Reportagem: Reverence Valada 2016 – 8 de setembro

Reportagem: Reverence Valada 2016 – 8 de setembro

| Setembro 20, 2016 6:04 pm

Reportagem: Reverence Valada 2016 – 8 de setembro

| Setembro 20, 2016 6:04 pm

Sem dúvida que este não é o festival com mais pessoas. Também não é o festival com as bandas mais conhecidas. Mas nunca vi um festival com uma aura destas. A boa disposição reinava e não existia uma única pessoa que não estava com um sorriso na cara (talvez o rapaz que tinha um colete com o patch dos Killing Joke, por razões óbvias).


O primeiro dia do festival foi da responsabilidade da Pointlist, que para além de ter utilizado bandas do seu plantel no cartaz, como os 800 Gondomar, os Sunflowers e os Sun Mammuth, conseguiram grandes nomes dentro do garage rock, como os Thee Oh Sees e os J.C. Satan.



800 Gondomar



A banda de Rio Tinto teve o prazer de dar o primeiro concerto do festival e apesar de não ter recebido a maior das audiências deixaram em palco todo o garage rock que tinham para oferecer. Estes podem não ser a banda mais talentosa de Portugal mas é indiscutível que sabem dar um concerto divertido e energético.



Sun Mammuth

Os Sun Mammuth, também da Pointlist, são uma banda que se destaca do resto do plantel das suas bandas pelo peso do seu instrumental. Sem grandes rodeios (ou vozes), a banda descarregou em palco todo o peso que os seus amplificadores e instrumentos podiam deixar. Se este ano as sonoridades do Reverence deixaram um pouco o stoner de parte em troca de bandas mais shoegaze e psicadélicas, estes mamutes da Lousada vieram mostrar que faz falta umas sonoridades um pouco mais brutas. Com a lição do stoner bem estudada e com um refinado rock progressivo à mistura, os Sun Mammuth são uma das mais interessantes bandas do underground português que existem na actualidade.


Flavor Crystals


Não conhecia esta banda por isso o concerto revelou-se uma surpresa agradável.Com uma mistura de shoegaze, space rock e kraut, a amalgama produzida resultava numa música hipnotizante que permitia o ouvinte viajar no espaço e no tempo. Pode não ter sido o melhor concerto mas foi uma bela maneira de acabar a tarde.


The Sunflowers

Com um álbum prestes a ser lançado, os Sunflowers protagonizaram o primeiro momento icónico do Reverence Valada 2016. Com a típica energia contagiante que os caracteriza, Carlos de Jesus e Carolina Brandão deixaram o palco Rio em chamas com malhas como “Hasta la Pizza/ Rest in Pepperoni” ou “Zombie”. Ninguém ficou indiferente e foi possível observar os esqueletos do público, tipicamente calmo, a mexerem-se a e a lançar os primeiros passos de dança.

Contudo, o ponto alto do concerto não pode deixar de ser o grandioso final em que Carlos e Carolina trocaram de instrumentos e fizeram uma gloriosa cover de “I Wanna Be Your Dog” dos The Stooges com uma guitarra cor de rosa. No final, a guitarra foi destruída e os Sunflowers abandonaram o palco com uma ovação, naquele que foi um dos momento mais rock star de todo o festival.




Blaak Heat

Palavras não bastam para descrever o que foi este concerto. Um dos concertos mais hipnotizantes e com músicos incrivelmente talentosos, dividiu-se em duas partes. Na primeira os músicos tocaram músicas do novo álbum Shifting Mirrors e na segunda músicas do álbum (lançado ainda no nome Blaak Heat Shujaa) The Edge of an Era. Seguiram-se sensivelmente 40 minutos onde a única opção foi entrar em transe e ouvir a música tripada destes homens. Um nome que pode ter passado despercebido neste cartaz mas que sem duvida deixou mossa em quem os ouviu.




J.C. Satan

Em J.C. Satan continuamos a explosão de rock garageiro. Estes franceses, que já tinham estado em Portugal, mais propriamente no Lux a abrir para Ty Segall, deram um dos melhores concertos do primeiro dia do festival. Sempre bastante comunicativos com a audiência e com boa disposição, conquistaram o seu coração. Esta retribuiu com o headbang de início ao fim e com moche. Foi em “Dragons” que mais se fez sentir a energia da banda e aquela que o público mais reagiu. Olhando à minha volta, os saltos que esta música gerou criaram a primeira tempestade de pó do festival.

Thee Oh Sees

O último concerto do dia, e também o mais aguardado, era sem dúvida dos californianos Thee Oh Sees. Marcavam a segunda presença em Portugal em menos de um mês, mas nem por isso deixaram de fazer os seus electrizantes e energéticos concertos.

Apesar de as indispensáveis comparações com o concerto que aconteceu no festival do Minho, este embora não tenha tido as proporções gigantescas que o de Paredes de Coura, em que dezenas de pessoas aderiram a um moche no meio de uma tempestade de pó. Em Valada o moche foi bastante mais pequeno mas a música fez-se soar tão boa como sempre. É indiscutível, estes homens não sabem dar um concerto mau.

As músicas do novo álbum, A Weird Exit, encaixam na perfeição com o resto do set, e são quase tão bem recebidas como faixas do álbuns mais queridos, como Floating Coffin ou Carrion Crawler/ The Dream, contudo ouvir músicas como “The Dream”, “I Come From The Mountain” ou a “Toe Cutter / Thumb Buster” é algo que enche o coração de todos os fãs.

Deixo aqui o pedido para o próxima edição contar com a mesma dose de garage rock. É ótimo estarmos num festival onde existam tantos estilos musicais diferentes e estes amigos hiperativos são sempre bem vindos.






Podem consultar as restantes fotos do dia 8 de setembro aqui:

Dia 1 @ Reverence Valada 2016




Texto: Hugo Geada
Fotografia: Filipa Casas
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