Reportagem: NOS Primavera Sound 2015 – Parque da Cidade [Porto]

Reportagem: NOS Primavera Sound 2015 – Parque da Cidade [Porto]

| Junho 13, 2015 7:34 pm

Reportagem: NOS Primavera Sound 2015 – Parque da Cidade [Porto]

| Junho 13, 2015 7:34 pm



A quarta edição do NOS Primavera Sound aparentava ter um cartaz mais fraco que as suas antecessoras, no entanto, as cerca de 77 mil pessoas que, passaram pelo recinto este ano, provaram o contrário: foi a edição mais bem sucedida de sempre e para o ano há mais Primavera Sound, no Porto. A marcar no calendário: de 9 a 11 de junho.

 
Dia 1

Fotografia: Rui Santos
Dia de pulseira azul e dia marcado pelos aniversários no NOS Primavera Sound. Com uma com menor oferta de concertos, a nível quantitativo, este primeiro dia de festival apresentava, no entanto, nomes com grande peso na indústria musical e ainda uma oportunidade rara de ver nomes desses tão cedo por terras nortenhas, como os  Interpol, a Patti Smith e eventualmente FKA Twings, se entretanto não passar por um Vodafone Paredes de Coura. Mikal Cronin, Mac DeMarco e Caribou apresentavam-se como outras sugestões de interesse para chamar as pessoas que, ainda  que em clima de festa, teriam um início de sexta-deira marcado pelo trabalho. 

Bruno Pernadas
O dia abriu com Bruno Pernadas, um dos poucos portugueses no cartaz do festival. O músico e compositor apresentou o seu álbum de estreia, How Can We Be Joyful In A World Full Of Knowledge?. Em conjunto com mais oito pessoas em palco, Pernadas tocou o álbum na íntegra e apresentou uma excelente nova música, que ainda não foi lançada, no que foi um dos melhores concertos do dia.


Mikal Cronin

Não tardou muito até Mikal Cronin, e a sua banda, entrar no
Palco Super Bock, o artista californiano veio ao Parque da Cidade apresentar o seu
terceiro registo discográfico, MCIII, que não teve uma grande reação por parte
da critica. O baixista da Ty Segall Band foi recebido de uma forma amena por
parte do público, passando por músicas como “Get Along”, “Apathy” e “Weight”,
notando-se claramente as variações entre um estilo musical mais melódico, e um
mais caracteristico do garage-rock, havendo por vezes, fuzz e feedback capazes
de nos rebentar os ouvidos. Foi no geral um concerto moderadamente bom, mas que
nada teve haver com o último concerto do artista no Porto, com a Ty Segall Band,
precisamente neste festival, que ficou na memória de muitas pessoas como um dos
melhores concertos de 2014. 

Mac DeMarco

Fotografia: Rui Santos
Com um final de tarde a desenvolver-se, Mac DeMarco subiu a um Palco NOS que proporcionava a vista para um espaço do público bastante povoado. “Salad Days” marcava assim, o início de um concerto que seria, como expectável, mediano. Crowdsurfing e cantar os “Parabéns” são no máximo um espectáculo de entretenimento e de concerto teve-se pouco. No entanto há sempre a pausa para comer e fumar um cigarro e, sempre a acertar, Mac DeMarco traz na setlist “Cocking Up Something Good”, que é posteriormente sucedida por “Ode To Viceroy”. Num concerto que percorreu os dois últimos álbuns e ainda o novo EP, recentemente anunciado, o resultado geral foi, no entanto, pouco animador.

 
Interpol

Fotografia: Marcelo Baptista

Assumindo-se como os principais cabeça-de-cartaz do primeiro dia do festival, os Interpol deram um concerto muito bom, que não pareceu agradar a todos, mas certamente satisfez os fãs de Turn on the Bright Lights, o mais conceituado álbum da banda. A setlist incluiu sete canções do disco, incluindo as excelentes “Untitled” e “Stella Was a Diver and She Was Always Down”. O resto do alinhamento abrangeu a maior parte dos outros álbuns, e incluiu músicas como “Evil”, “Slow Hands” e a recente “All the Rage Back Home”, a última a ser tocada. Apesar de alguns momentos mais aborrecidos a meio do concerto, devido a algumas músicas menos interessantes de Antics e Our Love to Admire, este foi um dos destaques do dia, e só não foi melhor porque não se ouviu “Obstacle 1” ou “NYC”.

