Raskolnikov
Hochmut kommt vor dem Fall

| Maio 14, 2018 2:49 pm

Hochmut kommt vor dem Fall // Manic Depression // outubro de 2017
7.5/10

Os Raskolnikov são uma banda que cria músicas tipicamente sombrias, mas ricas em instrumentais e melodias que ficam facilmente presas na cabeça. A banda formou-se em Geneva, em 2015 e atualmente divide membros entre a França e Suíça. Apesar de serem “novos” dentro do panorama musical, uma vez que apenas lançaram um EP em 2016, o trio tem vindo a destacar-se dentro da comunidade underground com este disco de estreia Hochmut kommt vor dem Fall, lançado em outubro do ano transato, com o selo francês Manic Depression Records. Assim só para os mais curiosos, se fizerem uma pesquisa rápida no Google verão que o nome da banda é influenciado no nome do personagem principal do livro “Crime e Castigo” de Dostoiévski que, em termos de personalidade é cindido e atormentado (flutuando entre os extremos do altruismo) à semelhança da música que os Raskolnikov fazem. 

Este Hochmut kommt vor dem Fall começou a ser gravado em junho de 2016 no estúdio Château Rouge em Annemasse, França e conta com um total de sete canções originais, profundamente influenciadas pelas bandas de rock, post-punk e new-wave do final dos anos 70 e início dos anos 80, mas também por bandas mais recentes, como é o caso dos Interpol, em temas como “Stockolm”, “3:00 am” ou o homónimo “Hochmut kommt vor dem Fall”, onde a voz de Mathieu Pawełski-Szpiechowycz traz automaticamente à memória o timbre vocal de Paul Banks. Mas os Raskolnikov não se ficam por aqui e exploram ainda alguma synth-pop e a darkwave de bandas mais atuais (a título de exemplo mencione-se She Past Away) em singles como “Hunde sind an der Leine zu führen” ou até mesmo já referido “3:00 am”. 


O tema que mais se destaca neste disco é, indiscutivelmente, “It’s going to be fine after all”, que encerra este Hochmut kommt vor dem Fall de forma seminal, expondo uma sonoridade completamente fora da abordagem dos restantes singles ao posicionar-se nas paisagens do post-rock e até mesmo algum doom metal. Mas o mais interessante deste single é que a voz de Mathieu Pawełski-Szpiechowycz – e inclusivé a forma como este canta – faz lembrar Varg Virkenes em Burzum, no seu aclamadíssimo single “Dunkelheit”. Definitivamente o tema mais ambicioso do disco e, eventualmente, aquele que poderá vir a definir novos horizontes musicais na discografia dos Raskolnikov (e que era excelente, era). 




Assim em resumo, neste Hochmut kommt vor dem Fall os Raskolnikov trazem essencialmente uma aura nostálgica, transmitida numa sonoridade que vai beber influências do post-punk ao kraut-rock e, eventualmente, algum shoegaze. Apesar da voz de Szpiechowycz soar muito semelhante à do Paul Banks – o que para grandes fãs dos Interpol pode não ser ouvido de bom grado – este Hochmut kommt vor dem Fall é um bom álbum para quem gosta dos sons da vanguarda, apresentando-se igualmente como um bom marco de estreia, por saber conjugar diferentes sonoridades sem criar uma tendência exata. Isso torna-se evidentemente claro na última faixa do disco, ao deixar as portas completamente abertas para aquilo que virá depois.


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