Sun Blossoms
Sun Blossoms

| Setembro 15, 2015 11:39 am
Sun Blossoms // Revolve // setembro de 2015
8.5/10

Ao vivo em formato banda, Sun Blossoms nasceu no quarto de Alexandre Fernandes, aquando dos seus quinze anos, e onde as suas maiores influências musicais passavam pelo verão, miúdas e grandes nomes da música desde The Velvet Underground a Brian Jonestown Massacre, sem deixar de mencionar os Tomorrows Tulips como forte influência na sonoridade resultante. Tendo começado a moldar os seus primeiros acordes e melodias no início de 2013, foi em julho do referido ano, que saíram as primeiras demos, posteriormente a ingressar a tracklist do homónimo Sun Blossoms. Lançado agora pela Revolve, editora vimaranense, Sun Blossoms apresenta-se como um retrato musical dos sentimentos experienciados por grande parte dos adolescentes com as devidas consequências intrínsecas.

Ainda aquando o verão em que Sun Blossoms brotou, em formato demo, surge de forma certamente automática aos que lhe, primeiramente, puseram os olhos, o refrão de “Summertime”, o “hit” desse verão e single que serve de pontapé de avanço ao presente disco de estreia. Logo após os primeiros acordes Sun Blossoms apresenta-se numa voz embebida de reverb e numa sonoridade com a qualidade de low fidelity, afinal os primeiros moldes surgiram do gravador de uma máquina de filmar. Agora, gravado num 4 track (Tascam 424), é em formato cassete que o som rasgado da Fender Mustang se faz ouvir. Mais famosa que “Summertime” é “Friend”, o primeiro single de avanço do disco que começou a criar hype já no final do ano passado, exatamente pela sonoridade da guitarra. 




O disco esse, permanecia uma incógnita quanto à sua data de lançamento, até que surgiu recentemente com a versão estúdio de “Flower Eyes”, mais uma das demos que integrava um pseudo curta-duração no verão de há dois anos atrás. Passado volvido e passe-se ao que interessa em Sun Blossoms. Há dois grandes malhões no álbum que são “Happy” e “Like I Do”, curiosamente a primeira serve de mote à segunda. “Happy” é uma canção composta antes de “Like I Do” e é cantada com uma voz fria quando a felicidade serve de epígrafe ao seu nome: “Words are empty when you feel // You couldn’t be happier. A peculiaridade de “Happy” começa a encontrar-se por volta do minuto e vinte de avanço quando a guitarra passa, acima de tudo, a sobrepor-se, musicalmente, sobre todos os outros instrumentos e há uma inausência de voz. 


Sun Blossoms mostra que, acima de compositor, a sua maior característica encontra-se nos solos e nos riffs que constrói em torno da guitarra. O ouvinte deixa de estar a ouvir o álbum e passa a vivê-lo, e este resultado prolonga-se com os minutos desenvolvidos de “Like I Do”. No entanto, advirta-se que, esta não é uma música que sobressaia facilmente nas primeiras audições, mas, o seu efeito a longo prazo, é extremamente recompensador. Existe nostalgia, nos primeiros segundos de avanço e esperança, no seu desenvolvimento. Como resultado, “Like I Do” pode funcionar como o resumo do encontro de si próprio: de uma tomada de consciência sobre a vida pessoal. Ah, e faltou referir a “Tonight”, a penúltima canção das dez que compõem Sun Blossoms e que vale a pena explorar com carinho.

Outro ponto de interesse sobre o disco de estreia encontra-se em “Flow”,  uma balada à la Tomorrows Tulips, onde as influências do atual trio californiano são claras, nomeadamente em “Eternal Perm”, nota de fecho de Experimental Jelly. Funcionando igualmente como single de encerramento, aqui, Sun Blossoms conclui um ciclo da vida, para entrar noutro que, possivelmente, resultará num novo disco de estúdio. Sem certeza do dito, o primeiro disco homónimo de Sun Blossoms resulta, no seu todo, como um exemplo de uma interessante escolha musical para uma banda sonora de verão, estando sol. 


Acima de tudo, mostra igualmente, noutra perspetiva, como riffs tão simples e uma sonoridade pouco trabalhada conseguem resultar num álbum coeso, bastante fácil de ouvir e extremamente bonito. Há álbuns que nasceram para ser clássicos, Sun Blossoms não será um grande clássico, mas é um álbum que merece ser ouvido na íntegra n vezes para que, meses/anos após a sua escuta, ainda consiga surtir o efeito de nos levar até a um período marcante da vida. 


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