Ash Code em entrevista: “Este tipo de música funciona como o antídoto”

Ash Code em entrevista: “Este tipo de música funciona como o antídoto”

| Março 2, 2015 9:25 pm

Ash Code em entrevista: “Este tipo de música funciona como o antídoto”

| Março 2, 2015 9:25 pm
Tivemos a oportunidade de entrevistar os italianos Ash Code que vão pisar palcos nacionais, na sexta edição do Entremuralhas 2015. Tendo-se demarcado como uma das grandes revelações da coldwave/darkwave-postpunk europeia, após o lançamento do álbum de estreia, Oblivion, o trio respondeu-nos prontamente às oito perguntas que lhe colocámos. 

Threshold Magazine – Antes de partirmos para a exploração em volta do sucesso do vosso álbum de estreia gostaríamos de saber como começaram os Ash Code. Como se formaram, objectivos… 

Alessandro: Eu comecei o projecto em Janeiro de 2014, com a gravação de duas demos em estúdio que eu já tinha feito, foi quase como um jogo. Então decidi pedir algumas sugestões de melodias em sintetizadores à Claudia e ela trabalhou nelas muito bem. Posteriormente fiz o upload destas duas canções para o soundcloud, e o feedback que recebemos foi instantaneamente positivo, então decidimos fazer desta banda, uma banda a sério incluindo o meu irmão gémeo, o Adriano, no baixo.

TM – A primeira música que ouvimos dos Ash Code foi a cover do “I Can’t Excape Myself”, original dos The Sound. E foi a principal razão que nos levou a ouvir o Oblivion em loop na íntegra. Quais são as vossas principais influências? 

Adriano: Nós somos grandes fãs dos The Sound. Adoramos várias bandas dos anos 80, nomeadamente The Sisters Of Mercy, Bauhaus, New Order, mas também gostamos de bandas modernas como Din [A] Tod.

TM – Por falar no Oblivion, ele foi um sucesso na imprensa musical na altura em que saiu, e até para nós é de facto um álbum que afirma que o post-punk e os seus subgéneros serão uma forte aposta na cena da música nos próximos tempos. Na produção e composição do álbum quais foram os objectivos que pretendiam atingir? Sentem que foram cumpridos? 

Claudia: Durante o processo de composição e gravação nós tentámos fazer músicas que soassem de forma semelhante às nossas músicas favoritas, mas com algo fresco e novo, músicas que representassem os tempos actuais e não apenas uma cópia do passado. Depois tentámos descrever e comunicar alguns sentimentos onde as pessoas se podiam sentir a si próprias. Nós acreditamos que é importante experimentar sempre novas fórmulas como músicos, e esperamos ter conseguido transmitir isso. 

TM – Em Oblivion é facilmente encontrado um lado mais dark, nomeadamente em singles como “Empty Room”, mas igualmente um lado mais fofinho em singles como “Drama”. No futuro pensam em explorar mais que géneros? A voz feminina de Claudia poderá ser ouvida eventualmente num single mais sombrio que “Drama”? 

Alessandro: Não há limites, geralmente nós fazemos tudo aquilo que temos nas nossas mentes, esperamos desenvolver a nossa sonoridade e fazer algo diferente do que o nosso primeiro álbum. Actualmente estamos a trabalhar noutras canções com a voz da Claudia e composições com duas vozes. No momento, ainda não podemos revelar como irão soar.

TM– Ainda se encontram em tour de Oblivion, no entanto, pode ser esperado um novo trabalho em formato curta ou longa duração para 2015? Se sim, já é possível revelar pormenores? 

Claudia: Até agora, temos 6/7 músicas novas. E penso que iremos voltar ao estúdio em Junho novamente, e esperemos lançar um novo LP no outono de 2015.

TM – Depois de uns anos em que o psicadélico continua a dar cartas nos novos festivais, sentem que é no final da década de 10 que finalmente possa haver uma revolução musical? Isto é, a níveis económicos, são cada vez mais os países a reprimirem os cidadãos com regras e condições de vidas difíceis para os sonhadores e são cada vez mais os projectos musicais que se decidem manifestar através da dark electronics, synth post-punk, coldwave, entre outros. Sentem que no futuro seja esta coldwave que se manifeste em revolução de uma década decadente? 

Claudia: Eu comecei a ouvir este tipo de musica quando tinha uns 12 ou 13 e lembro-me que na altura, o darkwave e post-punk não eram tão valorizados como agora. Eu julgo que este tipo de música descreve perfeitamente a preocupação da qual abordavam na questão, já que é na coldwave que se conseguem encontrar sons obscuros que evocam o isolamento do homem contemporâneo. Acho que ele próprio se sente excluído da sociedade, e este tipo de música funciona como o antídoto. Por isso, sim, acredito que este género irá crescer cada vez mais, mesmo que num estilo mais moderno

TM – Podem dizer-nos que bandas têm andado a ouvir ultimamente? 

Alessandro: Na nossa playlist, temos o Lament dos Einstürzende Neubauten e The Gold Night dos White Hex, entre outros. Os novos LP’s de The Soft Moon e dos A Place To Bury Strangers parecem-me igualmente bastante interessantes.

TM – Vão estrear-se em Portugal em Agosto no Entremuralhas. Quais as expectativas para Portugal em termos de público e de ambiente?

Adriano: Há uns tempos atrás nós vimos vários vídeos do festival no youtube, e ficamos fascinados com o espaço, particularmente pelo palco e respectivas performances na Igreja da Pena. Receber um convite para tocar neste festival e ainda para mais naquele palco foi uma  proposta bastante excitante. Nós temos bastante feedback de fãs portugueses e esperamos honestamente um grande festival de um concerto escaldante.

TM – Foi um prazer falar convosco!


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