Protomartyr – eles só nos estão a tentar alcançar

| Março 28, 2018 5:32 pm

Protomartyr – primeira figura a morrer por uma causa, geralmente religiosa ou política. 


Ou…

Quarteto americano que se formou em Detroit no ano de 2008. Antes de serem conhecidos por Protomartyr, Greg Ahee (guitarra) e Alex Leonard (bateria) já existiam como Butt Babies. Só mais tarde, quando Joey Casey (voz) e Scott Davidson (baixista) se juntaram aos Butt Babies é que os Protomartyr passaram para o plano existencial. 

Aplicar rótulos a bandas é algo completamente banal nos dias de hoje e os Protomartyr já foram muitas vezes associados à sonoridade post-punk dos Wire, The Fall ou Pere Ubu. Associações à parte, este quarteto é dono e senhor de um rock de cariz passivo-agressivo, cheio de identidade. Joey Casey é um verdadeiro contador de estórias, dotado de uma voz estranhamente cativante, e as letras, essas, arrastam o ouvinte para um árduo e sombrio mundo de ansiedade e injustiça. 

Editaram em 2012 o seu álbum de estreia, No Passion All Technique, seguindo-se dois anos depois Under Color of Official Right. Foi com este trabalho que os Protomartyr começaram a despontar por essas zines fora, com o malhão “Scum Rise”. Com The Agent Intellect (2015) reafirmaram o seu estatuto de uma das bandas rock mais interessantes dos últimos anos e para isso muito contribuíram temas como “The Devil In His Youth”, “Why Does It Shake?” e “Pontiac 87”. Em 2017 juntaram-se à família da Domino Records e editaram o seu quarto álbum de estúdio e o mais aclamado até à data, Relatives In Descent.

Gravado em Los Angeles com o produtor Sonny DiPerri (Avey Tare, Dirty Projectors), Relatives In Descent foi escrito na sequência das eleições de 2016 e, segundo Casey, aborda de modo apreensivo a desilusão e frustração que é viver nos EUA, o desconhecimento da verdade e o sentimento constante de desconforto perante o mundo e o futuro. A nível sonoro, foi influenciado pelo disco Odyshape, das The Raincoats e ainda pelas composições orquestrais de Mica Levi

Ao todo são doze canções repletas de momentos, ora densos ora frenéticos, que vivem em equilíbrio. A identidade da banda fica, uma vez mais, bem patente em Relatives In Descent, o qual se apresenta bastante coeso e com uma maior diversidade sonora que em trabalhos anteriores. Os principais destaques de Relatives In Descent vão para o single “Private Understanding”, “My Children” e o início marcado pelos ritmos alucinantes de baixo e guitarra, “The Chuckler”, com os riffs fortemente distorcidos, e “Night-Blooming Cereus”, com a introdução rara de teclados na sonoridade da banda. De destacar também o excelente trabalho da percussão neste disco. 


Os Protomartyr já têm regresso agendado ao nosso país este ano. A banda norte-americana que atuou na edição de 2016 do NOS Primavera Sound, vai desta vez rumar ao Musicbox, Lisboa, a 12 de abril, num concerto inserido na sua tour europeia.


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