Reportagem: Bruno Pernadas – Worst Summer Ever [Teatro Maria Matos, Lisboa]

Reportagem: Bruno Pernadas – Worst Summer Ever [Teatro Maria Matos, Lisboa]

| Setembro 29, 2016 1:12 am

Reportagem: Bruno Pernadas – Worst Summer Ever [Teatro Maria Matos, Lisboa]

| Setembro 29, 2016 1:12 am
Fomos mais uma vez ao Teatro Maria Matos a uma terça-feira assistir a um concerto de Bruno Pernadas, desta vez para apresentar o segundo de dois discos editados na passada sexta-feira, Worst Summer Ever. Bem que podia fazer disto um hábito e estar todas as terça-feiras do ano no Maria Matos a assistir aos recitais de Pernadas e companhia.

Cheguei ao teatro um pouco antes das 22h. A sala principal apresentou uma disposição diferente da do concerto de apresentação de Those who throw objects at crocodiles will be asked to retrieve them. Desta vez, o público sentou-se numa bancada muito mais próxima do palco, conferindo uma maior intimidade ao concerto. Passados 15 minutos, entraram em palco os protagonistas desta noite: Bruno Pernadas na guitarra, Francisco Brito no contrabaixo, Sérgio Rodrigues no piano, David Pires na bateria, João Mortágua no saxofone alto e soprano e Desidério Lázaro no saxofone.

O concerto começou com o single “Love Versus Love” e foi prosseguindo pelos temas que compõe Worst Summer Ever. As música que mais me impressionaram ao vivo foram “This is not a Folk Song” e “Waltz, apresentando uma percussão magnífica, assim como um excelente trabalho de contrabaixo e guitarra. Pernadas mostrou-nos mais uma vez o porquê de ser um dos melhores guitarrista do momento, manuseando a guitarra como só ele sabe. O alto nível de execução esteve presente em todo o concerto não fosse Pernadas capaz de nos apresentar algo desprovido de genialidade. Nada mais ali existia além do transe em que estava mergulhado, a tentar entender a origem sonora de todas estas ideias. 

Worst Summer Ever apresenta-se ao vivo como o melhor trabalho editado por Pernadas até à data. Reúne músicas há muito guardadas e que Bruno não quis deitar fora. É pois um disco diferente daquilo que ambicionava num disco jazz (mais livre, espiritual, ao jeito de Alice Coltrane, sem qualquer eletrónica). Ao vivo, Worst Summer Ever funciona de modo épico, ganhando uma outra identidade e liberdade de improviso que não é possível em estúdio. Apesar de ser um disco de jazz propriamente dito, é possível encontrar a essência pop de Pernadas.

O que nos reserva o futuro?

Há dezenas de músicas do lado mais pop do artista que estão na gaveta. No entanto, Pernadas, segundo uma entrevista que deu ao Teatro Maria Matos, anunciou que tem dois planos paralelos: um disco de exótica e um disco de canções, que lhe permita descansar um pouco dos composição e dos arranjos matemáticos. Fico a aguardar deste lado.

Texto: Rui Gameiro
Fotografia: Vera Marmelo (cedidas pelo Teatro Maria Matos)
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