Reportagem: Slowdive + Dead Sea [Hard Club, Porto]

Reportagem: Slowdive + Dead Sea [Hard Club, Porto]

| Março 11, 2018 5:15 pm

Reportagem: Slowdive + Dead Sea [Hard Club, Porto]

| Março 11, 2018 5:15 pm

Os ingleses Slowdive despediram-se de Portugal no Hard Club, na passada sexta-feira, 9 de março, depois de terem atuado no Lisboa ao Vivo no dia anterior. A banda britânica que entre 1991 e 1995 se afirmou como uma das revelações mais verosímeis do movimento shoegaze, estava de regresso ao país três anos depois da passagem pelo Vodafone Paredes de Coura, para apresentar Slowdive, o quarto disco de estúdio que chegaria 22 anos depois do último Pygmalion (1995), além dos temas mais marcantes da carreira. A abertura do evento, com chancela At The Rollercoaster, ficou a cargo do quarteto francês Dead Sea, que apresentava naquela noite os singles disponibilizados no Bandcamp, entre outros a integrar uma futura edição.

Previsto para as 20h00, o concerto dos Dead Sea começou por volta das 20h15 para uma sala ainda meia cheia, mas, ainda assim, curiosa para conhecer a “turbo chillwave“, termo a que os Dead Sea recorrem para definir a sua sonoridade. O quarteto francês formou-se em 2014, mas até à data não lançou nenhum registo além dos singles “8.50” e “Lotion” que fizeram obviamente parte da setlist do concerto no Porto. A abrir com o novo tema “Keep It High” uma coisa se tornou óbvia, os Dead Sea reconhecem os elementos mais alucinógenos dos Slowdive e enfatizam-lhe as cores, os tons e os sentimentos. O resultado disso foi essencialmente notório ao nível do espetáculo de luzes pelo qual se fizeram acompanhar, que se encontrava perfeitamente programado consoante a música que se ia ouvindo. 


DEAD SEA



Os Dead Sea são fãs da nova escola e o resultado da sua atuação é plausível sob os mais diversos pontos de vista, contudo, souberam manter um concerto eficiente que, embora começasse de uma forma dúbia acabou por ser uma boa experiência para a maioria dos que assistiram. De um total de oito canções apresentadas, os Dead Sea criaram uma coerente evolução sonora entre os primeiros temas e aqueles que encerraram o concerto – o que foi sentido nos aplausos que se foram ouvindo cada vez mais alto – e, além da vocalista que dançou sem parar, a última música, “Know Where”, fez ainda soltar alguns passos de dança entre os mais desinibidos. 


DEAD SEA



Ainda não eram 21h00, mas os Slowdive já tinham a sala quente para os acolher. Com o relógio a marcar as 21h20, o momento tão aguardado da noite finalmente começa: ouvem-se os primeiros gritos e aplausos e vimos os lendários Slowdive entrar em palco. Tudo neles nos parece um sonho, desde a música que produzem à sua performance em palco, contudo aqui, bastou ouvirem-se os primeiros acordes de “Slomo” para termos uma multidão hipnotizada pela nostalgia e o amor que os Slowdive nos fazem sentir. Acompanhada por Flo, o seu flamingo cor-de-rosa, no teclado, Rachel prendeu logo os primeiros olhares dos espectadores assim que a sua voz melancólica se fez ouvir no Hard Club. “Thank you Porto, how are you?”, disse Rachel findada a primeira música.


SLOWDIVE



Entretanto começam a ouvir-se os primeiros acordes de “Crazy For You” e a sensação que temos é que aqueles velhos amigos de há duas décadas atrás não envelheceram e que estamos ali a testemunhar um momento histórico. O som continua poderoso e Rachel vai dançando e encantando. Foi magnífico e o resultado surtiu nos aplausos que se fizeram sentir logo um pouco antes da música acabar, depois então, foi a sala 1 do Hard Club toda em êxtase e aos gritos de contentamento. Aqueles eram os Slowdive que acompanharam a banda sonora de muitos na adolescência, a banda de uma vida, eventualmente. Ouviram-se “Star Roving” e “Avalyn”, sentiu-se um calor infernal e depois “Catch the Breeze” enquanto o ar condicionado se fazia sentir. 


SLOWDIVE



“Souvlaki Space Station” fez iniciar um novo capítulo no concerto, que se ia rapidamente aproximando do fim, mas foi em “When The Sun Hits” que houve uma maior participação do público. Um dos grandes temas de carreira da banda britânica e definitivamente o mais aplaudido da noite, durante e pós performance. “Thank You” disse Rachel e partiram para “Alison”, tema também muito acarinhado, do lado do público. 


Para finalizar o espetáculo os Slowdive escolheram apresentar a sua versão de “Golden Hair”, tema original de Syd Barrett, que fez escurecer o palco – para a projeção de uma imagem do artista –  e encantou todos os presentes em sala. A performance vocal de Rachel foi tão poderosa e envolvente que, apesar dos pequenos dois minutos de duração, fez muitos afirmarem ser melhor que a versão original. Rachel saiu de palco assim que acabou de interpretar a letra da canção, deixando Nick Chaplin, Neil Halstead, Christian Savill e Simon Scott no controlo, até à despedida.


SLOWDIVE



Depois de terem abandonado o palco, os Slowdive regressaram para um encore de três canções “Don’t Know Why”, “Dagger” e para encerrar definitivamente, “40 Days”  que foi antecipada por um “Thank you, you’ve been amazing”. No total, a banda britânica tocou 16 músicas num concerto de duração aproximada a 90 minutos, onde Rachel dançou imparavelmente. Belo, mágico e especial.


Slowdive + Dead Sea [Hard Club, Porto]



Texto: Sónia Felizardo
Fotografia: David Madeira
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