Reportagem: Tim Hecker [GNRation – Braga]

| Maio 15, 2016 9:22 pm

Na passada segunda feira fomos ao GNRation, em Braga, para
assistir ao regresso de Tim Hecker ao nosso país. Depois de um concerto
cancelado na última edição do festival Semibreve, o artista canadiano regressou
novamente a Braga para apresentar o seu mais recente disco Love Streams, que
marca a estreia do canadiano pela britânica 4AD, editora de nomes como Cocteau Twins,
Pixies e This Mortal Coil, e que apresenta uma ligeira mudança na sonoridade do
autor de Ravedeath 1972.

A sala encontrava-se bastante composta e completamente às
escuras quando se começam a ouvir os primeiros sons, ainda quase inaudíveis.
Tim Hecker encontrava-se já em palco, escondido na escuridão. O som torna-se
cada vez mais perceptível e começa-se a reconhecer a primeira faixa, “Obsidian
Counterpoint”, que serve de abertura para o mais recente disco a apresentar.
Linhas de luzes coloridas surgem do fundo das paredes, mas Tim Hecker
mantém-se na penumbra, como se iria manter durante todo o concerto. A música
atinge níveis de volume máximos capazes de estremecer as paredes da Blackbox,
num set marcado pela música ambiente hipnótica de composições minimalistas e
arranjos noise, apresentado num cenário misterioso complementado pelo
jogo de luzes ténue que se vislumbrava pelo meio da escuridão, resultando numa
performance enigmática e propícia a momentos de reflexão e introspeção.  Num concerto essencialmente focado em
apresentar o seu mais recente trabalho, houve ainda espaço para “Virginal II”,
do antecessor Virgins, para agrado de alguns fãs que contavam ouvir algum do
trabalho anterior do artista.


O concerto terminou de forma algo abrupta, depois de
ouvirmos a excelente “Black Phase”, que também encerra
Love Streams, com o tema a terminar de modo abrupto e pouco subtil, num concerto que falhou
pela sua curta duração contando com apenas 45 minutos de música, deixando um
pouco a desejar para um estilo de música que se quer longo e prolongado. Não
deixou de ser, no entanto, uma bela oportunidade para ver um dos nomes mais
consagrados e adorados da música experimental contemporânea. Apesar da sua
curta duração, a prestação de Hecker foi competente e agradável e reforçou
Love Streams como um dos melhores lançamentos deste ano.

Texto: Filipe Costa
Fotografia: Hugo Sousa/gnration
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