Reportagem: Lydia Lunch + Putan Club [Sabotage Club, Lisboa]

Reportagem: Lydia Lunch + Putan Club [Sabotage Club, Lisboa]

| Março 20, 2018 8:38 pm

Reportagem: Lydia Lunch + Putan Club [Sabotage Club, Lisboa]

| Março 20, 2018 8:38 pm

No passado sábado, dia 17 de março fomos até ao Sabotage Club, em Lisboa assistir ao concerto único de Lydia Lunch pelo país, em mais uma sala lotadíssima por fãs da poeta da revolução underground que já colaborou com figuras e projetos de renome como Nick Cave, Sonic Youth, Einstürzende Neubauten e Michael Gira. O início do espetáculo estava agendado para as 22h30 e contava com a abertura do duo franco-italiano Putan Club, dupla fervorosa e irreverente que não se encaixa num só rótulo. 


Apesar de marcado para as 22h30 o concerto de Putan Club só teve arranque por volta das 23h10, com um Sabotage à pinha, uma vez que os Putan Club optaram por tocar na sala de espetáculo e não no palco. A baixista e vocalista Gianna Greco posicionou-se de costas para o palco e do lado esquerdo, enquanto que François R. Cambuzat se situava junto do técnico de som, mesmo no final da sala. 


Putan Club

A abrir com “Doua #6” o público rapidamente aderiu ao choque elétrico e sonoro proporcionado pelos Putan Club, começando a soltar os primeiros passos de dança. No palco viam-se algumas pessoas com t-shirts da dupla. Apesar de não haver propriamente muito espaço livre entre os elementos do público, isso não impediu os Putan Club de promover mais uma performance brutal (e de muita interação com o público), resultante da mistura e sobreposição de faixas e acima de tudo um reflexo da filosofia por trás do projeto. Já perto da meia noite a banda finalizou o concerto com o seu já habitual discurso acerca dos princípios que marcam os Putan Club, crenças, ética e opinião em relação ao mundo e à própria música que compõem. 


Putan Club



A tão aguardada subida de Lydia Lunch a palco deu-se por volta das 00h15. Considerada a rainha da no-wave e atualmente a trabalhar no campo da spoken-word, Lydia Lunch fez-se acompanhar do baterista Weasel Walter num concerto onde se esperava que a artista apresentasse Brutal Measures (2016) e Urge To Kill (2015), dado que Brutal Measures trata-se de um álbum com apenas uma canção de vinte minutos, que ao vivo se estende a cerca de trinta minutos. 

Lydia Lunch


“All Right, Good evening”, começou por dizer Lydia Lunch, “The Rock Stops Now” e Weasel Walter avança com um início preponderante na percussão. Estava ali destinada a morte da esperança de ver Lydia Lunch a tocar alguns dos hits de carreira e declaradamente o início de um concerto aborrecido para os fãs da fase mais revolucionária de Lydia Lunch e para os que esperavam ouvir alguns dos temas de Urge To Kill (2015). O concerto de Lydia Lunch durou apenas trinta minutos, trinta minutos onde foi fumando uns cigarros e declarando umas centenas de palavras em exaltação da mulher e a sua importância na criação da poesia, para uma sala quase às escuras.

Lydia Lunch



Trinta minutos depois do início Lydia Lunch pede para que se liguem as luzes do público que não quer saber de encores e que está a vender discos para o pessoal comprar. Lydia Lunch foi basicamente isto, trinta minutos de spoken-word que souberam dividir opiniões: foi muito bom para uns e uma desilusão para outros. 


Lydia Lunch + Putan Club [Sabotage Club, Lisboa]



Texto: Sónia Felizardo
Fotografia: Virgílio Santos

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