Fotografia: Marcelo Baptista

 

Dia 2

Fotografia: Rui Santos
Ao segundo dia o sol fazia-se finalmente sentir pelo Parque da Cidade. A estreia de Run The Jewels e Viet Cong em Portugal, e a despedida de nomes icónicos como The Replacements e Anthony and The Johnsons parecia ter movido uma população bem mais significante que no primeiro dia. Afinal, também era oportunidade única para ver Patti Smith e a banda a tocar, na íntegra, o clássico Horses, e o seu último concerto por terras nacionais depois da passagem no dia anterior pelo Palco Pitchfork num concerto acústico/spoken word.

Viet Cong

A decisão de trocar Patti Smith — a Grande Patti Smith — por um dos nomes emergentes do post-punk pode parecer, para alguns de vós, descabida e de uma perfeita ignorância. No entanto, para quem escutou milhentas vezes o novo LP, o EP e rejubilou quando se apercebeu que os ia poder ver ao vivo, a questão nem se coloca. E foi isso que motivou quem vos fala deste lado. Isso tudo, e o facto de saber que, apesar de nunca mais na vida ouvir nada de novo dos Women nem de nunca os ver ao vivo, eu estive lá quando uma boa parte deles calcaram o nosso país pela primeira vez. 
 
O concerto começou com o tema que dá início à obra dos Viet Cong: “Throw it Away”, a primeira faixa do EP CassetteSeguiram-se mais 3 faixas, todas do LP deste ano — considerado desde já um dos melhores aqui na redacção — “Bunker Buster”, “March of Progress” e a “Continental Shelf”. O concerto acabou com a “Death”, o último tema do LP. Um portento sonoro que ao vivo durou perto de 20 minutos (ou pelos menos assim o pareceu) que cruza o melhor do post-punk de compasso rápido com o drone arrastado das guitarras melancólicas e da cessante bateria. O tema acaba com a explosão da voz e dos instrumentos, um fim digno para uma estreia marcada por ansiedade e emoção de ambas as partes. O que dizem é verdade: existe amor à primeira vista.  



The Replacements

Fotografia: Rui Santos

Com concerto marcado para a mesma hora que os Electric Wizard e meia hora antes de Sun Kill Moon, os The Replacements que tocavam no Palco NOS, não conseguiram chamar muito a atenção do público, sendo um dos concertos menos povoados do palco principal ao longo dos três dias de festival. Ironicamente um dos melhores do segundo dia, e, segundo o vocalista Paul Westerberg, o último da banda. Afinal os que ficaram de início ao fim aproveitaram a última oportunidade de ver a banda ao vivo e ainda de aproveitar covers de Chuck Berry, Barbie Gaye e T-Rex, este último no encore. Num concerto bastante animado e com direito a guitarras a voar, o quarteto de Minneapolis deu uma performance numa sobriedade inexistente que resultou numa pequena população a dançar ao som dos anos 80. Grandes Velhos.

Spiritualized


Palavras para quê?

Fotografias: Marcelo Baptista

Antony
and The Johnsons



Fotografia: Marcelo Baptista
Os ponteiros
marcavam 00h15, todos os outros palcos encontravam-se sem concertos e começava
então um dos melhores concertos do festival. Já com os elementos da orquestra
nos seus devidos lugares e depois duma introdução do concerto com uma mulher
num manto branco a apresentar uma espécie de dança, começa então o concerto.
Atrás dos músicos são projetadas cenas de filmes japoneses, cenas algo
desconcertantes e entra então Antony Hegarty, senhor(a) de uma voz
inconfundível, todo vestido de branco também.
As primeiras notas de “I am The Enemy” são tocadas e mal se ouve a voz de Antony,
todo o seu aspeto celestial faz sentido, parecia que um anjo tinha descido à
Terra e que tudo naquele momento fazia sentido. Seguiram-se músicas como “Ghost”,
“Another World”, “Cut the World” e “Blind” (Sim, aquela dos Hercules And Love
Affair), esta última que foi das mais aplaudidas e que funcionou muito bem com
a orquestra. O público sabia quando aplaudir, mantinha-se calado para ouvir a
voz de Antony e acompanhava as partes que sabia, o respeito por quem estava no
palco era imenso. Todo o concerto manteve-se bastante teatral em que todos os movimentos
e tudo em palco fazia sentido em que talvez o único problema de todo o
espetáculo foi o som que estava um bocado mais baixo do que seria preciso. “You
Are My Sister”, “Her eyes underneath the ground” e “Hope There’s Someone” foram
as músicas que terminaram um concerto que foi bem mais que isso, foi uma
experiência que mostrou que a dor e a felicidade andam de mãos dadas.




