Reportagem: Mucho Flow [CAAA – Guimarães]

Reportagem: Mucho Flow [CAAA – Guimarães]

| Outubro 17, 2015 11:56 pm

Reportagem: Mucho Flow [CAAA – Guimarães]

| Outubro 17, 2015 11:56 pm

No passado sábado fomos a Guimarães para mais uma edição do Mucho Flow, que se realizou mais uma vez no CAAA – Centro Dos Assuntos de Arte e Arquitetura, em Guimarães. O evento organizado pela Revolve prometia mais uma vez, com um cartaz apelativo rico em ofertas que poderão vir a dar que falar nos próximos tempos.


O evento começou com um set no palco Flow de Acid Acid , projeto do radialista Tiago Castro que nos mostrou a sua música experimental repleta de distorção. Seguiram-se os lisboetas Galgo, que se apresentaram de modo seguro e exemplar no palco Mucho, onde apresentaram o mais recente EP5, com linhas de guitarra bem definidas e ritmos bem dispostos capazes de fazer o pouco público que ainda se apresentava na sala dançar.

Galgo @ Mucho Flow 2015

Continuando nesta constante troca de palcos e com os concertos sempre seguidos, foi a vez dos lAmA apresentarem o seu set composto por melodias elétronicas com uma sonoridade bastante experimental e ambiente. Os vimaranenses El Rupe seguiam-se, mostrando-nos as suas faixas post-rock de ordem jazzística e padrões complexos e matemáticos a la Tortoise.


lAmA @ Mucho Flow 2015

El Rupe @ Mucho Flow 2015




De volta ao palco Flow, foi a vez de assitir ao primeiro concerto de Smartini num bom par de anos. Formados em 2002, a banda vimaranense apresentou algumas das músicas de Sugar Train, álbum editado em 2007 e que nos mostra algumas das melhores faixas da cena alternativa portuguesa. Um regresso aos palcos competente, por parte de uma das bandas mais subvalorizadas da música portuguesa. 


Smartini @ Mucho Flow 2015

Sun Blossoms apresentava-se no palco principal em formato banda para apresentar o álbum de estreia homónimo. As músicas solarengas e lo-fi de Alexandre Fernandes soaram muito bem ao vivo, com os instrumentais a sentirem-se mais e uma voz menos escondida do que nas faixas de estúdio. 


Sun Blossoms @ Mucho Flow 2015

Ricardo Remédio veio ao Mucho Flow com o seu novo projeto a solo, depois de ter tocado em projetos como Lobo e RA, com a promessa de um novo álbum intitulado Natureza Morta para o próximo ano. Um concerto marcado por composições densas e arrojadas, com camadas delicadas de sintetizador e atmosferas industriais.


Ricardo Remédios @ Mucho Flow 2015


De volta ao palco Mucho, era a vez da “cobra” se juntar a Ricardo Martins na bateria. Falamos de Jibóia, claro, projeto de Óscar Silva, que nos presenteou mais uma vez com a sua música rica em elementos da música oriental, com as guitarras distorcidas complementadas pela bateria do já mencionado Ricardo Martins, que iria apresentar-se mais uma vez com Filho da Mãe num dos próximos concertos da noite. 


Jibóia @ Mucho Flow 2015

As Pega Monstro são das melhores bandas rock portuguesas do momento, se não as melhores mesmo. Alfarroba é um álbum incrível e que tem passado em loop durante os últimos meses, e o concerto em Guimarães é prova viva disso mesmo. A garra das irmãs Reis é inegável, e as suas músicas cheias de distorção opõem-se à delicadeza das suas vozes em músicas como “Tu Não Consegues” e a poderosa “Amêndoa Amarga”, que não podiam deixar de tocar ao vivo. 


Pega Montro @ Mucho Flow 2015

Seguia-se então Filho da Mãe, acompanhado também ele por Ricardo Martins, para apresentar faixas que poderão vir a pertencer ao próximo álbum da nova colaboração. Entre as possíveis músicas e improvisos ouviu-se o ainda único single “Tormenta”. 


Filho da Mãe & Ricardo Martins @ Mucho Flow 2015

Um dos mais aguardados momentos desta edição do Mucho Flow era, com certeza, Circuit des Yeux, o projeto da canadiana Haley Fohr que se fez acompanhada de duas instrumentistas clássicas para apresentar algumas das faixas do belíssimo novo álbum In Plain Speech, editado este ano sob o selo seguro da Thrill Jockey. A sua voz marcante e poderosa remete para os trabalhos de Anthony Hegarty, cantando-nos as suas canções de toada sinistra e barroca de um modo único e misterioso. A proximidade entre público e artista proporcionada pela fisionomia das salas permite uma aura intimista que torna o festival mais rico e memorável, e a performance que Haley Fohr trouxe ao espaço vimaranense ficará guardada para sempre na história deste curto mas promissor festival.


Circuit des Yeux @ Mucho Flow 2015

O último e mais aguardado concerto da noite estava encarregue aos irlandeses Girl Band, que editaram recentemente o excelente álbum de estreia Holding Hands With Jamie. O quarteto irlandês começou o concerto com a feroz “Why They Hide Their Bodies Under My Garage”, uma incrível cover do tema assinado por Blawan, baseado num sample de Wyclef Jean com os seus The Fugees. Com uma sala bem composta animada, não tardaram a abrir os típicos mosh pit e boas doses de crowdsurfing, especialmente por parte dos senhores Lovers & Lollypops que festejaram o momento com toda a vivacidade merecida. Num concerto esgotante de princípio ao fim, os Girl Band despediram-se com “Paul”, com a linha de baixo explosiva e esquizofrénica a instaurar o delírio total. Um concerto memorável que culminou mais uma grande noite organizada pela editora e promotora Revolve, que nos continua a presentear todos os anos com estes com uma proposta entusiasmante e, acima de tudo, emergente e necessário no circuito festivaleiro português.

Girl Band @ Mucho Flow 2015



Texto e Fotografia: Filipe Costa
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