Preoccupations
Preoccupations

| Setembro 22, 2016 2:12 pm

Preoccupations // Jagjaguwar // setembro de 2016
7.5/10

Os Preoccupations nasceram em 2016, mas a história e as origens da banda remontam a 2012 quando se formaram como banda, em Calgary, sob aquele que viria a ser um controverso nome, Viet Cong. Em 2013 apresentam ao mundo o seu primeiro EP, Cassette e começam a ganhar algum renome internacional na cena independente pelo seu dreammy post-punk lo-fi. Com críticas muito positivas, os Viet Cong progrediram na carreira e viriam a lançar em janeiro de 2015 o seu disco de estreia o homónimo, Viet Cong. À medida que o registo chegava a mais ouvintes também cresciam as acusações de racismo que levaram ao cancelamento de concertos da banda pelo seu “nome ofensivo”. Em abril, o quarteto anunciaria Preoccupations como nome de referência e setembro vê agora o “primeiro” disco dos Preoccupations nas bancas.

Além da controvérsia à volta do nome tem sido também discutido entre a comunidade o percurso que a sonoridade característica dos Viet Cong tem percorrido com a passagem do tempo, levando a variadas posições. No EP Cassette temos uma banda com músicas ainda em formato rascunho e à procura de uma sonoridade característica, já no disco de estreia, Viet Cong, vemos uma banda com um som menos rasurado e uma veia musical mais virada para a eletrónica e o post-punk a sério. Há uma mudança facilmente identificável entre sonoridades e nem todos os ouvintes saíram beneficiados nesta troca. O disco Preoccupations parece apresentar uma preocupação em encontrar um equilíbrio e estabilidade musical entre os primeiros dois trabalhos, sendo um álbum mais coerente que retrata uma banda já em fase de maturação. 

“Anxiety” foi o primeiro single de Preoccupations a ser revelado e apresentou uma banda virada para a percussão eletrónica mas fiel ao seu dreamy post-punk de início e sem muitos experimentalismos pelo meio. A voz de Matt Flegel merece igualmente destaque pela presença adquirida em formato estúdio e os Preoccupations apresentam um som mais profissional e pensado. Mais recentemente o quarteto avançou com “Degraded”, cuja sonoridade merece comparações aos mais recentes trabalhos dos Soft Moon. Já em “Sense” nota-se que os SUUNS rodaram certamente na soudtrack de produção do álbum. Ainda no que toca a bandas que saltam à cabeça ao ouvir o novo disco dos Preoccupations, no início de “Forbidden” é notótio um quê de Arctic Monkeys. “Memory”, o terceiro single de avanço é o mais criativo deste novo trabalho e também o single que apresenta uma maior progressão com o seu desenvolvimento. A voz de Matt Flegel sofre igualmente variações que resultam desse crescimento coletivo como banda.

Preoccupations surge como um disco muito harmonioso no sentido em que as diversas músicas que o compẽm encontram-se mais cingidas a determinadas linhas e características comuns. Isto leva a uma diminuição do experimentalismo utilizado, mas não necessariamente a uma queda na qualidade. Embora neste novo disco já não se veja muito denotada a veia Bahausiana e art-punk, observa-se uma sonoridade mais polida e que de certa forma nos conduz às preocupações humanas: os títulos das canções são representativos. A cover-art também foge às tendências dos últimos trabalhos e há uma aposta num design minimalista e de cores frias. Há uma mudança do corpo mas a mente dos Viet Cong ainda se respira nos Preoccupations. Um disco para ouvir com atenção.



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