Jungle
          

 

Ariel Pink, Run The Jewels ou Jungle? Era a pergunta que muitos fizeram de certeza, até
porque foi talvez a hora que tinha as piores sobreposições mas bem, quem escolheu
Jungle certamente não ficou arrependido. Com música já antes do concerto em si
começar, o público já tinha entrado no “mood” e num concerto com imensos pontos
altos e de alegria, em que estar parado era extremamente difícil pois a música
da dupla inglesa é completamente contagiante, os Jungle conseguiram dar um dos melhores
concertos do festival. E ninguém que esteve no concerto vai-se esquecer do fim
em que a “Time” teve uma versão alongada e que apenas nos deixou mais felizes. Sem
dúvida que os Jungle sabem fazer festa como poucos sabem.


Run The Jewels

Aqui na redacção, já éramos fãs de EL-P e Killer Mike antes dos dois titãs se unirem e decidirem tomar de assalto o mundo do hip hop. Como tal, as expectativas que tínhamos para o concerto do NOS Primavera Sound eram elevadas, ainda para mais depois de ver o concerto da dupla em Barcelona via Youtube. À semelhança do que se sucedeu em Barcelona, o concerto abriu com a mítica “We Are The Champions” dos ainda mais míticos Queen, seguida pela entrada em palco da dupla de MCs que estavam prestes a estrear-se em Portugal.
 
Prontamente a guitarra de Brian May e a voz de Freddie Mercury fizeram silêncio para que se ouvissem os primeiros graves da “Run The Jewels”, a banda sonora de-facto da dupla. A partir desse momento, deu-se uma explosão de energia que não cessou até ao final do concerto. Todas as malhas foram escutadas. A “Early”, a “Blockbuster Night”, a “Lie, Cheat, Steal”, a “36’’ Chain” e mais outras tantas até ao habitual final com “A Christmas Fucking Miracle”. Ou pelo menos, assim o pensámos, mas a dupla foi durante todo o dia 5 de Junho bombardeada com pedidos via Twitter pela “Angel Duster”. E estes deuses do hip hop, na sua benevolência, decidiram actuar em nosso favor. 
 
Esta explosão de energia mostra o poder catedrático do hip hop, um género que continua a ser, na opinião da Threshold, representado de forma bastante magra nos festivais de Portugal. Porém, ficamos felizes em constatar que a tendência de ignorar o hip hop está progressivamente a acabar. O ano passado foi Kendrick Lamar. Este ano foram os Run The Jewels.
Sabe-se lá o que os deuses da programação do NOS Primavera Sound nos reservam para 2016.
 
Movement

Com o Palco
Pitchfork apenas com concertos naquela hora, os australianos Movement tiveram
direito a um público ainda bem considerável, segundo a banda, o maior que já
tiveram. E apenas com um EP editado o grupo não tinha muito para tocar mas não
desiludiram. Além de terem de tocado uma versão da “Hold On, We’re Going Home”,
tocaram também as músicas do EP em que “Us” foi a mais celebrada. Apesar do
curto concerto, os Movement conseguiram por o Parque da Cidade do Porto a mexer, e bem.
 
Dia 3

Fotografia: Rui Santos

O último dia do Primavera, e o dia com mais concertos interessantes, a decorrer ao mesmo tempo, foi, comparativamente aos seus antecessores, o melhor dia dos três, em termos qualitativos, face aos concertos oferecidos. No cartaz oportunidades de ver Ride, Underworld (a interpretar na íntegra dubnobasswithmyheadman), Babes In Toyland e Einstürzende Neubauten certamente pela última vez. Ainda em nomes memoráveis Thurston Moore e a banda traziam o seu mais recente disco The Best Day, editado o ano passado, e a oportunidade de ver 1/3 de Sonic Youth ao vivo. A fechar o palco ATP, uma das surpresas da noite, os candianos Ought.



