Reportagem: Ricardo Remédio + Ricardo Martins + BØDE [Sabotage Club, Lisboa]

Reportagem: Ricardo Remédio + Ricardo Martins + BØDE [Sabotage Club, Lisboa]

| Julho 10, 2017 5:46 pm

Reportagem: Ricardo Remédio + Ricardo Martins + BØDE [Sabotage Club, Lisboa]

| Julho 10, 2017 5:46 pm
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Na passada sexta-feira, 30 de junho, o Sabotage Club recebeu mais uma noite de concertos com a curadoria da Nariz Entupido. Apesar de estarmos mesmo às portas de julho, a noite pelo lados do Cais do Sodré era ventosa e fria.



Chegados à sala de rock por volta das 23h30, já estava em palco BØDE, projeto one-man band de Bøde Rice, que esta noite se apresentou com duas cabeças. O BØDE aventurou-se pel’O Altar das Almas, K7 editada no final do ano passado com o selo da Cabbra Records, mostrando a escuridão e a potência que bem o caracteriza. O drone metal e o doom tão presentes em estúdio dão lugar ao vivo a riffs mais distorcidos e psicadélicos, mas não tão pesados, e a baterial ganha todo um novo destaque com a sua violência e tribalidade. Ao todo foram 30 minutos de caos e satanismo proporcionados pelo BØDE.

Pouco passava da meia noite quando Ricardo Martins chegou ao palco. O mestre da bateria, que já colaborou com inúmero projetos nacionais (Jibóia, Filha da Mãe, Pop Dell’Arte, Adorno, Lobster, Cangarra, Papaya), trouxe na bagagem o seu primeiro projeto a solo, onde ao longo de 2016 revelou digitalmente uma canção por mês, em colaboração com a editora londrina Jeff. Esses meses formam agora o seu primeiro longa duração a editar em 2017. O Sabotage parecia o laboratório de Martins, em que este ia experimentando a sua bateria, gravava sons nos pedais e voltava a inserir uma nova batida na paisagem sonora. Não faltaram também sintetizadores e outros elementos eletrónicos de samplagem. Apesar de “pouco ritmado”, o concerto funcionou quase na base do improviso , explorando aquilo que lhe despontava na mente. Estamos perante um projeto arriscado mas sem dúvida recompensador.


Por fim, já era quase uma da manhã quando Ricardo Remédio entrou em palco acompanhado por João Vairinhos na bateria, algo não habitual nos anteriores concertos que tinha visto do produtor no passado. Ricardo Remédio (LÖBO RA) veio apresentar Natureza Morta, o seu álbum de estreia editado em março pela Regulator Records. Dono de uma sonoridade emocionalmente densa, o concerto dividiu-se entre paisagens mais negras e industriais, influenciadas por Ben Frost e Nine Inch Nails, e explorações sonoras mais calmas provocadas pelos devaneios dos sintetizadores. A bateria, essa, veio dar uma nova intensidade e experimentalismo às performances do artistas, conferindo-lhe o título de melhor atuação da noite.

Reportagem por: Rui Gameiro
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