7 ao mês com David Bruno

7 ao mês com David Bruno

| Abril 15, 2018 7:06 pm

7 ao mês com David Bruno

| Abril 15, 2018 7:06 pm

Num mundo cada vez mais inovador é necessário juntar o útil ao agradável quando se cria ou faz algo de inovador. A Threshold Magazine decidiu então criar em 2018 uma nova rubrica mensal, feita por quem faz a música ou quem a faz chegar até nós. Uma playlist, 7 músicas, como os dias da semana, e uma banda, artista ou promotor por mês.


7 ao mês é a rubrica, que desta vez conta com a participação de David Bruno, herói de Mafamude, romântico como o Marante, apaixonado tipo Toy.

Chicano Batman – Magma (2014)


Considero-me um gajo latino. E como tal, bandas como os Chicano Batman levantam-me a líbido e dão-me vontade de vestir a minha melhor camisa, pentear o cabelo como manda a lei e sair disparado pelas ruas do mundo a espalhar o melhor charme que conseguir. Este “Magma” deixa-me todo alvoriçado e peço muita atenção (mesmo) para o solo que aquele guitarrista (que podia ser perfeitamente um sócio qualquer de Ermesinde que gosta de parar nas bombas da Repsol) faz ao minuto 1.42: o seu nome é Carlos Arevalo e eu admito que o invejo muito por não saber fazer aquilo.


Los Sospechos – Jano’s Revenge (2013)

LA é a minha cidade favorita a nível musical. Pelo hip hop laidback, pelo gangsta rap (que ali faz mais sentido que em qualquer lado do mundo), pelos beatmakers e (não me querendo repetir) pelas bandas latinas que lá estão a aparecer. Este som faz-me lembrar um daqueles Berdadeiros que estão nas cidades da periferia do grande Porto (pode ser Valongo) à porta do café a fumar e a olhar para os carros que lá passam com a cara cheia de rugas e algumas cicatrizes espalhadas pelo semblante. Isto é mau. Isto faz um gajo fazer cara feia enquanto abana a cabeça. Isto faz um gajo bater no peito como o Eddie Guerrero.


BADBADNOTGOOD & GHOSTFACE KILLAH – Tone’s Rap (Instrumental) (2014)

Sempre fui fã dos BadBad. Mas isto aqui é diferente. Que me perdoem os fãs de Ghostface (eu também sou muito), mas este instrumental é qualquer coisa e prefiro ouvi-lo assim, cru. Este instrumental não é o habitual soul jazz cenas do coração lindo e profundo. Isto é lindo e badalhoco ao mesmo tempo. Isto é o mano que já foi campeão de futebol e agora trabalha no talho, isto é o empresário têxtil que perdeu tudo no casino e se divorciou, morando agora num anexo em Guifães. Isto não é música de garotada, isto é música sentimental para homens de barba rija. Isto é daquelas cenas que podia tocar num tasco qualquer em Campanhã e os locais iam gostar.


Brownout Presents: Brown Sabbath – Planet Caravan (2014)

A minha música favorita dos Black Sabbath é a “Planet Caravan”. Quando soube que uns manos latinos de LA fizeram um álbum de covers de Black Sabbath, adivinhem qual foi a primeira música que fui procurar no seu repertório? Certo. “Planet Caravan”. E quando a ouvi fiquei tolo. Se a original já era uma obra prima digna de altar, esta aqui, com congas, maracas, trompetes e um topping tropical de solos à Santana é daquelas excepções à regra em que o cover consegue ultrapassar o original (mesmo o original sendo lendário). Mais uma vez, e como adoro guitarradas, peço atenção ao solo que começa ao minuto 3.24. O nome deste homem é Adrian Quesada e sustenta a minha teoria que os latinos são os melhores a destrocar umas guitarradas daquelas de lamber quilhão. Acrescento só que o outro guitarrista desta banda se chama Beto Martinez, e só isso já era suficiente para me fazer gostar desta banda.


Axiom Funk – Pray My Soul w/ Eddie Hazel (1995)

O Projecto Funkcronomicon montado por Bill Laswell em 1995 é uma amálgama de músicos e estilos. Considerado como um álbum de P-Funk e conta com as intervenções de Bobby Byrd, Maceo Parker ou George Clinton. Mas lá pelo meio, é Eddie Hazel (Parliament-Funkadelic) que me deixa os pelos do cachaço eriçados com esta faixa que prova porque é a Rolling Stone o colocou no top dos 100 melhores guitarristas de sempre.


The Black Beats – The Mod Trade (1999)
Simla Beat 70 e 71 foram dois concursos de bandas decorridos em Bombay nos anos de 1970 e 1971. Quem ouvir os discos e prestar atenção aos que por lá se destacaram poderão rapidamente perceber que os indianos são uns gajos extremamente fodidos. Os indianos não copiam ninguém: quando os indianos copiam estilos ocidentais transformam-nos de tal forma que a fonte é completamente irrelevante porque o que dali nasce é quase sempre uma coisa completamente original. No cinema é a mesma coisa: O Rambo de Bollywood? Para mim, tem mais personalidade que o americano. Mas voltando à musica e a esta faixa: gosto desta merda para mundial. E mesmo não sabendo quase mais nada sobre esta banda, agradeço-lhes por terem feito este pedaço que música que tantas horas me entreteu nos últimos anos.


The Albert – Pity The Child (1970)

A faixa “1993” do álbum Of Cities de 2009 do Nova Iorquino Dj Signify é uma das minhas músicas favoritas de sempre. Perdi a conta às vezes que a ouvi e as horas que passei a estudar cada detalhe da sua composição. Quando descobri de onde vieram aqueles acordes que hipnotizaram, hipnotizam e hipnotizarão fiquei grato por ser um fã da arte do crate digging. The Albert provam a minha teoria que 1968-1971 foi o período mais rico na história da música.
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