Thurston Moore Band

Fotografia: Marcelo Baptista
Thurston Moore apresentou-se com a sua banda, no segundo dos sete concertos que iriam tomar lugar no Palco ATP, neste último dia de festival. Com “Forevermore” a abrir uma setlist que seria composta, no total, por seis canções, Thurston Moore, e companhia, deixaram na alma do mais atentos um espectáculo memorável no início de um final de tarde bastante quente. Houve ainda tempo para ouvir grandes singles como “Speak To The Wild” e “Grace Lake” e ainda duas novas canções a incorporar um novo álbum “Cease Fire” e “Turn On”. 

Foxygen

Fotografia: Rui Santos
Num concerto que dividiu opiniões, os Foxygen surpreenderam a maior parte do público com um espectáculo diferente do normal. Nove pessoas em palco, incluindo três bailarinas, momentos de humor, lutas de espadas e um vocalista energético e excêntrico marcaram um concerto no qual foi dado um grande destaque às músicas de We Are the 21st Century Ambassadors of Peace & Magic e não às do mais recente álbum da banda, felizmente. Nem todos pareceram ficar agradados com a confusão em palco, mas muitos cantaram e gritaram em vários momentos do que foi um dos mais originais concertos do festival. Entre os seus principais pontos positivos encontram-se “Shuggie”, a longa e excelente “Teenage Alien Blues” e a última música da setlist, “Everyone Needs Love”.
 

Babes In Toyland

Grandes Velhas. Com concerto sobreposto aos de Foxygen e Damien Rice não seria previsto que as Babes In Toyland, famosas na cena grunge feminina do grunge fossem atrair qualquer pessoa e foi por isso que nos fizemos acompanhar do baterista dos Viet Cong ao longo do cocerto dete trio feminino que se reuniu para tour recentemente. “Bruise Violent” foi o pontapé de saída para um concerto que contemplou ainda outros grandes singles como “Bluebell”, “Vomit Heart” e “Sweet ’69” que mostraram uma presença vocal de Kat Bjelland, completamente invejável após estes anos. Curiosamente com o primeiro álbum as Babes In Toyland chamaram a atenção de Thurston Moore, que as convidou a acompanharem-no na sua tour pela europa. Acabaram por tocar depois e mostrar uma veia grunge inesgotável. Se não acabarem de vez é para rever.

Kevin Morby

Pela terceira vez em Portugal e, segunda no Porto, Kevin Morby subiu ao palco Pitchfork pela primeira vez em formato trio, acompanhado pelo baterista de tour Justin Sullivan e pela baixista H. Hawkline.  Entre um público pouco desperto, no entanto, foi com “Harlem River” que Kevin Morby viu os aplausos mais intensos após as primeiras três canções anteriormente tocadas. “All Of My Life” recebeu igualmente um feedback bastante positivo, e mostrou ali um concerto que receberia o maior reconhecimento dos três dados num espaço de um ano, em território nacional. Com direito ao habitual cover de “I Hear You Calling”, original de Bill Fay, Kevin Morby fechou o concerto com “Parade”, sem direito a “Slow Train”.

Einstürzende Neubauten

Fotografia: Marcelo Baptista
Se já a
distribuição dos palcos não foi simpática para os Einstürzende Neubauten, o
horário também não o foi, ter que tocar grande parte do concerto ao mesmo tempo
que Death Cab For Cutie e Damien Rice não é fácil nem merecedor para uma das
bandas mais geniais do industrial. Apesar disso tiveram ainda um público
considerável que esperava pelos alemães enquanto no palco víamos bidões,
roldanas, canos, molas e bem mais. A banda do enorme “Haus Der L
üge” entra em
palco e sem esperarmos ouvimos as primeiras notas do baixo da “The Garden”, a voz
de Blixa mostra-se ainda melhor que em estúdio, uma das melhores vozes do
festival. E de seguida teve talvez o momento de maior espanto para além dos
berros de Blixa (Ninguém se esqueceu de certeza) foi quando vemos um braço duma
retroescavadora cheia de metais a deixá-los cair aos bocado, sem dúvida que o
espírito da “Haus der L
üge” (Música que em brincadeira apresentou como se fosse
nova) esteve lá e foi representada de forma incrível. “Sabrina” e “Susej” foram
mais algumas canções que foram apresentadas durante um concerto que merecia
muito mais que o público e o palco que teve e onde o silêncio e o barulho
estavam presentes permanentemente. Naquele que foi a par de Underworld, o
melhor concerto do dia e dos melhores do festival, os alemães mostraram que
fazer barulho todos fazem, mas quem merece reconhecimento é quem o sabe fazer
bem, tal como eles.


