Os melhores discos do primeiro semestre

| Julho 6, 2015 12:04 pm



Terminado o primeiro semestre do ano, a redação da Threshold Magazine elaborou uma lista com vinte e cinco álbuns relevantes a ter atenção. Sem o intuito de separar álbuns nacionais de álbuns internacionais, fica em baixo a lista dos melhores trabalhos que se foram ouvindo ao longo do semestre.


25 – Moon Duo – Shadow Of The Sun


24 – Marching Church – This World Is Not Enough


23 – Tomba Lobos – Adeus


22 – Lebanon Hanover – Besides The Abyss


21 – Death Grips – Fashion Week


20 – BadBadNotGood & Ghostface Killah – Sour Soul




19 – Panda Bear – Panda Bear Meets The Grim Reaper




18 – Vitorino Voador – O Dia Em Que Todos Acreditaram

17 – Bizarra Locomotiva – Mortuário




16 – Wand – Golem

15 – The Beautify Junkyards – The Beast Shouted Love



14 – Institute – Catharsys


13 – Jenny Hval – Apocalypse, Girl


12 – Metz – II

11 – Björk – Vulnicura


10 – A Place To Bury Strangers – Transfixiation

E essa mensagem é ruidosa e introspetiva. E sem surpresas, também o é TransfixiationO primeiro tema “Supermaster” é uma balada introspetiva, um retrato. A narrativa fala-nos de um indivíduo deslocado da realidade e cheio de dúvidas, que se tornou irreconhecível aos seus olhos. (…) Todos temos algo a dizer neste campo. Os A Place To Bury Strangers são humanos, afinal de contas.
9 – The Soft Moon – Deeper

Por fim, uma excelente composição noise, em “Being”. O seu início, em formato gravação cassete, reproduz em loop “I can’t see my face/ I don’t know who I am/ What is this place?/ I don’t know where I am”. Puro noise até aos últimos minutos. O mais recente trabalho de The Soft Moon não é um disco para qualquer ouvido.
8 – Father John Misty – I Love You, Honeybear

“Em suma, considero I Love You, Honeybear um álbum incrivelmente bem planeado, desde as letras a todo o mecanismo sonoro que as acompanha. Se há um lado paródico e sarcástico em certos momentos, há também um lado explicitamente emocional, tudo incorporado em músicas que vão desde o acústico lentinho às harmonias poderosas.”

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7 – Atillla – V

“V é essa resposta pela qual todos temos vindo a procurar nos últimos anos e que nunca ninguém achou. Atillla descreve a sua descoberta tão bem em “Ritos Fúnebres”, o seu desenvolvimento em “Marcha da Cinza” e a conclusão de todo o processo em “Colapso”. O sétimo chakra está ativado.”

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6 – Viet Cong – Viet Cong

“Inseridos num estilo cimentado por bandas como os Wire e os The Velvet Underground, os Viet Cong procuram marcar a sua posição e prestar homenagem de uma maneira geral a tudo o que de bom se fez no Post-Punk e no Lo-Fi. Notáveis.”

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5 – Thee Oh Sees – Mutilator Defeated At Last

A esta altura do campeonato já não é preciso apresentar os Thee Oh Sees a ninguém. Já é costume que a banda liderada por John Dwyer lance, pelo menos, um álbum brutal por ano e Mutilator Defeated At Last só vem reforçar esta teoria. Neste segundo álbum depois do hiatus, os Thee Oh Sees continuam na linha de Drop, com um som mais repetitivo influenciado pelo movimento do rock alemão dos anos setenta, mas mantendo mesmo assim toda a agressividade de álbuns como Carrion Crawler / The Dream e Floating Coffin, excepto nos temas “Holy Smoke” e “Sticky Hulks” onde apresentam uma sonoridade completamente diferente da que nos tinham apresentado até então.
Hélder Lemos
4 – Spectres – Dying

Distorção é uma das palavras chave a ter em consideração antes de se partir para a audição de Dying. Este disco marca a estreia da banda de Bristol, Spectres, nos longa-duração, e nos últimos meses tem arrancado críticas muito positivas da imprensa especializada. E não é para menos, de facto Dying é um dos melhores álbuns que por aqui se ouviu nestes primeiros meses. E uma pena não ter passado antes, na altura de Hunger EP(2013), o primeiro trabalho de estúdio da banda em formato curta-duração. Dying é um disco muito coeso e muito bem conseguido. A capa do álbum descreve-o na perfeição, há barulho, revolta e os sinais de uma banda que pretende revolucionar uma década na cultura musical. Todas as músicas possuem uma similaridade que as interliga, a fim de se reproduzir num álbum como o resultado de apenas uma única canção. Um achado neste primeiro semestre do ano.
Sónia Felizardo
3 – Sufjan Stevens – Carrie & Lowell

