Marvel Lima
Marvel Lima

| Outubro 11, 2016 11:20 pm
Marvel Lima // pontiaq // outubro de 2016
5.6/10
A banda alentejana Marvel Lima surge com o seu primeiro
álbum homónimo, que já foi apresentado em vários festivais e concertos este
verão. 
Para os mais distraídos, lançaram previamente dois singles,
“Fever” e “Mi Vida”, que nos fizeram ficar interessados e questionar o que se
anda a viver para além do Tejo. 
Algo psicotrópico por certo, algo que levou os Marvel Lima
a trazerem-nos dois singles bastante catchy, deixando todos à espera
de álbum.

A espera acabou e parece que o interesse se desvaneceu. Num
álbum com 9 faixas, os dois singles têm o maior destaque, sendo que apenas mais duas música
parecem estar enquadradas. “Demência” e “Primavera” são as faixas que mais
atenção chamam, sendo que as restantes parecem puras brincadeiras de ensaio, em que a
banda se depara com muito pedal de distorção e tenta usar todos de modo a ver qual o
melhor. J
ams puras, se quisermos ver algo engraçado nisso, mas algo que parece ser
um corpo com a cabeça, tronco e membros a desmontarem-se a cada minuto e cada
faixa que passa.

É uma pena, havia expectativa, pois “Fever” tem a potência e o charme quente do Alentejo, que nos pedia um urgente refresco e nos fazia
pensar que estávamos perante uma banda dos anos 70. Por outro lado, “Mi Vida” tem mesmo vida. Chegava a ser um rock cósmico com o psych bem alinhavado, tudo em
ordem e harmonia.




Passando à “Demência” e o porquê de se destacar logo a
seguir: rock cru, pedais bem usados, finalmente! Apesar do início calmo, somos
atirados para um buraco sem fundo e encontramo-nos em queda livre, sem parar, em
loop. Se todas as vezes que a distorção fosse usada como nesta faixa podíamos
ser felizes para sempre com este álbum. 
Em “Primavera” temos uma jam bem organizada, um órgão
potente que põe os restantes elementos em sentido e dá rumo à música. O back
vocal encaixa, tudo perfeito, cinco estrelas. 

Muitas das faixas têm um vocal que por mim poderia ser
evitado. O papel dos instrumentos nesta banda é muito grande e poderiam fazer
apenas como em “Primavera”, uma frase que o público pudesse entoar quando
a banda parasse de tocar. 
Este é um álbum em que a organização é necessária, o órgão é
preponderante, havendo arestas a limar. Este álbum não é um álbum perfeito, talvez
não fosse o suposto. O perfeito é o desumano porque o humano é imperfeito.
Esperemos por mais novidades dos Marvel Lima e que nos
surpreendam.



Texto: Duarte Fortuna
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