Dilly Dally
Sore

| Outubro 9, 2015 10:06 am
Sore // Buzz/Partisan Records // outubro de 2015
7.0/10

Oriundos de Toronto, os Dilly Dally deram os seus primeiros passos na cena musical como duo, formados por Katie Monks (irmã de David Monks dos Tokyo Police Club) e Liz Ball, na faculdade, pela compartilha de gostos musicais em comum, nomeadamente os The Pixies. Com influências musicais a mencionar Kurt Cobain, Christopher Owens e Pete Doherty, o duo  de guitarristas (que aprenderam a tocar por si próprios) fidelizou-se com o baterista Benjamin Reinhartz (Beliefs) e o baixista Jimmy Tony (Mexican Slang) para formar os Dilly Dally. Após uma série de 7” singles, onde se inclui “Candy Mountain” e “Alexander”, os canadianos estreiam-se agora nos discos com Sore, que conta com a produção de Josh Korody (Fucked Up, Greys) e Leon Taheny (Owen Pallett, Austra, Dusted). Anunciado em julho, foi uma excelente escolha apontar outubro como data para lançamento de um álbum, que traz uma banda sonora perfeita para ouvir em casa nos dias em que a chuva ameaça lá fora.

Com “Desire” a surgir como primeiro single de avanço os Dilly Dally mostravam a sua veia mais grunge pop, com Katie Monks a mostrar uma voz de personalidade particularmente semelhante, antes de ser sucedida por um dos riffs de guitarras mais marcantes da sua pequena discografia. Segundo a vocalista, “Desire” é sobre “a huge sexual release, but it’s also about fantasies, youth, and purity”, e talvez seja por isso que, instantaneamente o público se sinta identificado logo com o single que serve igualmente de pontapé de avanço para a audição de Sore, na íntegra. Outro single que serviu igualmente de avanço para apresentação desta estreia foi “Purple Rage” que voltava a acentuar a aura grunge na voz de Monks e a traçar um esboço de mais uma canção lançada para se prender na cabeça do ouvinte. Em Sore, este primeiro lançamento, os Dilly Dally apresentam um álbum com uma instrumentação muito variada e uma mescla de sonoridades de diferente géneros, sendo portanto difícil enquadrar para já o quarteto de Toronto num género específico.


Em “Snake Head“, o single mais curto dos restantes onze, os Dilly Dally apresentam uma tendência para o panorama do garage-rock feminino que tem surgido na Califórnia nos últimos anos. “Ballin Chain”, que o antecede, é uma exploração que funciona dentro do mesmo género. Por sua vez,  “Next Gold” – que foi lançado inicialmente como single único –integra agora na tracklist de Sore, e apresenta a mistura de duas sonoridades completamente dispares, funcionando como uma conjugação entre o indie e o post-rock. “Get To You”, segue-lhe as pisadas e trabalha na mesma conjugação entre sonoridades, apostando, no refrão, numa guitarra mais animada que posteriormente incorpora um mundo de distorção. Ah é este um dos momentos mais poderosos do álbum, para além de se ver aqui uma produção incrível (aquele riff de guitarra a tentar sobressair na nuvem sonora), “Get To You” apresenta, igualmente, uma banda de estreia a saber o que faz através da sua excelente criatividade de composição sonora.

Há no geral, em Sore, uma tendência para o uso dos efeitos via pedal, nomeadamente o fuzz e a distorção e, essas novas experimentações, criam muito bons riffs que fazem deste álbum um trabalho a ter em consideração este ano. Apesar de haver músicas que se assumem como particularmente chatas no início, é a partir do sua metade que o público denota uns Dilly Dally a apostarem em novos acordes e a fazerem boas criações na grande indústria das bandas novas. “Witch Man”, por exemplo, tem um elemento marcante ao longo da sua reprodução, (seja um grito de características específicas ou uma guitarra particularmente interessante) e apresenta um final ainda mais épico, havendo mais uma vez a tendência pela afinação da guitarra dos The Strokes. E é esse um dos aspetos que torna Sore num álbum interessante, o facto de haver tão bons riffs em quase todas as músicas que compõem o álbum e, o facto da curiosidade de ver o quarteto ao vivo acrescer a cada reprodução. A verdade é que Sore ao vivo deve resultar numa experiência lúdica extremamente poética, a ouvir aqui.



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