Um (mini) guia ao Post-Punk underground dos anos 80

Um (mini) guia ao Post-Punk underground dos anos 80

| Outubro 13, 2016 1:23 am

Um (mini) guia ao Post-Punk underground dos anos 80

| Outubro 13, 2016 1:23 am



O post-punk mudou a vida de muitas gerações nos saudosos anos 80. Embora não seja um dos géneros mais inventivos, teve uma tremenda influência na cultura musical da época, na altura em que o punk entrava em declínio, por volta de 1977. No mesmo ano surgem em Inglaterra bandas como Magazine e Public Image Ltd (com membros dos Buzzcocks e Sex Pistols, respetivamente) que incorporam ao punk-rock “tradicional” sons incomuns da eletrónica ao free jazz. Já nos Estados Unidos faziam-se ouvir os Television e a Patti Smith. Começam a surgir também várias editoras independentes para servirem como alternativa à música mainstream da altura e em 1979, os Joy Division lançam Unknown Pleasures – o álbum que marca o post-punk como género – e os Bauhaus mostram ao mundo o single “Bela Lugosi’s Dead“. Nascia assim um novo movimento, não só cultural, mas musical.

Apesar de ser considerado já por si só, um género underground, dentro do post-punk dos anos 80 há muito boas bandas que certamente ficaram perdidas e alheias ao conhecimento dos media da altura. Este artigo pretende assim, dar a conhecer alguns dos artistas cujo trabalho nasceu nos inícios da cultura do post-punk. Compilou-se algumas sonoridades de bandas menos conhecidas, e de certa forma pioneiras no género. Um admirável mundo novo a descobrir.

The Monochrome Set




Os The Monochrome Set ainda estão no ativo apesar de já terem acabado por duas vezes. Formaram-se em 1978, no Reino Unido, e lançaram inicialmente um EP de quatro faixas pela conceituada editora Rough Trade. A banda começou a ganhar destaque essencialmente após a edição dos primeiro discos de estúdio Strange Boutique(1980) e Love Zombies(1980) pela presença tamanha do vocalista Bid e pela forma de tocar do guitarrista Lester Square, que abandonou a banda em 1982. 
Apesar dos altos e baixos os The Monochrome Set marcaram a década, pelo seu post-punk feliz de tonalidades únicas tendo influenciado posteriormente bandas como Pulp, The Smiths e The Divine Comedy.



Virgin Prunes




Os irlandeses Virgin Prunes são uma das bandas que mais se destacou na cena post-punk dos 80’s essencialmente pelas suas aventuras no campo da avant-garde, onde se tornaram mais inventivos. Formados em 1977, os Virgin Prunes surpreenderam o público pela valorização das performances artísticas em espetáculos ao vivo acima das tradições da música rock e, em pouco tempo, ganharam uma audiência de culto. 
Em 1981 a banda lançou A New Kind Of Beauty, um projeto ambicioso dividido em quatro capítulos editados entre setembro e dezembro, em formato cassete, via Rough Trade Records. Um dos pontos altos na discografia dos Virgin Prunes deu-se em 1982 com a edição de …If I Die, I Die, que ficou conhecido como o disco de estreia da banda e que trouxe vários singles que se tornaram clássicos de carreira, nomeadamente “Baby Turns Blue”, “Ulakanakulot” e “Decline and Fall”. A banda irlandesa acabou em 1986.






Chance Operation




Os Chance Operation foram um trio japonês composto por Higo Hiroshi, Yoshiko Komiyama e Takahiro Furusawa. A banda foi fortemente influenciada pela cena no-wave nova-iorquina que se fazia sentir no post-punk underground japonês dos anos 80. A conjugação dos elementos da no wave com o post-punk é facilmente notada a partir do segundo EP, Spare Beauty, editado em 1982. Já o primeiro EP, Chance Operation (1981) é um disco mais fiel às bases do post-punk e merece igualmente ser explorado. Mais recentemente, em 2011 e já em formato duo, os Chance Operation editaram o disco Resolve

O trabalho da banda pode ser ouvido aqui.


