Reportagem: The Other Side : A Pink Floyd Live Experience – Hardclub [Porto]

Reportagem: The Other Side : A Pink Floyd Live Experience – Hardclub [Porto]

| Outubro 14, 2015 9:49 pm

Reportagem: The Other Side : A Pink Floyd Live Experience – Hardclub [Porto]

| Outubro 14, 2015 9:49 pm

Acaba por ser injusto, o concerto tributo que decorreu no dia 10 de Outubro no Hardclub, estar coberto por tão pouco público. Não foi difícil chegar à frente, ao mesmo tempo que sentíamos uma entrada genuína com uma sonoridade tão conhecida como de uma banda lendária, os Pink Floyd
A noite ainda era uma criança, um pouco chuvosa, e conciliou-se bem com este oásis especial, ondulando pelos fãs mais da velha guarda: uns, provavelmente, sentindo a nostalgia dos tempos passados, a ouvir, ainda jovens, no quarto, o single “Another Brick In The Wall (Part II)”; outros, a recordar quase semioticamente, o grandioso concerto em Alvalade, em 1994. 
E nesse aspecto, esta experiência liderada pelos espanhóis The Other Side, foi um tanto competente como admirável. A banda já anda nos palcos desde 2011, o que acaba por ser formidável o profissionalismo e um belo bilhete de entrada assegurado para o universo dos britânicos. 
O concerto teve início às 21.00 e prolongou-se até à meia-noite, com algumas pausas temporizadas pelo projector. Lluis Gener, Pedro Sanchez,Toni Genestar, Eva Pons, Clara Gorrías, Litus Arguimbau, Simo Bosch, Shanti Gordi ofereceram-nos momentos de pura imersão, temas como “Shine On You Crazy Diamond (Parts I-V)”, com uma guitarra e um saxofone a derramar lágrimas melódicas e a transmitir um ambiente hipnótico, muito perto do que os Pink Floyd fariam. As vozes de Lluis Gener e Pedro também estiveram ao nível do que uma banda tributo pode oferecer, tendo em conta que as semelhanças são um ponto muito importante neste tipo de mercado/concerto. 
Outro momento a destacar é a colossal, com tons épicos, “Echoes”. Assim que se ouviu o famoso som inicial da música, semelhante ao som do sonar, um forte aplauso da plateia ecoou pelo local. E, por incrível que pareça, esse mesmo som, nas gravações do álbum “Meddle” foi produzido sob uma amplificação de um piano de cauda, a cargo do falecido Richard Wright, cujo sinal foi enviado através de um altofalante giratório chamado Leslie. Esta composição magistral foi tocada na integra, cada segundo, cada nota; tocada com uma competência de louvar, que qualquer fã de Pink Floyd mereça. Houve um momento, no acto mais experimental da música, que o concerto preencheu-se de uma sessão mais intimista, com o guitarrista bem perto do público, a dar uso de sons experimentais, com a sua guitarra, na horizontal, em cima das pernas, captada pelo holofote vindo do palco. De repente, a banda entra toda para o encore da música, de cortar a respiração. 
O álbum “The Dark Side Of The Moon”, e convém dizer que é um dos melhores álbuns já feitos na história da música, para além de ter uma produção genial e crucial para o conceito, que na altura encheu os críticos de espanto, tem uma música que está entre o belo e o aprazível, a força e a leveza e que foi tocada com alma. Senhoras e senhores, “The Great Gig In The Sky”. O Hardclub nunca presenciou algo tão mágico.
Another Brick In The Wall (Part II)”, não podia faltar, como é óbvio. Os mais velhos, nestes quase quatro minutos, voltaram à infância. Falando na primeira pessoa, tive a sorte de interagir com um fã estrangeiro na casa dos 60 anos e cantar com ele, de braços no ar, “Leave the kids alone!”. Houve dança, euforia e quae pensámos que os Pink Floyd estavam a actuar. 
Dogs” foi outro grande momento, todos os sons que podemos ouvir na versão do álbum, foram copiados à exaustão, para que o concerto parecesse digno. Uma forte salva de palmas para a voz, análoga a Gilmour, mas mais rouca. Esteve nos altos, nesta composição exigente e espinhosa. 
Money” destacou-se pelo solo, os últimos diálogos (“I don’t know, I was really drunk at the time!”), os coros e todo o apogeu musical; “Time”, pela introdução a tocar na perfeição; “Run Like Hell” a servir de fecho, com o público a saltar; “Comfortably Numb”, que fez alguns casais sentirem o seu afecto;  “In The Flesh”, com uma mini-representação de uniforme, tal como Waters nos habituou nos seus agigantados concertos de “The Wall”…
Concluindo, foram momentos que os fãs de Pink Floyd puderam tirar o máximo proveito, com uma prestação de competência muito elevada e com um audiovisual muito entusiasta e expansivo, conciliado com o som. A produção esteve de parabéns. É caso para dizer que, “foram poucos, mas bons”. 

Texto e fotos de: Mário Jader

The Other Side: A Pink Floyd Experience @ Hardclub, Porto

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