Agent Side Grinder
Alkimia

| Abril 8, 2015 11:02 pm
Alkimia // Progress Productions // Março de 2015
6.3/10

Os Agent Side Grinder, banda de Estocolmo, editaram no passado mês de Março, Alkimia, o seu quarto álbum de estúdio em cerca de dez anos de carreira, que sucederia assim Hardware(2012). Antes de se partir para a exploração abrangente deste novo trabalho de estúdio do quinteto escocês, é importante ter em mente uma noção da sonoridade base da banda: os dois primeiros álbuns, Agent Side Grinder (2008) e Tape Recording Irish  (2009) ganharam as suas raízes no post-punk, industrial e dark-electronics, por sua vez Hardware mostrava uma banda focada na electrónica Kraftwerkiana, embora num registo mais sombrio. Assim, Alkimia é visto como um álbum muito aguardado pelo facto de funcionar como  uma surpresa. A mudança registada no período de 2012, viria a questionar como soariam os Agent Side Grinder num novo álbum, e, Alkimia é assim uma forma de resposta a essas dúvidas, acabando por funcionar como o álbum que se encontra na passagem brusca entre as sonoridades de Tape Recording Irish e Hardware.

A banda que se estreia em palcos portugueses em Agosto, na sexta edição do Entremuralhas, abre Alkimia com “Into The Wild”, um single banal, do ponto de vista estético. A linha do baixo inicial é facilmente encontrada em díspares bandas dentro do género do post-punk, e os sintetizadores são equiparáveis aos nomes da dark-synth wave actual como Ash Code, Lebanon Hanover e Selofan. E a mesma onda mantém-se em “New Dance”, no entanto, de forma central no seu início. Perto dos dois minutos de avanço é introduzido um sample de um som característico de despertador, posteriormente um riscar de guitarra desvanecido ao fundo, no entanto a experimentação fica-se por aí


Um dos grandes momentos de Alkimia encontra-se em “Giants Fall”, terceira faixa da tracklist, que serviu como um dos avanços deste novo trabalho e é apresentada de forma nostálgica, por entre os sintetizadores da new wave. A voz de Kristoffer Grip, no referido single, mostra uma fase menos obscura e consequentemente uma melhor recepção pelo público massivo, a nível de sonoridade final. Os Agent Side Grinder continuam a apostar na voz mais forte e nas atmosferas sombrias, no entanto fazem-no de forma coesa e pouco massiva para os ouvidos e “Void (The Winning Hand)”, faixa que serve de final a esta viagem pelos primeiros dois trabalhos de estúdio, retrata-o eficazmente. 


Em “For The Young” encontra-se outra faixa interessante neste novo trabalho; a explorar essencialmente as sonoridades de Hardware e a concentrar-se, iguamente, numa fase mais electrónica, com arranjos na produção extremamente interessantes. O som do teclado, que aparece por volta dos dois minutos e vinte segundos, abre uma áurea contemporânea à sonoridade dos suecos Agent Side Grinder e acaba por funcionar como um bom futuro a investir em trabalhos futuros. Esta mesma faixa é igualmente uma boa sinopse para o presente álbum, dado que reúne em si um pouco de tudo o que o quinteto nos mostrou até hoje. 


Posteriormente, em “Hexagon” observa-se um início com sonoridades electrónica bastante apelativas, contudo, este acaba por se tornar num single monótono nas suas constantes reproduções. O ponto alto de Alkimia encontra-se mesmo só no final, em “Last Rites”. Aqui vimos sim, uns Agent Side Grinder mais maduros, mais próximos a uma sonoridade à lá Dead Can Dance, mas sempre com um toque mais pessoal, o que é bom. Certamente, se investissem em mais singles, como este, poderiam ter um álbum a dar que falar em 2015. Fica-se pelo razoável e com direito a reproduções apenas nos dias nostálgicos. 

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