Reportagem: Bill Kouligas – Culturgest [Porto]

| Setembro 7, 2015 5:24 pm
No passado dia 3 de setembro, a lisboeta Filho Único organizou mais um concerto no edifício da Culturgest no Porto. Desta vez, foi a estreia de Bill Kouligas — o mentor da PAN — em Portugal.


A PAN, para aqueles que não a conhecem, é uma das labels que mais tem apostado em artistas emergentes da cena IDM. Lee Gamble, Heatsick e Helm são alguns dos figurões que viram o seu trabalho editado pela PAN. A edição mais recente da label é o LP de estreia de M.E.S.H., o Piteous Gate. Mas falemos do homem que está por trás da PAN.


Bill Kouligas — por vezes também conhecido pelo pseudónimo Family Battle Snake — é um artista sonoro radicado em Berlim, a partir de onde tem comandado a PAN e colaborado com numerosos artistas como Sudden Infant, Christian Weber, RLW e Destroy All Monsters. Ao longo deste percurso que teve início mais ou menos no ano de 2007, Kouligas lançou alguns EPs e Splits, remixou algumas faixas e participou em duas sessões da prestigiada Boiler Room no formato DJ Set.


Agora, em 2015, Bill Kouligas decidiu finalmente editar o seu primeiro LP em nome próprio. 
A apresentação desse LP — que, para já, ainda não tem título nem data de lançamento prevista — dá mote a esta tour. Em Portugal, Kouligas passou pela sede da Culturgest no Porto e pelo Museu do Chiado. Foi na Culturgest que a Threshold assistiu à performance do produtor helénico.

Ao longo de sensivelmente uma hora, escutámos aquele que será o novo álbum de Kouligas. E, ao longo de uma hora, a forma do som que Kouligas produziu variou entre o monolítico — com a exaltação de um único elemento sonoro — a repetição — através da sobreposição e multiplicação até à exaustão de um ou mais fragmentos sonoros — e o noise — a mistura de todos os elementos sonoros e sua uniformização através da adição de uma camada suja e corrupta da distorção sonora. A convergência de todas estas linguagens sonoras produziram uma viagem chocante e variada nas suas paisagens. Uma viagem que nos surpreende a cada esquina, que poderíamos perfeitamente confundir com os universos criados por grandes mestres da IDM tais como Tim Hecker, William Basinski e até Andy Stott. Mas Kouligas não se identifica a 100% com apenas uma destas personagens. Diríamos sim que esta viagem acrescenta mais um ponto a esses universos, destacando e convergindo o que de melhor eles contém.


Decisão acertada por parte da Filho Único em escolher uma sala mais acolhedora como é a da Culturgest para esta performance: um momento emotivo de Kouligas no qual apresentaria pela primeira vez ao público o seu vindouro LP. 
Mas agora que está feita a primeira amostra deste belíssimo LP, impõe-se uma sala maior para acolher Bill Kouligas no seu regresso. Uma sala com dimensões proporcionalmente ajustadas às sonoridades deste LP: épicas.
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