Mikal Cronin
MCIII

| Abril 25, 2015 3:42 pm
MCIII // Merge Records // Maio de 2015
5.7/10

Mikal Cronin já não é desconhecido, e, depois de dois álbuns bem recebidos pela crítica, o norte-americano volta a apostar numa instrumentalização denotada por sobre o seu vibe garage, inicialmente apresentado no álbum homónimo. No entanto o seu registo habitual nunca é abandonado, e Mikal Cronin volta a apostar num álbum de baladas, enriquecidas instrumentalmente, que tendem como resultado a um paralelismo entre trabalhos, o que faz deste novo registo como que, uma continuação de MCII (2013).

Em MCIII há uma tendência mais notada para o folk, embora Mikal Cronin sempre o embale com o seu toque power pop já anteriormente tecido no seu segundo álbum, afinal está comprovado os seus trabalhos em Ty Segall Band, e o fuzz abusivo estão de certa forma excluídos deste novo registo. A guitarra garage-folk de Mikal Cronin (2011) parece estar mais calma, mas mais bem trabalhada como se pode ouvir em “i) Alone”. Mikal Cronin mantém o seu toque pessoal e continua a manter presente essa sonoridade avançada no álbum de estreia. “ii)Gold”, é uma prova, auditiva, e para além de manter a sua sonoridade fiel, o músico norte-americano agarra naquilo que aprendeu com Ty Segall e aplica-o de uma forma bastante interessante por volta dos dois minutos e quarenta e cinco de avanço. A guitarra, de toque japonês, é embebida nos clássicos riffs distorcidos da guitarra eléctrica num final que se apresenta repentino, mas extasiante e a desejar mais. O grande single de MCIII é “iv)Ready”, faixa que abre com aquilo em que Mikal Cronin é bom a fazer, a tocar guitarra. E apesar da composição base extremamente simples, acontece magia por volta dos dois minutos de avanço, e nessa pausa breve, Cronin arranca a distorcer a guitarra conterrânea, num dos melhores vinte segundos presentes neste terceiro trabalho de estúdio. Pena serem poucos os singles bons de MCIII que se contem pelos dedos.

Em “Feel Like”, observa-se um Cronin novamente muito fiel ao seu registo anterior, mas a trazer um estagnação na musicalidade. Há uma semelhança muito próxima a singles como “Peace Of Mind” o que conduz a uma monotonia na sonoridade geral do compositor norte-americano. A aposta mais forte é ao nível dos violinos e apesar de construírem bons pormenores, apresentam um lado exageradamente melódico, face ao que era expectável neste novo trabalho de Mikal CroninAinda sobre esta monotonia, podem-se incluir as faixas “Turn Around” e “Made My Mind Up”, ambas as quais poderiam fazer parte da tracklist do trabalho anterior, MCII, sem se notarem grandes diferenças na composição global deste. A guitarra desta última pode eventualmente ser marcante, mas não acrescenta nada de novo ao que Mikal Cronin nos mostrou anteriormente. 


E é esse o problema deste álbum, o problema de transmitir uma estagnação ao ouvinte que não deveria sequer ser denotada. Falta ao músico arriscar, usar as boas bases que tem e aplicá-las numa nova sonoridade. “v) Different” pode resultar como essa “nova sonoridade”, mas não me refiro às músicas mais clássica e com violinos, falo sim de uma percussão denotada a marcar ritmo, juntamente com as guitarras lo-fi a desenharem um verão mais colorida, através dos seus diversos efeitos. MCIII cai assim na prateleira dos álbuns ouvidos, mas irrelevantes.
FacebookTwitter