JOY/DISASTER
Ressurrection

| Maio 4, 2018 2:15 pm
Ressurection // Manic Depression // março de 2018
7.0/10

Os franceses JOY/DISASTER regressaram este ano aos discos com Ressurection, novíssimo disco com o selo Manic Depression Records que chegou às prateleiras em março deste ano, cinco anos depois de Broken Promises. Conhecidos pelas suas sonoridades post-punk, envolvidas em camadas melódicas, neste Resurrection a banda explora com mais pormenor as ondas do rock e subgéneros num disco coeso que tem tudo para resultar, tanto em estúdio como ao vivo. Formados em 2005 os JOY/DISASTER editaram até à data (incluindo este Ressurection) seis discos, sendo que StäyGätôW (2010) – disco explorativo e revivalista dentro de géneros como o post-punk, coldwave e rock gótico dos nostálgicos anos 80 – foi o mais bem recebido até à data. No currículo colecionam ainda uma série de partilhas de palco com bandas como The Chameleons, Pink Turns Blue, Gene Loves Jezebel, 45 Grave, Cinema Strange, Paradise Lost, Combichrist, Suicide Commando, Covenant ou Front 242, por exemplo. 

Neste Ressurection a equação composicional já utilizada em registos anteriores mantém-se e, logo às primeiras audições, sobressaem temas como “Let It Bleed” (curiosamente parecido com “New Generation”) que, independentemente de não ter nada a ver em termos sonoros, é inegável a lembrança aos icónicos Joy Division como influência, quando se pode ouvir no refrão “She’s Lost Control” (e o próprio nome da banda inicia com Joy). Mas depois também há temas como “Enclosed”, que logo no início faz lembrar um bocadinho Opeth, passando a ser sobreposto por aqueles riffs de guitarra do rock progressivo que proporcionam uma toada estética inegável. Aliás, a guitarra de Simon Bonnafous neste Resurrection é tão poderosa que, em várias músicas, consegue deixar a sua marca de destaque. 




Apesar de não ser um disco de sonoridade propriamente revolucionária, Ressurection consegue entreter e cativar um ouvinte menos exigente, e destacar-se ainda em faixas como as belíssimas “My Secret Garden” e “Swallow”. A voz textural de Nicolas Rohr (guitarra, voz principal), que se adapta aos ritmos e tonalidades que as músicas deste LP vão apresentando, também é um dos aspetos positivos do álbum. Sem copiar as tonalidades características das grandes bandas que operam neste género, Rohr consegue cantar e transmitir emoções, como acontece por exemplo em “Kisses and Pain”, “Million Faces” ou no tema de encerramento, o homónimo “Resurrection”. 



Ao sexto disco de estúdio os JOY/DISASTER mostram que o rock não está morto e que, apesar do período de hibernação e do in vogue da música eletrónica, ainda é possível lançar um disco rock sem se tornar automaticamente maçudo ou uma cópia a papel milimétrico de tudo o que já foi feito. Não é o melhor disco dos JOY/DISASTER mas é definitivamente um disco que tem umas malhas interessantes para quem não se inibir de o ouvir até ao fim. Podem comprar o disco aqui.


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