Cinco Discos, Cinco Críticas #22

Cinco Discos, Cinco Críticas #22

| Janeiro 31, 2017 12:01 am

Cinco Discos, Cinco Críticas #22

| Janeiro 31, 2017 12:01 am

Em mais uma edição do “Cinco Discos, Cinco Críticas” focamo-nos desta feita nos trabalhos por editar de FLeUR e Björn Magnusson, nos recém editados discos de Heaven Pierce Her Alex Chinaskee  e ainda no EP dos The Moonlandingz, que chegou às prateleiras o ano passado. As críticas completas, a ler abaixo.





The Space Between // Bosco Records // fevereiro de 2017
7.5/10



FLeUR é o projeto experimental italiano dos músicos Francesco Lurgo e Enrico Dutto. A sua música é caracterizada pela coesão na junção de diversos elementos eletrónicos produzidos e samples musicais com instrumentos, como o piano e a guitarra. O resultado surge na criação de uma paisagem sonora que junta o mundo abstrato digital a componentes dos movimentos post-rock e dark.
The Space Between é o disco de estreia da dupla, composto por oito músicas, e onde o resultado é difícil de rotular nalgum género musical existente. Há uma atmosfera sombria em cada single e uma profundidade musical que envolve qualquer ouvinte. Temas como “Komishe”, “Last Contact” ou o homónimo “The Space Between”, exploram os sentimentos profundos e escondidos entre os sistemas subconsciente e inconsciente. The Space Between sucede o EP Supernova, Urgent Star(2014), que contou com Fabrizio Modonese Palumbo (Larsen) na guitarra elétrica.
O novo disco dos FLeUR é recomendado aos fãs de Andy Stott e/ou Tim Hecker. e recomendado a ouvir a quem esteja num “relaxed mood”.

Sónia Felizardo

Almost Transparent Blue // Specter Fix Press // fevereiro de 2017
6.0/10



Björn Magnusson lança  a 3 de fevereiro o seu primeiro disco em nome próprio, que receb o nome de Almost Trasparent Blue. O disco é o resultado de anos de tours e gravações sob o nome Great Black Waters, o antigo apelido da sua mistura de rock&roll existencialista e irracional. Depois de dois álbuns, incessantes mudanças de setlists nos concertos e algumas colaborações, Björn Magnusson apresenta agora uma nova coleção de músicas, num registo mais pessoal e folk, em baixa qualidade, a fazer lembrar Tomorrows Tulips e Kevin Morby.
Os temas de Almost Transparent Blue começaram a ser compostos quando Björn Magnusson esteve em New Orleans durante umas semanas e gravou os primeiros protótipos num gravador de cassetes. Estes protótipos foram posteriormente retrabalhados e mixados no estúdio caseiro e analógico do músico suiço.  Almost Transparent Blue é composto assim por dois lados A (mais experimental) e B, contendo um total de 13 canções.
Músicas como “Gone To Church, Feather Dragpies” ou “New Bodies” têm uma atmosfera psicadélica e fazem viajar até à Califórnia onde o moviemento DIY na cena lo-fi é abundante. Almost Transparent Blue é um disco típico para ouvir na Primavera e/ou Outono, pelo seu característico compasso desacelerado que, ao nível do ouvinte, proporciona facilmente sensações nostálgicas. Contudo, como resultado final e essencialmente pela falta prolongada de estímulos enérgicos, Almost Transparent Blue não é um disco suficiente bom para convencer o ouvinte.





Sónia Felizardo


Blak Hanz EP // Transgressive Records // novembro de 2016 
7.0/10

Os The Moonlandingz são um dos mais recentes supergrupos que estão a causar a burburinhos psicadélicos. Formados pelos Eccentronic Research Council e por Saul Adamczewski e Lias Saudi dos Fat White Family, esta colaboração surgiu do álbum Johnny Rocket, Narcissist & Music Machine…I’m Your Biggest Fan dos ERC onde Lias interpretou Johnny Rocket. Este fê-lo de uma forma tão convincente que os músicos acharam que estas personagens deveriam ganhar vida. Em 2015, vimos o primeiro EP sair para as prateleiras, este (Blak Hanz) serve como ponte para o álbum de longa duração que vai ser lançado este ano. Se o primeiro EP funcionou para mostrar umas faixas mais concretas, este serviu para expandir o espectro psicadélico da definição de rock psicadélico. A faixa titular “Black Hanz” funciona como um Ziggy Stardust inverso, um extraterrestre, Johnny Rocket, que comunica com a humanidade através da sua música, uma mensagem narcisista, masoquista e de afastamento da sociedade. Embora não tão eficaz como o primeiro EP, Blak Hanz funciona como o derradeiro aperitivo antes da banda lançar por fim o seu primeiro longa duração.



Hugo Geada




Zen, or the Means Without Ends // self-released // janeiro de 2017 
7.5/10 

No primeiro dia de 2017, o finlandês Heaven Pierce Her estreou o seu projecto musical com Zen, or the Means Without Ends, um disco duplo se apresenta como sendo post-rock mas que se revela uma mistura de inúmeros géneros musicais, faseados, sendo este um dos seus pontos fortes. Com faixas a atingir os vinte e os trinta minutos este disco “brinca” com mestria e coesão com as várias vertentes do rock tornando-se numa viagem a repetir várias vezes. Tomemos como exemplo o tema “Shõgun (Wage Your Wars Against The Very Heavens Themselves)” que inicia num registo drone, passa pelo noise, post-rock e termina como noise ou a faixa homónima ao disco na qual uma fase de stoner se transforma facilmente numa fase post-rock. Zen, or the Means Without Ends certamente não será um dos melhores discos do ano mas não deixa de ser de audição quase obrigatória, devido à sua qualidade inegável à qual se acresce o espanto de pensar que estamos perante uma one man band





Francisco Lobo de Ávila







Trocadinhos ao Pôr-Do-Mi // French Sisters Experience Records // janeiro de 2017 
7.3/10

Alex Chinaskee é o alter ego de Miguel Gomes, que normalmente se apresenta no formato de banda Os Camponeses. O artista lisboeta apresenta-se aqui a solo com Trocadinhos ao Pôr-Do-Mi, um EP gravado inteiramente pelo próprio Miguel Gomes num 8-pistas, e editado via French Sisters Experience Records & Co. O álbum começa com a música que dá o nome a este EP (depois de uma pequena intro), um instrumental que marca a sonoridade para o resto do álbum. “Llama Ama Lama” e “Remédios de Gente” são duas músicas que se destacam neste registo. Duas faixas calmas, com a guitarra acústica do Alex acompanhar a voz reverberada. O que se nota principalmente em “Remédios de Gente”. Se o EP tivesse mais músicas, estas duas eram capazes de serem as melhores. “Tenho a Vista Curva” segue-se na mesma sonoridade das músicas anteriores. Malhas lo-fi de fácil audição, que dariam para ouvir numa tarde chuvosa. 
Trocadinhos ao Pôr-Do-Mi acaba da mesma maneira que começou, uma faixa com barulhos variados por trás, como se fosse a introdução para o silencio. 


Tiago Farinha

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