 



Red Lorry Yellow Lorry


Falar em post-punk underground que se destacou nos anos 80 faz trazer à memória os ingleses Red Lorry Yellow Lorry (também conhecidos como The Lorries). A banda, que se formou em 1981 só viria a lançar o primeiro disco – Talk About The Weather – em 1985, um disco que se viria a tornar um clássico na carreira do quarteto, pelo seu minimalismo lírico e agressão musical.
Depois de uma série de singles pela Red Rhino a banda assinou com a Beggars Banquet Records, editora pela qual lançou o terceiro e quarto discos, Nothing Wrong(1988) e Blow(1989). Ao longo da carreira os Red Lorry Yellow Lorry sofreram várias alterações no lineup sendo que o vocalista Chris Reed foi o único elemento da formação inicial que se manteve como integrante. Blasting Off (1991) é o último álbum de originais na discografia da banda.


Fliehende Stürme




A história de formação dos Fliehende Stürme é mais ou menos comum. A banda alemã que teve as suas primeiras raízes no punk (sob o nome de Chaos Z) desenvolveu ambições mais amplas e melhores habilidades musicais e decidiu ingressar por um caminho mais obscuro, sendo assim uma das bandas pioneiras do movimento depro-punk ao lado dos EA80




A banda continua atualmente no ativo e, embora tenha visto iserida na sua sonoridade algumas influências eletrónicas, a voz grave e a guitarra agitada de Andreas Löhr mantêm-se fiéis. O punk depré também, embora a uma escala reduzida.




Lydia Lunch



Lydia Lunch é o nome artístico de Lydia Anne Koch, que ficou conhecida pela banda Teenage Jesus and The Jerks, onde foi vocalista e membro fundador. A solo, a artista destacou-se em 1980 com Queen of Siam, o primeiro disco a solo que trazia embebidas as bases do no wave sobre um spoken-word que ao vivo era bastante comunicativo. Na sua carreira ficam marcadas colaborações com vários artistas, nomeadamente Nick Cave, Michael Gira, The Birthday Party, Einstürzende Neubauten e Sonic Youth. O mais recente disco da artista, My Lover The Killer, foi editado em abril do presente ano.
Além da música, Lydia Lunch ainda participou em alguns filmes e escreveu vários livros.
  


Red Zebra




Os belgas Red Zebra formaram-se em 1978, como um quarteto de miúdos de 16 anos, e sob o nome de The Bungalows. Depois de aprenderem a tocar instrumentos formaram os Red Zebra que perdurou com a formação inicial até 1986. Quatro anos depois, em 1990 três membros originais da banda voltaram a reunir-se tendo lançado, até à data, quatro discos e uma cassete. 
O primeiro EP dos Red Zebra, foi editado em 1980 e incluiu o single “I Can’t Live in a LivingRoom”, que se tornou um hit de rádio e é considerado um dos melhores clássicos de culto da Bélgica. Para conhecer melhor o trabalho da banda recomendam-se ainda o EP I’m Falling Apart e o disco de estreia Bastogne, ambos editados em 1981.


 




The Opposition




Para os fãs de bandas como The Cure e The Sound recomenda-se a audição dos trabalhos dos londrinos The Opposition, nomeadamente o disco Breaking The Silence(1981) que marcou a estreia da banda nos registos longa-duração. Os The Opposition formaram-se em 1979, como um trio, tendo lançado inicialmente o single “Very Little Glory” pelo seu selo Double Vision. Depois do disco de estreia a banda começou a ganhar algum renome na cena underground e, até à data, conta com 11 álbuns na discografia.






Lung Overcoat


Os Lung Overcoat formaram-se em 1981, San Antonio – Texas, sob o nome de Platform of Youth por Mark Semmes (ex- The Rejects), Christopher English Smart (Chrysta Bell) e Jeff Decuir (Hyperbubble). Dois anos mais tarde, em 1983, a banda adotou Lung Overcoat como nome referência. Na curta história da banda, que esteve no ativo seis anos, ficaram os EP’s Internal Silence (1983) e Climbing Up The Hill (1986), com o teclista/guitarrista Charles Gruber
Em 1984 tocaram ao vivo no programa Any Man, Any Band o single “The Hill” que, não tendo edição física merece ser escutado, com atenção especial a partir do minuto quatro.

 
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