Sallim em Entrevista: “Até agora tem sido bom e tenho ouvido coisas muito boas de quem ouve”

Sallim em Entrevista: “Até agora tem sido bom e tenho ouvido coisas muito boas de quem ouve”

| Setembro 25, 2016 9:43 am

Sallim em Entrevista: “Até agora tem sido bom e tenho ouvido coisas muito boas de quem ouve”

| Setembro 25, 2016 9:43 am

Após o concerto na noite de 24 de setembro, na Casa da Cultura, em Setúbal, tivemos a oportunidade de estar à conversa com a artista da Cafetra Records, Sallim.
Threshold Magazine (TM) – Bom concerto primeiro que tudo, gostei muito!
Sallim – Obrigada!

TM –  Quais foram os teus primeiros passos na música?

Sallim – Olha, o primeiro de todos deve ter sido quando andei no coro. Desde pequena que gosto muito de cantar. Depois, mais tarde, fui aprender a tocar guitarra. De certa forma, para poder acompanhar a voz. Tive umas aulas com uma amiga do meu pai, uma coisa assim informal. Eu ia a casa dela e ela ensinava-me a tocar as canções que, na altura, eu gostava. Mas foi só em 2013 que comecei a compor as minhas canções. Foi numa altura em que eu não estava a estudar. Tinha feito um ano em Belas-Artes, durante o qual escrevi, na verdade, a minha primeira canção! Um amigo meu enviou-me uma gravação de guitarra e eu cantei por cima. Essa canção está no bandcamp e chama-se “fiz-lhe uma letra”.

TM  Quando é começaste a rascunhar as primeiras letras? Eram já semelhantes ao que tens agora?

Sallim – Foi precisamente nessa altura. E sim, posso dizer que já eram semelhantes. No fundo, tenho tendência para falar sempre das mesmas coisas… Mas acho que vou tentando melhorar, claro.

TM – Como é que surgiu a hipótese de pertencer à Cafetra?

Sallim – Foi uma vez que eu decidi enviar ao Éme o link do meu Soundcloud, que, na altura, era o que eu tinha. Ele ouviu, mostrou ao resto da malta, eles curtiram e começaram a convidar-me para fazer concertos. Entretanto, ficámos amigos e um dia, o Leonardo Bindilatti, que produziu o Isula, veio ter comigo e disse que gostava muito de gravar as minhas músicas se eu quisesse. Quando o disco ficou pronto, eles propuseram que eu lançasse pela Cafetra e eu, às tantas, disse que sim. E agora está feito! Sem eles, não sei como teria sido.

TM – Isula é um álbum que, para muitos, é como um “colete salva-vidas”; para outros é como um álbum de momento de mudança. Como te sentes em relação a isso? Como tem sido recebido o teu trabalho?

Sallim – Bem, acho eu. Ainda não ouvi coisas más! Eu acho é que algumas pessoas irão ficar indiferentes, também ainda não tive ninguém a dizer que era péssimo. Até agora tem sido bom e tenho ouvido coisas muito boas de quem ouve e vai aos concertos, o que me deixa contente.

TM – Quando é que achaste que devias sair do quarto e mostrar ao mundo a tua música?

Sallim – Eu acho que quando comecei a fazer música, foi de facto um bocado só para mim. Masao mesmo tempo, sinto que sempre gostei de mostrar o que faço. Como não faço só música, sempre tive blogs e páginas onde publicava as coisas que fazia (desde escrita a desenhos, fotografias, colagens, …), com a música foi um bocado a mesma coisa. Começou por ser só para mim e depois a um certo ponto decidi partilhar e deixar que as pessoas ouvissem. Acho que também é nessa partilha que existe o sentido de criar coisas.

TM – E não é intimidante? Falas sobre vários temas pessoais

Sallim – Sim, ao início foi. Começar a dar concertos foi um bocado esquisito porque estava ali a falar de cenas e sentimentos um bocado íntimos e que me deixavam, de certa forma, meio vulnerável.

TM – Como é que têm corrido os teus concertos? O último agora foi no D’Bandada, o que estavas à espera?

Sallim – Estava à espera que fosse muito fixe e foi. Eu gosto imenso do Porto. Foi no Café au Lait e estava cheio!

TM – E como funciona o teu processo de criação?

Sallim – Normalmente faço a letra primeiro. Claro que já aconteceu de outras maneiras, não tenho propriamente uma fórmula fixa para fazer canções. Mas costumo fazer a letra primeiro, à medida que me vou apercebendo de que há alguma coisa que preciso de dizer ou sobre a qual quero cantar. Isto para dizer que as minhas letras não costumam nascer de devaneios livres. Costumam ter um tema, digamos assim. Depois, a partir da letra, começo a imaginar a linha de voz, a tentar cantar como quero. E só depois é que faço a guitarra e os ajustes que forem precisos, entre estas três coisas. Às vezes é mais imediato, às vezes demora muito tempo… depende. Mas é engraçado porque, quando falo sobre isto com os meus amigos, apercebo-me de que faço ao contrário da maior parte deles. E também vou aprendendo com isso.

TM – O que é que tens ouvido ultimamente? Concertos do ano até agora?

Sallim – Ultimamente tenho ouvido muita pop music, curiosamente. De agora e não só. Acho que tenho andado a ultrapassar uma espécie de preconceito meio indie que diz que música mainstream não presta. Ando a aprender a ouvir coisas para lá do género de música, a segmentar menos e a ser mais sincera comigo em relação ao que gosto ou não gosto. E pronto, ando a ouvir coisas desse género, desde Justin Bieber à Ariana Grande, Beyoncé, Drake e outros. Fiquei mais atenta à inteligência super própria desse tipo de músicas (não todas, claro) e ao sabor meio plástico que elas têm. Não são muito sentidas e também não me fazem sentir grande coisa, mas põem-me a dançar e a cantar e isso também é fixe.
Em relação a concertos do ano poderia ter sido o da Ariana Grande provavelmente, no Rock In Rio, que foi cancelado depois de ter ganho bilhetes grátis, ainda por cima! Tirando isso, Jessica Pratt na ZDB foi excelente, passei o concerto a chorar. Mesmo muito lindo! O lançamento do disco dos Von Calhau, na ZDB, também foi brutal. Gosto imenso do trabalho deles. RP Boo em Serralves também foi top! De resto, tenho ouvido a Weyes Blood, as canções novas que ela já lançou e mesmo as coisas anteriores, o EP dela bateu-me imenso e vou abrir para ela na ZDB em Dezembro, por isso estou assim mesmo excitada, adoro-a! 

Tenho andado a ouvir umas gravações de novas músicas das Pega Monstro e estou-me a passar! Aquilo vai ser algo incrível e é daquelas coisas que eu oiço e fico mesmo com bué vontade de continuar a fazer música.

TM – Foi a primeira vez que atuaste em Setúbal, o que estavas à espera? O que pensas da cidade?

Sallim – Eu acho que nunca pensei nada sobre Setúbal *risos* Nunca vim à Casa Da Cultura. A partir do momento em que soube que ia dar dois concertos num dia fiquei um bocado stressada e com medo de já estar muito cansada ou assim, de não estar com vontade mas olha, foi muito fixe, adorei!

TM – E pronto estão todas as perguntas respondidas! Muito obrigado, Sallim!
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