Youth Lagoon
Savage Hills Ballroom

| Outubro 1, 2015 3:33 am



Savage Hills Ballroom // Fat Possum Records // setembro de 2015
8.0/10

Trevor Powers finalmente saiu do seu quarto; o músico que está por trás do projeto dream pop/experimental Youth Lagoon presenteia-nos finalmente com o seu terceiro álbum em estúdio, Savage Hills Ballroom, editado pela Fat Possum Records.

Depois do atribulado final da tour de Wondrous Bughouse, cujos últimos concertos foram cancelados por Powers devido ao falecimento de um amigo próximo, o músico isolou-se em Idaho, e, inspirando-se também na morte recente do seu tio, compôs o retrospetivo Savage Hills Ballroom, separando-se finalmente dos dois álbuns que deixa para trás, The Year Of Hibernation (2011) e Wondrous Bughouse (2013). Apesar do mote infeliz, Trevor Powers liberta-se do seu antigo som, dando nova vida a Youth Lagoon, com a ajuda de Ali Chant, que trabalhou com Perfume Genius em Too Bright.

É neste álbum que ouvimos realmente a voz de Powers; a clareza de Ballroom não é mais do que uma antítese ao som abafado e ao ambiente caleidoscópico dos seus trabalhos anteriores. As novas músicas são cinéticas, cheias de precisão melódica, aspetos completamente novos para Youth Lagoon.

No entanto, os temas abordados pelas letras de Powers não se alteraram muito. A constante retrospeção, a nostalgia da infância, as inseguranças do músico e a morte são assuntos recorrentes, esta última ainda mais presente neste trabalho, dado a sua inspiração infeliz. Youth Lagoon mostra, no entanto, um interesse em participar em problemas com uma vertente mais social, como se ouve no tom acusativo de músicas como “Rotten Human”, “Again” e “The Knower”. O seu desgosto pessoal resulta nos melhores momentos deste álbum, com a excepcional “Kerry”, dedicada ao seu tio, ou “Officer Telephone”, onde é claro o sentimento de luto pelas recentes perdas de Trevor Powers.
Toda a retrospetiva presente nestas músicas é essencial para o músico; finalmente a sua criança interior é libertada para o mundo adulto. É difícil imaginar o rumo que Youth Lagoon tomará depois desta transformação, mas ao ouvirmos Savage Hills Ballroom, ficamos com certeza à espera de mais.


Texto de Márcia Boaventura
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