Tiago Farinha
DEATH MAGIC // Loma Vista // agosto de 2015
8.0/10
Depois da brilhante banda sonora do Max Payne 3, os HEALTH voltaram às edições com DEATH MAGIC, o seu mais recente LP.
DEATH MAGIC é, na sua essência, uma prova à nossa resistência. Durante 40 minutos do LP, somos massacrados por um corpo sonoro que oscila entre a disco, o noise, o industrial a pop, intercalado com os vocais monocórdicos de Jake Duzsik. Podíamos pegar nesses factos e dizer que DEATH MAGIC não contém muito de valor porque a experiência se resume a isto. Mas estaríamos a fazer uma leitura muito superficial daquilo que se passa neste LP. Afinal de contas, só os HEALTH são capazes de manter a harmonia da forma ao combinar valores tão dispares na sua composição sonora. O angelical com o profano, o sedutor com o hediondo, o amor com a violência, a carícia com a agressão. Combinações chocantes e aparentemente contraditórias. Mas afinal, é de extremos que se pauta toda a obra dos HEALTH. A voz angelical de Jake Duzsik é interposta com o rugido dos sintetizadores, as cordas dilacerantes e a força musculada da (por vezes) dupla percussão. A tensão é um elemento de constante presença neste álbum. O ritmo é possante. A lírica é visceral. E a experiência deste disco é, em última instância, massacrante. Resistam interpretar DEATH MAGIC como uma batalha, na qual os nossos sentidos têm que resistir para transpor todas as diferentes fases de violência e imundície do LP. Interpretem sim todo o processo de audição do LP como uma espécie de catarse, uma limpeza espiritual necessária para se descobrir a beleza que jaz por detrás do horrendo neste DEATH MAGIC.
Eduardo Silva
Hallelujah // Ad Noiseum // dezembro de 2012
7.5/10
Já há vários anos que a música clássica e o metal andam de mãos dadas, no entanto, encontrar uma caótica mistura de death-metal, música barroca e breakcore já não é tão comum. Em Hallelujah, o último longa-duração de estúdio do compositor e multi-instrumentalista francês Gautier Serre, mais conhecido por Igorrr, pode-se encontrar um complexo espectro sonoro protagonizado por riffs pesados, sons eletrónicos, growls, canto clássico e até uma galinha. Os momentos mais intensos são frequentemente cortados de forma inesperada por seções suaves que, por sua vez, são interrompidas abruptamente por mais caos, deixando o ouvinte permanentemente numa expectativa do que virá a seguir. Hallelujah não é um álbum para todos, apenas para os mais aventureiros e aqueles que não temam perde-se na insanidade do universo musical de Igorrr.
Martinho Mota
Through // Self-released // setembro de 2015
6.7/10
Far Warmth é o projeto de Afonso Ferreira, jovem estudante de Produção Artística em Lisboa, e que, com apenas 17 anos, já lança o seu primeiro disco de longa duração. Through é um álbum muito melancólico que gira todo em torno de um ambiental sombrio em que, no seu desenrolar, sente-se aquele mal-estar, que temos quando uma relação não resulta, desenvolver-se e tomar forma de uma grande depressão que nos devora por dentro floreada com lindas melodias de teclado: isto nota-se muito bem na terceira faixa de Through (curiosamente a mais longa do disco com quase 9 minutos), “Never Satisfying”, porque a maneira de como Afonso cria uma atmosfera quase que de esperança no ínicio da música que pouco depois se transforma num típico cenário do final de “Romeu e Julieta”, é a perfeita descrição do que se sente quando alguém nunca se acha suficiente. Apesar disso o álbum ainda é muito verde, pormenores que poderiam ter sido aperfeiçoados infelizmente não foram e depois uma problemática constante de toda a música ambiental ainda não completamente cozida que é a semelhança muito grande entre faixas. Isso, no entanto, não é razão para dizer que Through é um mau álbum, pelo contrário, foi por esse mesmo caminho que grandes artistas teceram o seu fado e se Far Warmth continuar neste caminho acredito que venha a ser um dos grandes músicos portugueses da cena ambiental/experimental.
Through estará disponível para download e compra digital dia 8 de Setembro mas se querem já matar alguma curiosidade oiçam já aqui o seu primeiro single, “Again”, faixa que fecha o álbum com todo o frio que seria de esperar, o voltar outra vez à mesma merda.
Para terem mais um acrescento de como o álbum soa podem visitar o Bandcamp do artista aqui!