Riding Pânico em entrevista: “Este é um disco diferente dos outros”

Riding Pânico em entrevista: “Este é um disco diferente dos outros”

| Março 14, 2017 6:50 pm

Riding Pânico em entrevista: “Este é um disco diferente dos outros”

| Março 14, 2017 6:50 pm



Os Riding Pânico preparam-se para editar esta semana o novo álbum de estúdio, Rabo de Cavalo, sucessor de Lady Cobra (2008) e Homem Elefante (2013). A banda, que conta agora na sua formação membros dos PAUS, Quelle Dead Gazelle, Marvel Lima, LAmA e Cruzes Credo, vai apresentar este novo trabalho ao vivo já na próxima quinta-feira, 16 de março, no Musicbox. 

Estivemos à conversa com Fábio Jevelim, Miguel Abelaira e João Nogueira sobre todas estas novidades. 

Threshold Magazine (TM) – Porquê o nome Rabo de Cavalo e o que podemos esperar deste novo trabalho, para quem ainda não ouviu?

Fábio – Escolhemos primeiro os nomes das músicas e depois tentámos escolher o nome do álbum. Surgiram muitos e acabou por ficar este sem uma razão em especial. Achámos piada e talvez se consiga associar mais ao nome dos outros álbuns. Estivemos entre isto e Montanha Russa. Entretanto escolhemos este. 


TM – Preferiram continuar no reino animal (risos). 


João – É um bocado difícil definir o que estivemos a fazer. Está um disco diferente dos outros. O nível de diferença, ou como está diferente, não sabemos dizê-lo. Vamos deixar ao critério de quem nos vai ouvir. 


Fábio – O pessoal quando faz um disco, principalmente em Riding Pânico, acaba por fazê-lo de uma forma despreocupada. Fizemos assim ao longo da nossa carreira. Por isso, quando fazemos as músicas não pensamos muito em conceitos. Fazemos o que nos apetece naquele momento. Esperamos tocar o álbum e mostrar ao pessoal o novo trabalho. 


TM – Eu senti que Rabo de Cavalo é um álbum menos cru, menos agressivo e mais atmosférico e electrónico, na parte dos sintetizadores. Era isso que pretendiam passar?


Fábio – Foi usado menos peso no álbum, menos descargas à Riding Pânico. Estamos em 2017 e as cenas vão passando um bocado, o pessoal deixa de ouvir as mesmas coisas. Começámos a querer fazer coisas diferentes para não ficarmos estagnados no mesmo som O processo de gravação foi diferente neste álbum. Gravámos diretamente, não estivemos na sala de ensaios. Talvez isso tenha influenciado um pouco a maneira das músicas serem.


TM – Vocês fazem parte de tantos projectos – PAUS, Quelle Dead Gazelle, LAmA, Marvel Lima, Cruzes Credo. Porque é que decidiram gravar agora em 2017 este novo álbum?
Fábio – Nós começámos a gravar este álbum em 2015, gravámos três músicas. Retomámos as gravações em 2016 e vamos agora lançá-lo em 2017. Não é uma questão de descanso nem de organização entre as outras bandas. É mesmo a organização da banda e de pessoal. Sofremos uma restruturação e essas coisas levam tempo a organizar, desde o Homem Elefante até aqui. São músicos novos, tens de ensaiar com eles as músicas antigas. Tens de os conhecer a tocar, tens de perceber para onde é que vamos todos juntos. Não é uma forma de descanso, é uma forma de organização e criatividade. 
TM – O que mudou entre 2004 e 2017? Já vimos que a estrutura mudou, a sonoridade também evoluiu. 
Fábio – Eu não fiz parte do Lady Cobra. Nunca gostei de post-rock e quando entrei para a banda, só isso já fez mudar um bocado a fórmula das músicas. 
João – Pessoas diferentes fazem coisas diferentes. Embora haja ali um fio condutor, Riding Panico já teve tantas formações, já tanta gente passou pela banda e todas elas deixaram o seu cunho, todas elas influenciaram o produto final. 
Fábio – É isso, pessoal com influências diferentes, com formas de pensar diferentes. O Miguel entrou agora neste álbum e tem uma maneira completamente diferente de tocar bateria e ouve coisas diferentes. Isto tudo acaba por influenciar o som. 
TM – Sentem-se influenciados pelas novas bandas de rock instrumental portuguesas? Nota-se que nos tempos que correm já se faz um post-rock menos cru e mais calmo, mais técnico.
Miguel – Não nos sentimos influenciados propriamente por essas novas bandas. Somos influenciados um bocado por tudo o que acontece de novo, não só em Portugal, mas na música em geral. Isso é o que nos faz seguir outros caminhos e fugir do pós-rock habitual, que já é um bocado datado.


João – Obviamente que temos influências do que acontece de novo assim como de coisas que descobres com mais de 50 anos, bandas que já nem existem. As influências são essas. Não necessariamente bandas novas que aí andem. 
TM – Falando em concertos, vocês este ano estão a pensar voltar ao Milhões, cumprir a tradição?
Fábio – Geralmente é o único concerto que temos sempre marcado. Vamos lá voltar de certeza, a não ser que aconteça alguma coisa de estranho. 
TM – Vão apresentar Rabo de Cavalo no Musicbox a 16 de março. Têm alguma coisa de especial preparada, alguma surpresa?
Fábio – Se tivessemos uma surpresa não te poderiamos dizer porque é surpresa (risos). A parte especial vai ser tocar as músicas novas. É sempre interessante o pessoal ver o registo novo de uma banda. A surpresa principal para nós vai ser essa, de tocar as músicas ao vivo, já que nunca as ensaiámos. Temos que as aprender a tocar. Vão haver músicas novas misturadas com algumas antigas. 
TM – Já chegaram a tocar ao vivo com a nova formação? 
Miguel – Sim, tocámos no Sabotage, no Milhões. Tocámos sempre em 2016. Até já tocámos duas músicas deste novo álbum. Tocamos no Bons Sons a “Cafe Del Mar” e tocámos a “Rosa Mota” noutros sítios.
TM – Uma coisa que eu reparei neste álbum foi a originalidade nos títulos das faixas. Gostei especialmente da “Terreiro do Espaço”.
Fábio – Essa foi o Shella. Mas o nosso amigo João é que tem sempre bons nomes. 

TM – Tirando o Musicbox e o Milhões, onde é que vos podemos encontrar nos próximos meses?
Fábio – Já temos concertos agendados mas eu nem sei se podemos falar neles (risos), por questões de promotoras. Por enquanto estamos concentrados na apresentação no Musicbox. Fizemos um edição de autor neste disco porque nós apeteceu fazer o disco bilhete. O Homem Elefante oferecemos digitalmente com download gratuito. Este é a nossa forma de analógico gratuito. O pessoal compra bilhete e ainda leva o disco para casa. 
TM – É sempre uma boa ideia de marketing, até consegue chamar mais gente. E para terminar, o que têm ouvido ultimamente?

Miguel – Metal (risos).
Fábio – Tenho ouvido muitas cenas. Mild High Club, uma banda recente que editou o álbum Skiptracing no ano passado. Tenho ouvido cenas antigas tipo Velvet Underground e 13th Floor Elevators. Tenho ouvido Funáná. 
João – Tenho ouvido muita música no Musicbox (risos). Tenho ouvido Adult Jazz e o último disco do LAmA. São as últimas coisas que andaram nos meus phones.

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