Fotografia: Marcelo Baptista


Death Cab for Cutie

A estrear-se em Portugal estiveram os Death Cab for Cutie, que em 2012 cancelaram o seu concerto no primeiro Primavera Sound em Portugal. A banda tocou apenas 3 músicas do seu novo álbum e apresentou canções de várias fases da sua carreira para um público que misturava grandes fãs dos americanos com curiosos que não os pareciam conhecer muito bem. “I Will Possess Your Heart” abriu o concerto da melhor maneira num dos momentos que conseguiram captar a atenção de todos. “The New Year” foi outro dos destaques do concerto. Este terminou com toda a gente a cantar “Transatlanticism”, a melhor música da banda. Chegaram três anos atrasados, mas valeu a pena a espera.
 

Ride

Fotografia: Marcelo Baptista
Os Ride não são um dos nomes mais memoráveis do shoegaze, e o concerto que deram no Palco NOS, também não foi um dos mais memoráveis do festival. Difícil de explicar, mas nem a “Vapour Trail”, um dos maiores êxitos da banda inglesa fez despertar no público um apreço que se comparasse a My Bloody Valentine ou Slowdive em anos posteriores. Ou talvez seja só uma ironia caraterística do estilo. É no entanto de relembrar a performance de “Leave Them All Behind”, estrondosa música de abertura que prometia um concerto memorável, “Seagull” e “Dreams Burn Down”. Ainda assim, saudades shoegaze.

 

Dan Deacon

O concerto do Dan Deacon foi, para quem viu, um dos mais memoráveis do Primavera. Apesar de uma performance onde o produtor se estendeu demasiado em conversas, o resultado da sua atuação fez uma multidão abrir um círculo entre si e celebrar um São João bem mais alternativo que o tradicional. Os manjericos eram tomados pelas plantas que o público emanava no ar e todos dançavam, num concerto em formato duo, com percussão produzida em tempo real. “Where those god damn plants come from?”, perguntava Deacon, era tempo de festejar antes do veredicto: Underworld,  Pharmakon ou Ought?

Ought

Os Ought começaram a ver o seu nome reconhecido após a edição do álbum de estreia More Than Any Other Day e, a visitar em primeira mão o país, apesar de tocarem ao mesmo tempo que Underworld, puderam tocar para um público que se encontrava ansioso para os acolher nesta que seria a primeira impressão do país. Ainda bem que  se esperou no cansaço até às duas horas da manhã para assistir a um concerto que superou as expectativas dos muitos ali presentes. Com setlist a contemplar “Beautiful Blue Sky”, um dos mais recentes singles da banda de Montreal, que eventualmente integrará um novo trabalho, “Pleasant Heart” e “Today, More Than Any Other Day” os Ought mostraram que, apesar de novos, sabem bem fazer aquilo que lhes compete em palco. “Gemini” fechou a ultima das dez músicas tocadas até ali e deixou nos fãs a expectativa de voltarem brevemente. A ver.

HEALTH

O quarteto de Los Angeles sobreviveu à extinção dos Crystal Castles e rapidamente conseguiu destacar-se da dupla assinando algum do melhor noise/punk/electro-noise punk/eish que comidela de cornos/o que quer que vocês lhe queiram chamar. Sintetizando: os HEALTH são ruidosos, tocam forte e tocam rápido. Não é música para meninos. Nem o seu concerto no NOS Primavera Sound foi para meninos.
 
De onde quer que assistíssemos à performance dos HEALTH, o nosso corpo ia castigar-nos posteriormente via dor de ouvidos. Mas manda o bom-senso, o respeito e o YOLO que uma banda desta magnitude mereça uma plateia respeitável. Como tal, assistimos ao concerto muito perto das grades. De toda a violência sonora e da impressionante performance do quarteto, discernimos malhas como a “TEARS” que integrou a banda-sonora do Max Payne 3, a marcante “CRIMEWAVE” e a “NEW COKE”, o malhão do vindouro “Death Magic”.
 
Os HEALTH não só foram um dos melhores concertos do NOS Primavera Sound, como também se revelaram capazes de oferecer um after à altura do festival.

 

Por cá, já sentimos a falta deles. E do NOS Primavera Sound.
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