Mel Azul
Bonde do Esgoto

| Janeiro 9, 2015 8:04 pm

Bonde do Esgoto // Uivo Records // Outubro de 2014 

7.2/10

Formados em 2008, em São Paulo, os Mel Azul surgiram como uma banda de rock instrumental psicadélico, característica que influenciou os primeiros trabalhos de estúdio, nomeadamente o álbum de estreia Luz Alem (2012). Apesar de ser uma boa estreia, não só pelo facto de se tratar de um álbum instrumental e com arranjos musicais bastante interessantes, a banda ainda se encontrava numa fase experimental e este segundo álbum vem salientar isso mesmo. Fugindo às raízes instrumentais, Bonde do Esgoto podia ser facilmente visto como um álbum feito para trollar a indústria musical, não pela mudança brusca entre ambos os trabalhos, mas por este rock foda, termo cunhado pela própria banda, cujas letras falam por si.


Assim conjugando a electrónica ao rap, e inserindo muito rock psicadélico, a banda apresenta na lírica de “Essa É Pras Criança”, não só um resumo do seu percurso (“começamos como uma banda instrumental, mas era só brisinha, não tinha vocal”), mas também uma introdução ao que se poderá ouvir ao longo das oito composições, ou seja, para aprendermos “como se faz”. Agora, em formato 5 MC’s de flows tão diversos e caóticos, o único pré requisito para audição do álbum, em análise, é o bom humor, na sua ausência, prosseguir na audição deste trabalho será tempo perdido. A menos que o leitor já se encontre medicado com “Erika”.


Ainda numa introdução relativamente calma, “O Nome Dele é Garoto”, apresenta-se como uma das faixas mais dançáveis do disco ao aproximar-se do seu fim. Os ingredientes na sua confecção são simples, e resultam numa das melhores faixas do álbum. “Chop”, o single mais experimental do álbum é também o mais facilmente adaptável a qualquer ouvido. Numa sonoridade bastante acessível, aliada a uma boa produção, a banda consegue assim um single que serve para fazer uma pequena pausa à dose letal que este segundo trabalho de estúdio pode provocar. 


Em suma, Bonde do Esgoto marca uma sonoridade própria em Mel Azul, reflectindo assim, em formato LP, um retrato crítico da cidade nativa. Um álbum para ouvir nas noites onde o objectivo principal é “dar tudo”.


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