Surma em entrevista: “Antwerpen é um disco muito de pormenor e muito de “quarto” “

Surma em entrevista: “Antwerpen é um disco muito de pormenor e muito de “quarto” “

| Outubro 25, 2017 7:07 pm

Surma em entrevista: “Antwerpen é um disco muito de pormenor e muito de “quarto” “

| Outubro 25, 2017 7:07 pm
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© Sal Nunkachov

Depois de nos últimos tempos ter vindo a criar um hype tamanho dentro dos novos projectos do panorama musical português, Surma, projeto a solo e alter-ego da artista leiriense Débora Umbelino, editou no passado dia 13 o seu álbum de estreia, Antwerpen, pela também conceituada editora leiriense Omnichord Records.


Em Antwerpen estamos perante uma paisagem sonora sonhadora, envolta em camadas eletrónicas enriquecida por vocais ora celestiais, ora sedutores, lembrando-nos uns Beach House, Sleep Party People, CocoRosie e mesmo Björk. Leiam em baixo a nossa conversa com a Débora.


Threshold Magazine (TM) – Como descreves a tua sonoridade?


Surma – Nunca sei responder muito bem a esta pergunta! De uma maneira geral não gosto de labelizar o género de música que um artista compõe. É a imaginação dele com a interpretação de cada um. Costumo dizer que são variados estilos misturados num só, dando o género “estranho” (risos). Costumo abstrair-me completamente de tudo quando vou compor, tentando fazer uma coisa um pouco fora da caixa (o que é difícil hoje em dia, já está tudo descoberto).


TM – Sabemos que a Islândia sempre foi uma grande influência na tua vida, desde a adolescência. Porquê este fascínio tão grande pelas terras frias e intimistas dos países nórdicos?


Surma – Não sei bem dar uma razão assim específica da obsessão que ganhei por toda a cultura dos países nórdicos. Foi através de um trabalho para a escola, na altura, que acabei por ir dar a um site que me levou aos países nórdicos, em que o principal da página era a Islândia! Fiquei automaticamente estupefacta com todas aquelas imagens e com tudo o que se estava a passar com aquele ambiente único. Foi a partir dos meus 14 anos que sempre tive o sonho e a obsessão por estes países! São únicos, só tendo a experiência pessoal é que se sente o quão especial são.


TM – Que expetativas tens em relação ao lançamento do teu disco de estreia?



Surma – Costumo ter sempre os pés muito bem assentes na terra. Não gosto de ter muitas expectativas em relação ao futuro, nem sou uma pessoa muito ambiciosa. O meu principal objectivo, neste momento, é tocar em todo o lado e que o álbum chegue às pessoas e que estas gostem do meu trabalho e que se identifiquem comigo. É esse o meu principal objectivo para agora. 


TM – Podemos considerar Anterwerpen essencialmente um disco eletrónico e experimental?



Surma – Podemos dizer que sim, mas acima de tudo é um disco muito de pormenor e muito de “quarto”. Desde o início em que entrei em estúdio com a Casota Collective que quisemos dar um ar lo-fi e de “quarto”ao álbum. Podemos dizer que é um disco muito acolhedor que liga muito a ruídos de pormenor e de detalhes!




TM – Como está a correr o processo de transição de estúdio para o palco das canções de Antwerpen? Será difícil reproduzir todos aqueles pormenores presentes numa excelente produção.


Surma – Está a ser complicado em reproduzir tudo ao vivo! Andamos em fase de experimentações e a ver como será mais fácil de tocar todas as coisas live. Acho que a estrada nos vai dar bastante “calo” para vermos o que está e o que não está a funcionar. Espero que resolvamos (risos).


TM – Existe alguma razão para que os títulos das músicas apresentem línguas diferentes entre si?


Surma – Desde o início de composição que quis fazer um disco do Mundo. Não me fechar num determinado género musical nem numa determinada língua. Por isso é que decidi não dar letras às músicas deixando a interpretação a cada pessoa. Vai do Islandês ao Africanêr. Quis criar uma ligação muito própria entre a Surma e as pessoas. Este disco foi feito para todos vós.


TM – Tens alguma música favorita em Antwerpen? A nossa é “Nyika”.


Surma – Ahah sim. Essa dá para abanar bem o capacete (risos). Não consigo dizer que tenho uma favorita do disco, todas elas me são muito queridas de uma maneira muito diferente. Mas tenho uma que me é um pouco mais especial que é a “Begrenset”! Não sei porquê, mas sinto-a de uma maneira diferente.










TM – Como é que a Surma tem tanto amor para dar?


Surma – Ahahah é graças às pessoas que me têm acompanhado desde o início nesta jornada. Não sei bem o que se tem passado, tem sido inacreditável e sinto que nunca tenho palavras nem abraços suficientes para agradecer tudo aquilo que têm feito por mim. Se fosse pela minha pessoa passava os dias a agradecer e a abraçar a toda a malta que me tem dado este apoio inacreditável. Lá está, estou num sonho constante.

TM – O que tens ouvido nas últimas semanas?

Surma – Stavroz, Ian Chang e St.Vincent.

Entrevista por: Rui Gameiro
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