Motorama
Poverty

| Fevereiro 17, 2015 5:43 pm



Poverty // Talitres Records // Janeiro de 2015

6.5/10

Fortemente inspirados pela correntes musicais dos anos 80, nomeadamente o post-punk, e a new wave, os Motorama vêm da Rússia, e após dose tripla em Portugal, em apresentação de Alps (2010) e Calendar (2012), 2015 marca o seu regresso aos trabalhos de longa duração através do recém lançado Poverty, terceiro álbum de estúdio da banda. A carta de apresentação deste disco surgiu inicialmente em Novembro através do single “Dispersed Energy”, segunda faixa na tracklist, e um primeiro avanço a mostrar-se comprometedor na espera pelo que aí viria. Um single onde o baixo fala por si e onde o sintetizador abafa as habituais guitarras com riffs à la indie rock.  
Poverty segue a linha dos anteriores trabalhos e acaba por ser uma boa tentativa dos Motorama, embora que, pouco surpreendente. O post-punk é um dos géneros cuja indústria promete crescer nos próximos tempos, e Poverty não é de todo um álbum a influenciar este hype inicial.  A sua audição constante, facilmente conduz o ouvinte àquela linha monótona que se encontra presente nos seus anteriores longa duração. Se as apostas feitas em “Dispersed Energy” eram elevadas, poucos são os singles , encontrados neste terceiro longa duração, que se conseguem colocar ao mesmo nível. E os que estão nível só se encontram já no finalizar do álbum. O que não é errado, advirta-se desde já. Afinal pode ser que seja ao quarto álbum de estúdio que os Motorama consigam trazer algo de inovador no seu trabalho.

No entanto, para os fãs acérrimos do quinteto, a fórmula usada em Poverty, pode ser interessante dado que lhes transmite um conforto pelas suas composições bastante fiéis, nomeadamente em “Red Drop” e “Heavy Wave”, enquanto que lhes vai abrindo as portas para um fim mais inovador ao conhecido até aqui. Singles como “Lottery” e “Old” apresentam ambos uma percussão mais notada e colocam-se na mesma linha de “Dispersed Energy”, embora nunca acabam por funcionar como uma surpresa no seu todo. E é aí que se encontra igualmente o erro na aplicação da fórmula deste novo álbum; o facto de se ter de esperar vinte e seis minutos depois da reprodução de “Corona” para ouvir algo interessante. Poverty podia ser um álbum a demarcar 2015 se os russos decidissem explorar improvisadamente as suas capacidades de músicos. 

“Write To Me”, o grande single de encerramento, é uma das melhores faixas a residir na actual discografia dos Motorama.  Os efeitos dos sintetizadores,  a funcionar como base na composição, transmitem uma sensação de confusão e indefinição existencial, essa sensação pela qual se espera desde Calendar e que só se encontra no fecho do álbum. Pena não servir igualmente como um todo para desviar a banda de uma eventual estagnação sonora.

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