Corpo
Mente

| Dezembro 13, 2015 10:48 pm
Corpo-Mente // Blood Music // março de 2015
10/10

Formados inicialmente como uma dupla, por dois elementos constituintes do extremo e inventivo projeto musical IgorrrGautier Serre e Laure Le Prunenec-, os Corpo-Mente são atualmente um quinteto francês. Corpo-Mente, o álbum de estreia editado em março do presente ano, é o resultado do excelente trabalho que conjuga os vocais únicos e de personalidade singular, com um multi-instrumentalismo a incorporar elementos da música barroca, neo-folk, algum breakcore, entre outros. Para quem já está habituado à miscelânea musical de Igorrr, os Corpo-Mente trazem um trabalho que será facilmente assimilável, em termos auditivos. Já aos que são novatos no assunto, espera-lhes um dos melhores álbuns do ano em termos de inovação musical. A obra é prima, os Corpo-Mente são mestres.

“Scylla” é o single que abre este homónimo e serve para introduzir na perfeição o conceito deste projeto. Existe uma questão filosófica sobre o facto dos fenómenos mentais parecerem diferentes dos corpos que dependem, que ficou conhecida pelo problema mente-corpo. A expressão é igualmente usada no contexto da parapsicologia, a fim de justificar comportamentos paranormais. “Scylla” inicia assim o dualismo que Corpo-Mente representa no seu todo, culminando já num domínio musical completamente díspar em “Encell”, uma balada, de início ao fim, com a tonalidade vocal de Prunenec completamente controlada.

Falando de singles notórios não se pode deixar de referir “Arsalein”, o segundo single da tracklist e um dos primeiros singles de avanço desta estreia. Com instrumentos muito característicos da sua eletrónica, Gautierre Serre pinta o palco sonoro pelo qual Laure Le Prenenec ecoa a sua voz poderosa, conduzindo o ouvinte a diversos cenários enquanto este é consumido por outros tantos estados espíritos. Já “Fia” faz mais uma pausa nos ritmos agressivos, à semelhança de “Encell” e traz mais uma música de personalidade calma onde a guitarra recebe a atenção fulcral.

“Dorma” é mais um dos singles surpresa do álbum, onde através de uma introdução ao piano, e um pouco disfarçada, os Corpo-Mente mostram uma excelente exploração de vários instrumentos, abrindo ainda espaço ao violino numa conjugação intrínseca muito bem conseguida e ainda numa produção a merecer uma salva de palmas (ouvir “Ort” após o minuto 2.15). Falando ainda de singles a surtir admiração é de referir “Equus”, que mostra uma semelhança face ao grande  “Four Seasons – Winter” do Vivaldi, denotando mais uma vez que os Corpo-Mente não são apenas mais uma banda numa panóplia de bandas novas, mas tratam-se de um quinteto a ter em atenção nos próximos anos pela excelente qualidade das suas composições, acima de tudo. 

É bonito chegar ao fim de um álbum e não ter defeitos ou críticas a apontar e Corpo-Mente é sem margem de dúvidas um dos melhores álbuns que a imprensa musical recebeu no presente ano e possivelmente na última década. Não há qualquer falha. Mais que um álbum pós-moderno, esta estreia dos franceses Corpo-Mente é uma peça de arte manufacturada e repleta de uma instrumentação genial. Maravilha.


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