Reportagem: SonicBlast Moledo – Dia 2

Reportagem: SonicBlast Moledo – Dia 2

| Agosto 23, 2016 2:02 pm

Reportagem: SonicBlast Moledo – Dia 2

| Agosto 23, 2016 2:02 pm

Depois de o primeiro dia do festival ter deixado os festivaleiros satisfeitos no regresso à tenda o segundo dia do SonicBlast Moledo prometia ainda mais grandes concertos. Apesar do cansaço dirigi-me uma última vez para o recinto.



Vircator


Diretamente de Viana do Castelo, Vircator jogaram em casa. Uns dos concertos mais interessantes que aconteceram no palco piscina, estes surpreenderam toda a audiência com o seu rock espacial e hipnótico. Com bastantes influências post-rock e uma melodia sempre bastante apurada, Vircator foram sem dúvida das melhores bandas em cima deste palco.



Spelljammer


Se Vircator surpreendeu, Spelljammer tirou todas as dúvidas e afirmou-se como o melhor concerto do palco piscina (a par de Possessor). Este trio de Estocolmo toca música lenta e pesada bem ao estilo de Doom Metal. Em qualquer que fosse a parte do recinto que estivesse uma pessoa plantada era impossível não sentir o impacto do baixo no peito.

Os suecos lançaram Ancient of Days em outubro de 2015,  e apesar da pouca interacção que tiveram com o público, foram das bandas mais ovacionadas deste palco.






The Black Wizards


O quarteto deu o segundo concerto em Moledo no espaço de 3 dias e mesmo assim foi alvo de um público bastante consistente. Conseguindo superar ainda a primeira performance no dia de recepção ao campista, esta banda mostra ser um fenómeno e uma das mais acarinhadas pelo público do stoner português.

O alinhamento do concerto consistiu nas músicas do Lake of Fire que continua a ser um dos álbuns nacionais mais revelantes dos últimos anos, os solos de guitarra e as letras são bastante catchy e prometem ficar na cabeça do público durante bastante tempo. Contudo o momento mais memorável deste concerto (e do aquecimento) foi sem dúvida o solo de bateria de Helena Peixoto que deixou todo o John Bonham que tinha em cima de palco.






Killimanjaro


Para continuar a carta de amor às bandas portuguesas não existe ninguém mais apropriado para subir ao palco do que os Killimanjaro de Barcelos. Basta olhar para a audiência para percebermos o amor que os fãs nutrem por esta banda, uma das maiores enchentes para ver uma banda portuguesa, aqueles que foram a melhor banda lusitana em cima do palco.

José Roberto Gomes é um monstro em cima de palco e faz o que sabe melhor com uma guitarra nas mãos ao seu jeito único. Joni Dores e Luis Masquete complementam o som não se limitando apenas a oferecer o ritmo mas também com a sua sonoridade espacial que são fundamentais para o som dos Killimanjaro.

As músicas do álbum Hook continuam a ser as que mais enchem os ouvidos da audiência mas as reacções às novas faixas provenientes do EP Shroud são bastante positivas, o que me leva a concluir que quatro músicas novas não são suficientes para saciar a fome dos fãs desta banda.






Stoned Jesus


Escusado será dizer que este era um dos mais aguardados concertos do festival e que quando o peculiar trio ucraniano subiu para cima de palco muita gente perdeu a cabeça. “Electric Mistress” abriu as hostes do delírio e levou todo o público a cantar em plenos pulmões. Isto seria a amostra do que iríamos presenciar durante todo o concerto.

Igor Sydorenko é um mestre em cima do palco e não deixa ninguém ficar indiferente à sua música, com os seus maneirismos e confiança, este consegue ter a audiência dentro da sua mão sempre que quer, estando a solar como um homem louco, ou a trocar uma corda partida a meio de um concerto, este é sem dúvida um show-man.

Ponto alto do concerto vai sem dúvida para a interpretação de “I’m The Mountain”, que apesar de ser algo diferente da versão em estúdio, levou o público ao delírio. “Black Woods”, que foi das músicas mais pedidas durante todo o concerto também, foi um momento memorável. Em última análise, Stoned Jesus ofereceu um dos melhores concertos do festival.






Uncle Acid & the Deadbeats


Uncle Acid era sem grandes rodeios o concerto que mais queria ver nesta edição do Sonic e as altas expectativas saíram algo furadas. Não por culpa dos britânicos em cima de palco (apesar de alguns dos problemas de som com o microfone), mas pelo público que me rodeava. A partir do momento em que um grupo de espanhóis bêbados se mete à minha frente, tapa-me completamente a visão do palco e começa a tirar selfies comecei a temer o pior.

A verdade é que durante o decorrer do concerto estes não se calaram, e ainda se formou um moche e uma onda de crowdsurf que me pareceu algo desnecessário.

A banda em si esteve fantástica tocando musicas que visitaram toda a sua discografia, incluindo o seu primeiro álbum, lançado de forma bastante limitada, Vampire Circus, malhas como “I’ll Cut You Down” ou “Death’s Door” foram acompanhados por um público bastante satisfeito.






Truckfighters


Depois da confusão que se gerou em Uncle Acid foi de uma maneira profética que comecei a imaginar como seria o concerto de Truckfighters. Devo dizer que ficou bastante perto da realidade. Um moche pit gigante abriu-se. Headbang geral de toda a audiência. Tsunamis de crowdsurfers. Tudo o que era de esperar daquele que foi o concerto mais hiperactivo do Sonic Blast.

O guitarrista Niklas Källgren com a sua típica boa disposição e correrias e saltos ganha o prémio de pessoa mais amada em cima do palco desta edição, todos os olhos estavam na sua guitarra e na sua língua que tão teimosamente insistia em apontar em direcção ao público.

Existe muita coisa a fazer nesta vida mas sem dúvida que se tenho algo a aconselhar os meus amigos festivaleiros a fazer é sem dúvida moshar ao som de “Desert Cruiser”. Todos os momentos da música são gloriosamente épicos, desde o riff inicial em que a multidão perde a cabeça, até à letra contagiante cantada pelo público, até aos solos selvagens que arrasam qualquer indivíduo. Prometo que quando saírem deste concerto vão-se sentir atropelados por um camião.






Salem’s Pot


Ao contrário do que muitos pensam, os concertos não acabaram em Truckfighters. Ainda havia pela frente Salem’s Pot. A visão de cinco gigantes suecos a entrar em palco disfarçados, com máscaras de inspiração renascentista e o vocalista com vestimenta de mulher, foi inesquecível.

O concerto pode ser descrito como uma bad trip até aos infernos, ajudado não só pela música mas também pelos vídeos que ornamentavam o palco. Aquele que foi um dos concertos mais pesados de todo o festival, foi o melhor after que podiam ter oferecido para o seguimento de um concerto de Truckfighters.

O momento mais marcante do concerto, pessoalmente, foi “Desire”, música que encerra o álbum mais recente da banda, Pronounce This!, a sua letra intensa e a sua interpretação foram algo que marcaram o meu Sonic Blast.

Com os Salem’s Pot a retirarem-se de palco deu-se assim por terminado a edição 2016 do Sonic Blast Moledo. Ao retirar para a tenda, dada a falta de energia para continuar no after, apenas conseguia pensar em como apenas 3 dias me tinham deixado tão agarrado a um local. O público sabe o que foi fazer. As bandas sabem o que foram fazer. Tudo foi cumprido com mestria.


Vemo-nos em 2017.
Dia 2 @ SonicBlast Moledo




Texto de Hugo Geada
Fotografia de Diogo M. Monteiro
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