr. e Nick Valensi a marcar o verso, mas deixa algo a desejar nas restantes secções, sendo o refrão especialmente fraco. Se assumirmos que cada uma das palavras do título do EP se refere a uma música, “Threat of Joy” é definitivamente o “past”. Após um início onde Julian faz lembrar Lou Reed, a canção apresenta uma sonoridade que encaixaria facilmente nos primeiros álbuns da banda. Apesar disso, tal como o resto deste EP, não é tão memorável ou marcante como os trabalhos da banda feitos em 2001. Também está incluído no disco um remix de “OBLIVIUS” feito pelo baterista da banda, Fabrizio Moretti, mas este é completamente dispensável e o melhor a fazer é ignorá-lo. Apesar de ser apenas um curto EP, Future Past Present pode ser visto como um passo na direcção certa por parte do quinteto americano. Superar o Comedown Machine é fácil, mas, se tudo correr bem, talvez isto seja o início de um regresso à boa forma de anteriormente.



Rui Santos

Let’s Plan A Robbery // Self-Released // fevereiro 2016
7.3/10



No passado mês de fevereiro os nova iorquinos Acid Dad lançaram o seu disco de estreia, o EP Let’s Plan a Robbery. O intrumental da faixa inicial facilmente lembra Parquet Courts ou Cave Story, na terceira faixa, “Digger (Gotta Get That Money)”, voltamos a encontrar algo semelhante, sendo estas as músicas mais mexidas e que mais se enquadram na sonoridade com a qual a banda se auto-descreve: psych punk. Esta pequena demonstração da capacidade da banda conta também com duas “baladas psych”, “Fool’s Gold” e “Shoot You Down” que serão mais próximas de Allah-Las, nos instrumentais, e Psychic Ils, nos vocais. Apesar de ser um disco bastante apelativo que, certamente, será ouvido bastantes vezes pelo mesmo ouvinte não apresenta nada de novo, poderia, até, ser feito o desafio de “desmontar” as suas músicas em várias “peças” e todas encaixariam em músicas já existentes. Deve ser também perdido algum tempo a apreciar a arte da capa deste trabalho que para além de me ter dado vontade de o ouvir é uma das capas que mais apreciei nos lançamentos da primeira metade deste ano.



Francisco Lobo de Ávila

The Vision // SoulSeller Records // abril de 2016
7.0/10



Era uma vez uma rede social chamada Twitter. Nesta, pessoas de todo o mundo adquiriram a oportunidade de interagir e, foi assim, que um dia descobri uma banda italiana chamada Psychedelic Witchcraft. Este nome (apesar de pecar pela pouca subtileza) chamou-me a atenção e fez com que me aventurasse pelo Youtube à procura do trabalho deste grupo. A busca acabou em “Witches Arise” e hoje faz parte do LP The Vision lançado pela Soulseller Records. À primeira vista esta pode parecer mais uma banda surgida na maré de bandas de occult rock e, de certo ponto, as semelhanças com bandas como os sessentistas Coven, ou os mais contemporâneos Blues Pills e Blood Ceremony, são óbvias, desde a presença da carismática e poderosa voz feminina até às guitarras transpiradas em blues. A verdade, é que Psychedelic Witchcraft não são pioneiros naquilo que fazem, mas sejamos sinceros, estes orgulham os seus antecessores com a mestria com que praticam a sua arte, e no final, é isto que pretendem alcançar. Deste LP, destaco “Wicked Ways” e “Magic Hour Blues” onde o som vintage encontra o seu auge e perdemos noção de s tratar de uma banda do séc. XXI.

Hugo Geada
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