The Soft Moon
Deeper

| Fevereiro 10, 2015 3:22 pm



Deeper // Captured Tracks // Março de 2015

8.8/10



Depois do homónimo The Soft Moon e Zeros, ambos lançados pelo selo Captured Tracks, Luís Vasquez anunciaria o seu regresso com Deeper, terceiro álbum de estúdio que viria a marcar uma fase mais experimentalista nos seus trabalhos anteriormente lançados até aqui. Se, em “Parallels” e “Breath The Moon”, The Soft Moon se apresentava com as habituais características da darkwave, mas em sintetizadores mais conformistas, em “Black”, Vasquez conduz-nos para a sua veia mais negra já anteriormente pré-pensada em Zeros. Embora os sintetizadores abusivos de “Remember The Future” sejam tão pouco notados nos onze tracks de Deeper, em “Black” essa ausência não é assim tão denotada, e é isso que faz este terceiro trabalho de estúdio manter-se uma obra fiel à discografia de The Soft Moon até aqui.


“Far” volta a trazer-nos os sintetizadores do álbum de estreia. Se, apesar de ser de fácil associação do post-punk como um género de difícil inovação, The Soft Moon tem vindo a comprovar, ao longo da discografia, que ele o sabe bem como fazer. “Want”, de Zeros, foi um dos melhores singles e vídeos musicais de 2013. Todos os instrumentos da world music ali faziam de The Soft Moon um dos nomes a marcar a década de 10. E a verdade é que este o continua a fazer, seja em formato world music ou numa balada da cold wave, presenciada no refrão de “Wasting”. O single homónimo, “Deeper” é um retrato da evolução da trip de “Want”. Talvez seja este novo álbum parte de um álbum que engloba uma música de toda a evolução de Vasquez. Se o é, está a ser muito bem feito.


Luís Vasquez tem em si uma enorme genialidade. Todas as composições sob o nome de The Soft Moon têm por trás a sua assinatura na produção, voz, lírica e instrumentos. Deeper é um álbum que demarca o ano essencialmente pelas letras de todas as composições. “And I Am Left To Die Alone” é uma das frases mais profundas de Deeper, a frase que mais demarca a confusão do existencialismo, e que pode ser reproduzida em “Desertion”. Em “Feel”, Vasquez vai ainda ao extremo máximo cantando “Why Are We Alive?”, um single completamente existencialista que compõe em Deeper um retrato puro da procura incessante pelo problema do sentido da vida. 


Por fim, uma excelente composição noise, em “Being”. O início, em formato gravação cassete, reproduz em loop “I can’t see my face/ I don’t know who I am/ What is this place?/ I don’t know where I am”. Puro noise até aos últimos minutos. O mais recente trabalho de The Soft Moon não é um disco para qualquer ouvido.
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