Beach House
Thank Your Lucky Stars

| Novembro 3, 2015 1:52 pm
Thank Your Lucky Stars // Sub-Pop // Outubro de 2015
8.5/10
No espaço inferior a um trimestre, eis que temos mais um álbum dos Beach House em mãos. 3 anos passaram desde que os Beach House editaram Bloom. E no entanto, menos de 3 meses separam Depression Cherry de Thank Your Lucky Stars, o seu sexto e mais recente LP. 


Ao olharmos para trás, os Beach House já nos tinham dado bastantes pistas sobre este Thank Your Lucky Stars. Desde a faixa então desconhecida que tocaram em 2014 num concerto em Saskatoon — essa faixa é a “One Thing” — chegando às letras de músicas e fotos dos Beach House em estúdio espalhadas pelo depressioncherry.com — endereço que foi posteriormente actualizado para dcandtyls.com — e  acabando nas pistas que eles lançaram via twitter, parece que a intenção dos Beach House foi sempre lançar estes dois álbuns em conjunto. Portanto, dado o calendário que os Beach House nos ofereceram, também nos parece ajustado analisar Thank Your Lucky Stars à sombra de Depression Cherry.


Os Beach House em estúdio.


Quando comparamos ambos os LP, o facto é que Thank Your Lucky Stars está num local bastante distante do planalto de reverbs e shoegaze arquitectado em Depression CherryOs Beach House de Thank Your Lucky Stars não estão tão centrados na produção de um monólito etéreo e primam pela produção de uma pop sensível com o auxílio de sintetizadores e teclados. Em Thank Your Lucky Stars temos uns Beach House mais individualistas. Individualismo esse que é audível na expressão dos instrumentos e na voz de Victoria Legrand. As camadas que compõem a paisagem sonora de Thank Your Lucky Stars são mais perceptíveis e fáceis de dissecar do que as de Depression Cherry. As teclas e os sintetizadores perdem destaque para as guitarras. A voz de Legrand destaca-se da instrumentação e alcança o seu próprio patamar. Por tudo isto, respira-se muito mais “pop” do que “dream” em Thank Your Lucky Stars. Mas à semelhança de Depression Cherry — e à imagem da obra dos Beach House — a mensagem da sua música encontra-se enraizada nas mais primárias emoções humanas: a saudade, a paixão, a ansiedade, a nostalgia, o amor, a morte…enfim, a vida. 


 

Na nossa review ao Depression Cherry, afirmámos que este era um álbum de inverno lançado no verão. Se tal é verdade, Thank Your Lucky Stars é um álbum de verão lançado em pleno outono. Ainda que ambos os álbuns tenham sido gravados na mesma sessão de estúdio, as canções que compõem Thank Your Lucky Stars foram escritas entre julho e novembro de 2014 — imediatamente após a escrita das canções que compõem Depression Cherry. Tal facto condicionou a sonoridade das canções, resultando numa atmosfera quente e pop que se distancia da do seu antecessor. Conseguimos quase testemunhar duas versões diferentes dos Beach House: uma mais “dream” em Depression Cherry e outra mais “pop” em Thank Your Lucky StarsDir-se-ia até que a sonoridade dos Beach House de Thank Your Lucky Stars está mais próxima da dos Beach House que surgiram no ano de 2006. Por esse facto, não deixa de ser curioso o facto de Thank Your Lucky Stars ter sido gravado na mesma sessão de estúdio de Depression Cherry. 


Apesar de todas as tentativas de separar Thank Your Lucky Stars do seu antecessor e tentar analisá-lo em vácuo, o curto intervalo de tempo que separa os dois LPs inviabiliza esse exercício. O intervalo de tempo entre os dois discos é demasiado curto e as diferenças entre os dois álbuns são demasiado notórias para não ser pertinente uma análise de Thank Your Lucky Stars à luz daquilo que o distingue de Depression CherryAs comparações são também inevitáveis porque ainda não tivemos tempo de digerir Depression CherryHaverá quem defenda que nunca podemos ter demasiado de uma coisa boa. De facto, tanto Thank Your Lucky Stars como Depression Cherry são álbuns brilhantes. Mas precisamente por serem álbuns excelentes é que consideramos que estes deveriam ter um espaço de tempo considerável a separar cada um deles. Isso evitaria exercícios de comparação entre os dois álbuns (iriamos analisar o álbum enquanto álbum e não enquanto conjunto) e daria tempo para que o álbum fosse devidamente absorvido pelo seu ouvinte. Acreditamos que o segundo ponto sai prejudicado pelo primeiro. Por tudo isto, é impossível analisar ambos os álbuns em vácuo, quando ainda mal tivemos tempo para encaixar um deles.

Por outro lado, nenhum exercício de comparação que possamos fazer entre os dois LPs lesa os Beach House. Afinal de contas, estamos a comparar dois discos da mesma banda e ambos excelentes por sinal. Mais ainda, os Beach House não têm nada a provar. A sua discografia é excelente e, enquanto banda, os Beach House serão talvez uma das maiores referências — se não “A Referência” — da dream pop actual.

Relembramos nesta review que os Beach House vão brevemente iniciar a sua extensa tour europeia e que esta vai passar por Portugal — mais precisamente pelo Armazém F em Lisboa (os bilhetes para este concerto já estão esgotados) e pelo Teatro Sá da Bandeira no Porto. A última vez que os Beach House estiveram entre nós foi em 2013, para apresentarem o Bloom. A digressão que vai trazer os Beach House até nós em novembro deste ano foi agendada ainda antes do lançamento de Depression Cherry. Portanto, os Beach House trazem não um, mas dois álbuns novos para apresentar ao vivo. Estamos em pulgas. 

Enquanto novembro não chega, fiquem com o vídeo do malhão de Thank Your Lucky Stars e com as letras do mesmo para irem aprendendo.
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