Pop. 1280
Paradise

| Fevereiro 17, 2016 6:47 pm
Paradise // Sacred Bones Records // janeiro de 2016
5.5/10

Os nova-iorquinos Pop. 1280 iniciaram carreira em 2008 intitulando a sua música/género musical de cyberpunk. O vocalista Chris Bug e o guitarrista Ivan Lip decidiram recrutar membros que nunca tinham tocado um instrumento e juntaram-se ao “baixista” John Skultrane e ao “baterista” Andrew Smith, que não fazem atualmente parte da banda. O primeiro longa-duração oficial do quarteto surgiu apenas em 2012, sob o nome de The Horror, levando o selo da conceituada Sacred Bones Records, editora com que se estrearam em 2010 aquando da edição do EP The Grid. Um ano depois de The Horror editam Imps of Perversion e seis anos depois da estreia na Sacred Bones, o quarteto lança agora Paradise, o terceiro disco de estúdio, cuja análise segue descrita adiante.

Paradise é um álbum com uma estética de difícil assimilação principalmente pelo facto de ter como base o industrial e algum noise rock, géneros que tão facilmente podem ser odiados como adorados. Depois, porque é um álbum sobre os males que à tecnologia trouxe ao mundo moderno, uma “avaliação” que facilmente é feita tendo em conta uma opinião subjetiva e, ainda, porque aposta fortemente em baterias eletrónicas e sons sintetizados. Isto torna-se mais claro ao ouvir “Pyramis On Mars”, primeiro single de avanço deste terceiro disco, que abre logo num ambiente sinistro provocado pelos referidos sintetizadores e violoncelos. Um single que musicalmente funciona como uma representação de um pesadelo trazendo ainda referências ao horror-punk apresentado nos primeiros trabalhos.


A maior fraqueza no industrial é não conseguir prender o ouvinte e mantê-lo motivado com o passar do tempo e os Pop. 1280 tentam contrariar este efeito reproduzindo em guitarras barulhentas a áurea cibernética. O resultado, apesar de bom, reflete um disco que só se deixa ser escutado em alturas muito específicas. “Phantom Freighter”, “In Silico” e “Chromidia” são três bons exemplos desta conjugação que resultam numa pequena amostra por si só muito monótona e consequentemente aborrecida (o noise também não facilita).


No final são poucos os singles que são realmente bons a ponto de conseguirem fortalecer uma audição prolongada face à concorrência enorme que existe no mercado. O single homónimo “Paradise” é uma das surpresas do álbum e uma das músicas mais importantes neste trabalho. É aqui que se abre espaço para pensar realmente nos problemas da tecnologia na vida moderna. O presente single poderia facilmente ter sido usado por Stanley Kubrick na banda sonora do 2001, Odisseia no Espaço, se tivesse sido produzido nos anos 60, pena não haver a tecnologia a que hoje se tem acesso no mundo musical. Talvez aqui os Pop. 1280 soassem a algo como Pierre Schaeffer, como o demonstram na introdução de “Rain Song”, a música mais inventiva deste terceiro disco.


Uma nota não traduz um disco porque este é feito de músicas boas e músicas menos boas. Veja-se para já que Paradise tem três músicas muito boas que, se servirem de base para o próximo disco dos Pop. 1280, a banda fará certamente um dos melhores discos de sempre da sua discografia, e pode fazê-lo se souber conjugar este método com o cyberpunk com que os próprios se caracterizam. Paradise é, no seu todo, um disco “ok”, com músicas mais apropriadas para experienciar ao vivo que ouvir propriamente em disco; não deixa de ser um disco mau, é apenas menos bom.

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