Cinco Discos, Cinco Críticas #15

| Maio 6, 2016 12:59 am
Yesterday You Said Tomorrow // Revolve // abril de 2016

7.0/10



Os EGBO, projeto de Iuri Landolt em colaboração com amigos, lançaram em 2012 o seu primeiro EP sinkin’ ships, onde se integraram facilmente na cena eletrónica lisboeta. Três anos depois de XYZ (2013), os EGBO regressam agora com Yesterday You Said Tomorrow que recebe selo da editora vimaranense Revolve, numa edição limitada a 50 cassetes. Composto por dez canções, de onde primeiramente se conheceu “silley beamz”, Yesterday You Said Tomorrow mostra um EGBO com uma identidade a aproximar-se a um XXYYXX de 2012. “sty hydrtd” é um exemplo dessa aproximação, embora com um início mais semelhante aos trabalhos de Balam Acab, na altura do EP See Birds. Yesterday You Said Tomorrow é eletrónica minimal com linhas de baixo experimentais e uns beats de quando em quando. Um disco interessante para ouvir antes de adormecer.



Sónia Felizardo

Crab Day//Drag City// abril de 2016
8.5/10 
Após Mug Museum (2012) e um período de tempo em conjunto com Tim Presley, em DRINKS, Cate Le Bon regressa aos álbuns a solo. Crab Day é o segundo álbum da artista galesa, um álbum que nos cativa como consegue cativar cativar em Mug Museum. Começa com “Crab Day” uma faixa mexida, que nos faz querer dançar feitos loucos pela pista.É um álbum em que se vê mais influências folk, mais influências de outros projectos, um álbum menos melancólico mas, mesmo esse bocado característico de Le Bon continua na sua lírica. As suas letras conseguem mostrar a mensagem de uma relação acabada, de amores não correspondidos. Um excelente álbum, que consegue prender de início ao fim, uma viagem pelos sentimentos através da esquizofrenia sonora e de um esquema de letras quase Dadaísta. Depois de Me oh My e Mug Museum consegue trazer-nos de novo uma lufada de boas músicas.
Duarte Fortuna


Still Life of Citrus and Slime // In The Red // maio de 2016

7.1/10




O californiano Charles Moothart, membro dos Fuzz e da ex-Ty Segall Band, estreou-se a solo no passado dia 8 de abril com Still Life of Citrus and Slime, que foi editado via In The Red sob o nome de CFM (Charles Francis Moothart). Este álbum foi escrito durante dois meses de isolação propositada, devido a separação de Charles com a sua namorada de longa duração, e ex-companheira na Ty Segall Band, Emily Rose Epstein. Saradas estas feridas, Charles Moothart surge então como CFM em Still Life of Citrus and Slime. O álbum começa com “You Can’t Kill Time”, onde uma bateria e um sintetizador hipnotizantes invadem os ouvidos logo desde princípio, mas terminando com um fim abrupto. Os pontos fortes deste álbum vão para “Lunar Heroine”, o primeiro enérgico single de avanço a este álbum, e também “Brain of Clay”, “Glass Eye” e “Habit Creeps”, onde os solos cheios de fuzz e a voz distorcida de Charles, evidentes nestas malhas, são um elemento comum em quase todo o álbum. “The Wolf Behind My Eyes”, que seguiu num registo semelhante a “Lunar Heroine”, enérgica com os elementos já referidos, e “Still Life of Citrus and Slime”, que oferece algo diferente ao resto do álbum com um instrumental agradável, finalizam este álbum de um género onde é muito difícil haver inovação. E mesmo que Still Life of Citrus and Slime não ofereça algo de novo ao garage, não deixa de ser um bom álbum para os aficionados do género. 




Tiago Farinha








On Vacation // International Feel Recordings // fevereiro 2016

6.5/10


Após o lançamento de dois álbuns no ano passado, o produtor canadiano CFCF (nome artístico de Michael Silver), regressa aos discos com On Vacation. Este disco, tal como o seu nome indica, tem a particularidade de trazer à memória vários destinos, por exemplo, “Sate Padang”, a primeira faixa, relembra uma praia com várias palmeiras, talvez, até uma ilha ou “Arto” que transporta a mente para um destino mediterrânico, uma pequena aldeia italiana(?). Esta particularidade acaba, também, por ser um defeito pois para ativar estas memórias/pensamentos tem de recorrer àquilo que já foi feito, não trazendo nada de novo, tornando-se, assim, em mais um álbum no meio de tantos, mais um conjunto de sons. “Pleasure Center” talvez seja a faixa mais original, sendo que, para o conseguir teve de renunciar à premissa do disco. On Vacation é apenas um disco de passagem, quase que um passeio, um jogo cujo objectivo é descobrir que som lembra o quê, infelizmente, não perdurará, servirá apenas como um pequeno exercício mental. 

Francisco Lobo de Ávila



Aa // LuckyMe Recordings // Março de 2016


7.6/10



Aa é o álbum de estréia de Baauer, o produtor do fenómeno de internet, em 2012, “Harlem Shake”. Desde então pouco se tinha ouvido do produtor para além de um EP titulado de ß que pouco ou nada foi comentado. Com Aa, Harry Bauer Rodrigues sai das sombras para lançar um álbum cheio de faixas potentes para dominar os dancefloors de todo o mundo com o seu EDM tão fortemente influenciado pelo hip-hop, tendo incluído vários artistas em ascenção e artistas que já têm o seu próprio nome, entre eles podemos encontrar Future, M.I.A. e Pusha T. É um álbum de 13 faixas com pouco mais de meia hora; parece ser pouco tempo para tanta faixa mas o álbum está construído de forma a que haja sempre uma certa introdução para elevar a faixa seguinte. Apesar de todos os bangers que o álbum oferece, existem 3 faixas que merecem ser mencionadas com mais força: “GoGo!”, a faixa mais eletrónica e dubby do disco perfeita para os dancefloors; “Sow”, a faixa altamente influenciada pelo funk brasileiro que usa inclusive uma sample de “Jonathan da Nova Geração” de Jonathan Costa; e obviamente “Temple”, a faixa com um som muito mais oriental que tem como convidados M.I.A. e G-DRAGON (um rapper emergente na Coréia do Sul). Sumariamente, se estão à procura daquela playlist de festa e dança, esqueçam o Spotify e oiçam este disco porque é muito melhor.



Júlio de Lucena

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