A cena escandinava é uma incessante incubadora de projetos. E se em muitos deles voltamos a encontrar músicos que integram outros grupos já em rodagem, temos a certeza à partida de que cada novo investimento vem acrescentar algo de diferente ao que já se ouviu.
É o caso de The Heat Death, quinteto que reúne alguma das figuras chave da música criativa e improvisada que tem saído do Norte da Europa, como por exemplo o trombonista Mats Aleklint, o mais completo praticante do seu instrumento desde Roswell Rudd, e o saxofonista Martin Küchen, líder dos Trespass Trio, Angles 9 e All Included.
Apresentam-se como uma formação de música improvisada com um toque de jazz, mas se a definição pode significar muitas coisas, o que ouvimos é literal. Com uma intensidade e uma urgência a fazer lembrar as vertentes mais extremas do rock – não esquecer que estamos na Escandinávia, berço de alguns dos movimentos mais radicais dentro do género – a banda joga com a aparente ausência de composições e estruturas definidas, e quando o dito jazz acontece é como se uma nuvem oferecesse cor à paisagem que temos diante de nós, sem a determinar, mas influenciando a nossa perceção.
Ou seja, “música improvisada com um toque de jazz” significa, neste caso, que nascem composições espontâneas do caos, que a ordem irrompe da aparentemente desordem, fragilidade e energia consistindo num e no mesmo fator. Só ao alcance de grandes músicos.
O quinteto vai passar esta quinta feira, 19 de maio, pelo Pequeno Auditório da Culturgest, num espetáculo inserido no Ciclo ‘Isto é Jazz?’. Os bilhetes custam 5€ e o concerto tem início às 21h30.