Lebanon Hanover em entrevista: “Estagnação é um cepo que no final leva os artistas à morte”

Lebanon Hanover em entrevista: “Estagnação é um cepo que no final leva os artistas à morte”

| Dezembro 28, 2014 2:03 am

Lebanon Hanover em entrevista: “Estagnação é um cepo que no final leva os artistas à morte”

| Dezembro 28, 2014 2:03 am

Os Lebanon Hanover, um dos nomes fortes no revivalismo do pós-punk, estrearam-se em Portugal no Entremuralhas em 2013. Depois de três álbuns editados, e um futuro sucessor a sair em 2015, estivemos à conversa com o músico William Maybelline, do duo. O resultado: 

 Threshold Magazine – Antes de partirmos para questões relacionadas com o trabalho que têm produzido, gostaríamos de saber como começou Lebanon Hanover. Sabemos que se formaram entre Berlim e Newcastle, mas como se conheceram e qual o objectivo da banda? 

William Maybelline – Nós conhecemo-nos online através de interesses comuns, enviando a cada um links de musica que nós gostávamos. A comunicação foi fácil, nós falámos sobre umas férias até Newcastle, sem nenhuns objectivos determinados mas apenas para desfrutar juntos de pensamentos e ideias comuns, vendo as paisagens do nordeste.



Criar música juntos nunca esteve na agenda, mas surgiu mais como uma força que por si só cresceu, assim começámos a construir as músicas. Através da construção de mais singles estas tornaram-se no que nós queríamos atingir, naquilo que amamos na música.
Desde o início nos tínhamos uma grande vontade de nos focarmos mais nos sentimentos  transmitidos pela música a fim de criar sonoridades que iriam coincidir com o nosso humor, com a nossa existência, o interior do núcleo dos nossos sentimentos.

TM – Em Tomb For Two é possível verificar um maior experimentalismo face aos anteriores dois álbuns nomeadamente nos singles “Hall Of Ice” e “Autufocus Has Ruined Quality”. Pretendem continuar a explorar novos elementos num novo trabalho? 

WM – Para começar, nada do que nos fazemos é fingir, para sermos sinceros no fundo, tudo o que nós fazemos é honesto e genuíno. Desde o início o nosso ethos era experimentar o momento em que nos conhecemos a nós mesmos com um computador, uma guitarra que independentemente do som produzido, nós conseguiríamos moldar a fim de sincronizar a nossa visão.

TM – Falando em novos trabalhos. É expectável um novo álbum para 2015? Se sim, podes revelar detalhes? 

WM – Será lançado um novo álbum gravado na nossa amada Atenas no dia 27 de Fevereiro. Podem esperar que vos mostremos algo de diferente, aquilo que ambos aspiramos em  fazer sempre em cada álbum que lançamos. Não esperem que uma banda em florescimento/ fique a mesma ao longo do tempo… Isso seria estúpido, estagnação é um cepo que no final leva os artistas à morte.



TM – A sonoridade dos Lebanon Hanover é bastante sombria. É possível descrever a banda através do lema “Sadness Is Rebellion”? 

WM – Claro que nos podem considerar sombrios, é possível que as lágrimas sejam a nossa revolução.




TM – Ao ouvir em loop “Sunderland” veio-nos em mente a possibilidade de encontrar nos futuros trabalhos estes elementos minimais e de inquietação mental. Pretendem voltar a introduzir este resultado da “desordem mental”, ou não está em planos futuros? 

WM – A desordem mental é sempre aparente, nós estamos em fluxos constantes de frames mentais. Tudo o que é produzido é alimentado por estados mentais.  O resultado de uma musica advém consoante a situação na nossa vida.



TM – Fora do trabalho dos Lebanon Hanover. O que sentes em relação à sociedade em geral? Por exemplo, no que toca a relações, aos interesses, modos de vida, etc… 

WM – Eu tenho pensado nisso frequentemente e cheguei a uma conclusão comigo mesmo, desde que  eu não esteja aqui para mudar ninguém e o mundo exista como um todo.  Quanto a mim, eu deduzo-me a partir do sistema onde prefiro desaparecer, mas, ao mesmo tempo, eu não posso negar que sou um visionário, uma pessoa que escuta, mas que fica arruinada pelas tragédias do século. Eu consigo sentir-me triste relativamente à sociedade, a forma como algumas pessoas comunicam e lutam entre elas põe-me em baixo. Vejo muitas pessoas perdidas e confusas, mas isto inclui-me a mim às vezes. O que posso eu fazer? Nós coexistimos na confusão, estamos todos na borda do topo do penhasco, de certa forma.

TM – Podes dizer-nos que artistas/bandas tens andado a ouvir ultimamente? 

WM – Recentemente Wim Mertens – maioritariamente a soundtrack do The Belly Of An ArchitectCultes des Ghoules, X-TG, Mephisto Walz A lista continua, eu tenho uma mente muito aberta por isso mantenho o meu coração e ouvidos abertos para qualquer coisa que me encante.

TM- Estrearam-se em Portugal no Entremuralhas em 2012, o que acharam do país? Estão a pensar voltar a Portugal? 

WM – Tocar em Portugal pela primeira vez foi simplesmente amável e apaixonante, nós ficamos encantados pela beleza desnudada das ruas de Leiria. No entanto foi apenas o início, o castelo também nos mimou. Ficámos completamente cativados por este monumento arcaico. Voltar seria mais do que um prazer para nós!

TM – Muito Obrigada pela entrevista!

WM – Muito Obrigado! Cumprimentos calorosos.
FacebookTwitter