Sufjan Stevens regressou
em 2015 aos trabalhos em nome próprio com Carrie & Lowell,  o seu sétimo álbum de estúdio. Este novo disco
trata-se de um regresso ao folk por parte do cantautor depois da sua aventura
pela electrónica em 2010 em The Age of Adz, e teve como inspiração a morte da
sua mãe, Carrie, em 2012, e as viagens que ficaram marcadas na sua infância. Os
grandes destaques deste álbum marcado pela dor, nostalgia e morte vão para o
tema “Death with Dignity”, “Fourth of July”, onde Sufjan canta “ We’re all
gonna die” e “No Shade in the shadow of the cross”. Carrie & Lowell
mostra-se como um dos melhores trabalhos que o artista já editou na sua
carreira, em pé de igualdade com o mais entusiasta Illinois.
Rui Gameiro
2 – Courtney Barnett – Sometimes I Sit and Think, and Sometimes I Just Sit


Após dois EP’s, Courtney Barnett lançou o seu primeiro longa-duração. A sonoridade é a mesma de sempre, mas o álbum não se torna uma imitação inferior dos trabalhos anteriores da cantautora australiana. As guitarras elétricas e o estilo de cantar muito característico, a fazer lembrar Stephen Malkmus dos Pavement, continuam presentes e são bem vindos. Sometimes I Sit and Think, and Sometimes I Just Sit é uma sucessão de malhas indie rock muito consistente. Não faltam refrões catchy e músicas viciantes, como “Pedestrian at Best” e “Elevator Operator”, que merecem ser tocadas em loop durante algum tempo, e nem as canções mais compridas se tornam cansativas. “Kim’s Caravan” e “Small Poppies” vão aumentando a intensidade à medida que avançam, permitem a Courtney mostrar os seus dotes na guitarra e encaixam muito bem no disco. Disco este que é uma confirmação de que Courtney Barnett sabe o que faz e é a autora de algum do melhor indie rock da actualidade. Uma artista a não perder de vista nos próximos anos. 

Rui Santos

1 – Kendrick Lamar – To Pimp A Butterfly



Finalmente, o disco que reuniu o consenso de toda a redacção: o magistral To Pimp A Butterlfy, de Kendrick Lamar.
Uma magnífica fábula sobre o capitalismo, a vida, a morte, a fama, a comédia e a tragédia, encapsulada em várias faixas. Cada faixa conta uma parte mais ou menos distinta da mesma história. Tudo está ligado em To Pimp A Butterfly. Nada é fruto da sorte neste LP. Trabalho, dedicação e paixão são os pilares deste álbum. Isso, e claro, as palavras de uma vida vivida no gueto. Gueto esse que ajudou Lamar a ver com clareza aquilo que o rodeia e a lidar com a fama da melhor maneira, da única maneira que conhece: a virar as suas atenções para quem nunca se esqueceu dele. A sua família, os seus amigos, Compton…todos estes elementos são protagonistas maiores na magnânima fábula de To Pimp A Butterlfy. Nos anos 90, os NWA colocaram Compton no mapa com o seu gangsta rap incendiário. Em 2015, Kendrick torna a pôr este bairro nas bocas do mundo devido à sua lírica aguçada e ao seu respeito pela sua terra natal.
A produção deste álbum é de luxo, bem como o leque de convidados. Somam-se participações de ilustres como o veterano George Clinton, Kamasi Washington (uma pérola do jazz que foi revelada com To Pimp A Butterlfy) e Thundercat, um dos elementos da prestigiada Brainfeeder.
Mais poderia ser dito sobre este LP, mas para isso haverá o espaço de dissertação* apropriado para nos estendermos a dissecar To Pimp A Butterfly. Para já, deixamo-vos com a mais alta das recomendações para que não deixem que este LP vos passe ao lado.
*A review está a caminho amigos. Está bastante atrasada, mas está a caminho.

Eduardo Silva
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