Girls Names
Arms Around a Vision

| Novembro 16, 2015 11:07 pm
Arms Around a Vision // Tough Love Records // outubro de 2015
7.5/10

Formados em 2009, como um duo, e oriundos de Belfast (UK), os Girls Names estrearam-se nos longa duração com Dead To Me em 2011, um ano após a edição de Girls Names EP, o primeiro registo da história da banda. Já em formato quarteto editaram o bastante aclamado The New Life (2013) e regressaram este ano aos discos com o terceiro trabalho de estúdio Arms Around a Vision que chegou às lojas nos primeiros dias do mês de outubro. Sem grandes apresentações, e depois de passagens díspares em território nacional, os Girls Names trazem um disco que foge, de certo modo, aos conceitos e sonoridades explorados anteriormente, embora surja como um disco evolutivo, essencialmente ao nível do post-punk e dream pop explorados no antecessor deste Arms Around a Vision, através de uma aposta muito forte a nível dos sintetizadores.

Curiosamente a fórmula de abertura de Arms Around a Vision, “Reticence”, cede logo espaço para confirmar essa mudança que os Girls Names têm vindo a apresentar de álbum para álbum. Para além da aposta numa sonoridade mais marcante e denotada, o quarteto de Belfast arranca ainda os primeiros elogios na produção deste disco através dos efeitos, a nível vocal e de alguns samplers, que acompanham as mudanças afincadas de ritmo. E se a abertura de “Reticence” deixa uma marca pela sua potência sonora de tonalidades obscuras, já o seu desenvolvimento volta a trazer aquilo que a banda mostrou com The New Life: um post-punk mais dreaming e menos martirizador. Esta linha mais “dominadora” mantém-se igualmente por aí fora em singles como “Desire Oscillations” e “Dysmorphia”.


Para além de “Reticence”, existem mais duas introduções em Arms Around a Vision que se apresentam como relevantes, apesar da sua duração curta e limitada a menos de um minuto e meio: “(Obsession)” e “(Convalescence)”. A primeira, mais dirigida a uma sociedade moderna, e mostrada na utilização dos sintetizadores e da sua fusão com os restantes instrumentos. A segunda, mais dirigida ao ser em si e a mostrar uma banda cuja preocupação fulcral se situa à volta da composição base. Um dos aspetos interessantes neste longa-duração é o facto de juntarem à habitual preocupação existencialista, a preocupação com os problemas de uma sociedade moderna. Em “Exploit Me”, por exemplo, é notória a referida questão existencialista, quando Cathal Cully denota “How can I protect you when I can’t protect myself?”.


Quanto a influências neste novo trabalho, para além dos habituais Crystal Stilts e The Underground Youth, encontra-se igualmente, ao nível dos sintetizadores, e presente em “An Artificial Spring”, uma progressão de acordes mais pop facilmente comparável à encontrada no single “The Hearse” dos estado-unidenses Wampire, mostrando que a viagem dos Girls Names aos anos 80 passa-se apenas pela modernização das sonoridades mais sombrias que caracterizaram a década e um pouco pelo revivalismo da new-wave. Embora não o seja errado fazer, vem mostrar algo bastante à quem do expectável num disco de uma banda ainda em fase de crescimento.


Como um todo, Arms Around a Vision é um trabalho interessante, pela continuidade entre singles, o que faz deste um álbum bastante coeso. Do ponto inovador há pouco a acrescentar, já que nos trabalhos anteriores, essencialmente em The New Life, as músicas funcionam igualmente de forma coerente. É ainda de vangloriar “I Was You”, single de encerramento do disco, que mostra uma influência claramente Bahaus-iana como mancha de abertura, enquanto abre igualmente espaço para um dos melhores solos de sintetizador na discografia dos Girls Names. Apesar da diferente e limitada abordagem à sonoridade conhecida até à edição deste terceiro trabalho, os Girls Names apresentam um disco que recebe, certamente, um maior acolhimento, enquanto escutado em formato concerto, que os seus antecessores. A produção essa merece honor.

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